quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Os rumos do país.


Se a imagem do Brasil lá fora já era ruim, hoje ficou mais suja: os ministros do STF nomeados por Lula e Dilma e vendidos ao petismo, inocentaram da pecha de "quadrilheiros"os corruptos e ladrões mensaleiros, aprisionados por condenação irrefutável.

Com isso terão suas penas reduzidas.

Como disse Charles de Gaulle, isso aqui não é um país sério. Os filhos da puta que governam esse país querem levar o destino desse rico país para o buraco do bolivarianismo.

É uma situação que merece ser pensada, pois conforme disse Joaquim Barbosa, ao final de seu voto:
                                                                   Barbosa critica absolvições e diz que nação tem de estar 'alerta'

 "Temos uma maioria formada sob medida para lançar por terra o trabalho primoroso levado a cabo por esta Corte no segundo semestre de 2012. Isso que acabamos de assistir. Isso que acabamos de assistir. Inventou-se um recurso regimental totalmente à margem da lei com o objetivo específico de anular a reduzir a nada um trabalho que fora feito. Sinto-me autorizado a alertar a nação brasileira de que esse é apenas o primeiro passo. É uma maioria de circunstância que tem todo tempo a seu favor para continuar sua sanha reformadora"esse tribunal de circunstância deu apenas o primeiro passo".

Outras merdas perpetradas pelos comunistas virão.

Temos que seguir o exemplo do povo venezuelano: lutar (no voto)para tirar a quadrilha de seu lugar e colocar lá gente séria!

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Ministra chama Dilma de "presidenta Lula"

A mente dos petralhas anda tão atabalhoada que Dilma está sendo confundida com o Lula.

O inusitado momento foi protagonizado  ministra do Planejamento, Miriam Belchior, que nesta quinta-feira (20) durante a entrevista do anúncio do corte de R$ 44 bilhões no orçamento deste ano, em Brasília,  se confundiu e chamou a presidente Dilma Rousseff de "presidenta Lula".

Ao ser questionada por jornalistas sobre os concursos públicos previstos para este ano, Belchior respondeu: "Já fizemos uma proposta bastante enxuta [de concurso] e espero que ao final do primeiro mandato da presidenta Lula o saldo seja positivo, mesmo atravessando um ano eleitoral que é mais restrito".
 
Em seguida, foi alertada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, que estava ao seu lado na entrevista, e pediu desculpas pelo erro cometido.
 
No evento, Miriam Belchior afirmou também que parte dos recursos previstos para este ano podem atrasar por causa do ano eleitoral. "Só é possível nomear homologados até 5 de julho. Os concursos precisam estar homologados.
Se não, só podem ser contratados até 2015."
 
O governo também anunciou nesta quinta-feira que o objetivo de superávit primário deste ano, que é a economia feita para pagar os juros da dívida pública e evitar o seu aumento, foi fixado em 1,9% do PIB para todo o setor público consolidado (que engloba União, estados, municípios e empresas estatais) – o equivalente a R$ 99 bilhões. O valor ficou abaixo dos 2,1% do PIB anunciados na proposta de orçamento de 2014, divulgada no ano passado.
 
Por meio do decreto de reprogramação orçamentária, o governo também baixou de 3,8% para 2,5% a previsão para o crescimento do PIB que consta no orçamento federal para este ano. Apesar da queda, a expectativa de expansão da economia do governo ainda está acima do que prevê o mercado financeiro para 2014: 1,79% de alta. -O Estado de São Paulo.
 
A última notícia dá conta de um monstruoso corte no orçamento, mas os milhões de dólares para o porto de Mariel em Cuba, garanto que não serão cortados.
 
 
 

sábado, 15 de fevereiro de 2014

O Caminho dos Anjos- 1º e 2º dias


Introdução

Conforme havia planejado ano passado, resolvi junto com os amigos Zenon, Sidney e Mário, percorrer esse interessante e belo " Caminho dos Anjos", que conforme o mapa abaixo mostra, localiza-se na região classificada como Terras Altas da Mantiqueira, região de íngremes e imponentes serras, todas pertencentes ao maciço da Mantiqueira, "serra que chora" na linguagem indígena, nome evidentemente alusivo às inúmeras e majestosas cachoeiras espalhadas pelas diversas cidades de caminho.

O caminho desliza por belíssimos trechos da Mantiqueira e tal é sua característica montanhosa, que a atividade básica é a pecuária de leite, onde deliciosos e famosos queijos são produzidos.
Para melhor informação sobre essa atividade recomendo assistir ao vídeo do Globo Rural no link O segredo do queijo da Mantiqueira.Em Alagoa saboreamos um fino parmesão, tipo exportação.
A região faz parte do Caminho Velho da Estrada Real e por muitos pontos do caminho pode-se ver os imponentes totens demarcativos do caminho real.
Mapa do Caminho dos Anjos
A viagem começou em Vitória dia 10 de janeiro no avião da Gol até o Santos Dumont no Rio de Janeiro e sem muita perda de tempo fui até a rodoviária Novo Rio, onde tomei o ônibus das 10.30 h da Viação Cidade do Aço até Cruzeiro, chegando às 13 h.
O intenso calor me obrigou a adentrar uma farmácia para comprar umas pastilhas para garganta e ficar ali um bom tempo no ar condicionado para me refrescar. Logo depois me dirigi a um restaurante nas proximidades . O ônibus para Passa Quatro saiu ás 14.30 h.

Uns poucos minutos depois comecei a avistar os imponentes picos da Mantiqueira, onde estão os limites geográficos entre São Paulo e Minas Gerais.

Aí nesta fronteira, na Garganta do Embaú (local por onde passou Fernão Dias Paes Leme e sua expedição) está localizado o lendário túnel ferroviário, com mais ou menos 1000 m de extensão, por onde passaram as tropas mineiras rumo a São Paulo, na revolução de 32. O nome da cidade advêm do fato dos bandeirantes terem cruzado por quatro vezes o rio que mais tarde levou o justo nome de Passa Quatro e faz parte da bacia do Rio Grande.

Passa Quatro, cidade equidistante dos dois maiores centros geradores de demanda turística no Brasil, Rio e São Paulo, vem se firmando como interessante polo de atração para o ecoturismo e turismo rural, haja vista a quantidade de pousadas que aí se instalou nos últimos anos.
Apesar de não ser a cidade brasileira situada em altitude mais elevada, o município encontra-se entre as regiões mais altas do país, onde encontra-se o quinto pico mais alto do Brasil, a Pedra da Mina com 2.798 m localizada na Serra Fina, que faz parte do maciço da Mantiqueira.

Cheguei à cidade apeando do ônibus no local chamado Cibrazem e a imediatamente fui caminhando por uns 500 m entre a rodovia e a Pousada Tia Ana, bucólico lugar localizada no distrito  Pinheirinho a 2,5 km antes da cidade. Fui bem recebido pelo proprietário que me direcionou ao quarto onde ficaríamos hospedados naquela noite.
Mais tarde, cerca de 15 horas, chegaram os outros membros da expedição, acrescidos da Hélia e da Claudia que nos acompanhariam pelos dois primeiros dias.Enquanto esperava pelos colegas, fiz umas fotos do local e tomei um bom banho de piscina, afugentando o forte calor.

Ali na pousada pudemos observar a fauna e flora local, onde despontam as imensas árvores e belas hortênsias da foto  espalhadas pelo fundo da propriedade. Dali para frente há uma interessante trilha, de uns poucos quilômetros morro acima.
                                         
depois do banho fomos para a  cidade  jantar e reconhecimento do local de saída no dia seguinte.
Fizemos um happy hour num boteco ao lado de uma bem sortida loja de artigos esportivos para ciclismo e treking, esportes favoritos da rapaziada da região, assim como os aficionados paulistas e cariocas, que para lá acorrem aos bandos, segundo Alessandro o dono. Na foto um belo exemplar restaurado de uma Goricke,anos 40, exposto na loja de bikes.

Para o jantar escolhemos o excelente restaurante Bella Napoli onde saborearmos excelente massa italiana acompanhada de um bom tinto.

Voltamos á pousada para dormir e nos prepararmos para o Caminho.

1º dia- Passa Quatro a Itamonte


Acordamos cedo esperando pelo desjejum, uma vez que o proprietário não se conformava em ter que fazer o café tão cedo apesar dos nossos pedidos. Alegou ter que ir à cidade pegar o pão. Contra-alegamos ter que caminhar cedo por causa do sol quente e afinal ele foi vencido servindo-nos às 6 horas as frutas e o pão de forma da véspera. mas de todo o café esteve razoável.

Ao final não nos demos muito bem com o proprietário, de cara um tanto amarrada e sem aquela simpatia que é tão característica dos hospedeiros de Minas.

                                 
Saímos da pousada caminhando até o ponto inicial do caminho, em frente ao Albergue Harpia, onde fizemos a foto oficial e pusemos-nos a caminho, pela tranquilas e planas ruas da cidadela até alcançarmos o trevo da rodovia MG 158, cruzando-o perto de um restaurante, rumo ao FLONAS- Florestas Nacionais, parque gerenciado pelo IBAMA.


Por uns quatro km caminhamos pela estradinha asfaltada até o km 6 onde derivamos à esquerda, começando uma estrada rural de terra batida e em forte ascensão, com visão do maciço da Serra Fina ao fundo.
Nesse ponto, com a minha mochila pesando pouco mais de seis kg, lembrei-me do problema do Caminho da Fé 3 anos antes e que devido ao peso  tive sério problema na coluna lombar. Arrependido de não ter tomado um táxi para levar todas as mochilas, voltei ao asfalto para pegar um ônibus.
Os demais colegas seguiram em frente e eu fui de ônibus até Itanhandu e depois até Itamonte.
 Neste trecho, relataram, puderam apreciar a bela paisagem da serra e aproveitaram ainda para fazer  belas fotos  e  desfrutarem de muitos  banhos nas numerosas corredeiras.
Itamonte é um município que possui 83% de sua área em reservas naturais, compreendendo ainda 60% de toda a área do Parque Nacional de Itatiaia.
Grande parte do Parque Estadual da Serra do Papagaio está em sua jurisdição. 

Cheguei na rodoviária da cidade pouco depois das 14 horas e no caminho aproveitei o momento para umas preces na Igreja de São José. 

Após me informar com um taxista, fui a pé ate a Pousada Recanto dos Lagos onde havia feito reserva. Localizada a uns quatro km direção leste,cheguei ao local por uma estradinha cheia de buracos e atravessando um curral onde umas vacas leiteiras se abrigavam do sol debaixo de árvores frondosas. Pelo lado direito vários lagos de criação de peixes faziam jus ao nome da pousada. Um imenso lago logo apareceu em frente ao restaurante do Espanhol.


Lá fui recebido com muita cordialidade por Nancy, alegre hospitaleira e esposa de Dom Miguel, um raçudo espanhol, de excelente papo.

Logo me dirigi aos aposentos reservados  acima do lago, com maravilhosa vista para os picos da Mantiqueira.



Almocei uma excelente comida típica mineira, saboreando antes uma autentica cachaça da terra e uma geladíssima cerveja. Já eram 16 h quando os colegas chegaram, cansados pela dureza das subidas da serra e esgotados pelo excessivo calor. Logo se arrumaram no restaurante para degustar, segundo a Claudia, uma  finíssima truta assada com arroz e batatas.
                                  
Após o banho e devidamente instalados, ficamos proseando com os proprietários Nancy e Miguel, este um exímio conhecedor dos meandros políticos espanhóis e de passagem em vários países.Não entramos em acordo sobre o papel do socialismo, e minha ferrenha defesa do governo Tatcher na Inglaterra, levou-o ao final, dizer que também a admirava. Ficamos amigos e me presenteou com um exemplar do livro guia de cicloturismo na Mantiqueira, onde o autor esmiuçou as montanhas mineiras pedalando naqueles rincões.
O sono foi tranquilo, embalado pelo canto dos grilos, sapos e pererecas da beira do lago e o despertar foi antes do raiar do dia, por um bando de canários da terra. Melhor começo impossível.

2º dia- Itamonte ao Sítio Moana


Logo pela manhã tivemos a notícia que Nancy, apesar de todos esforços, não conseguira contato com a pessoa encarregada de nos recepcionar neste dia, fato desagradável que nos deixou frustados, pois não havia como  dormir no Sitio Moana. De quebra não havia lugar algum para as refeições.

As hospitaleiras do local tinham viajado para o México e a mulher contratada não apareceu. Assim resolvemos caminhar como se fosse o caminho normal até lá, saindo da cidade pela estrada asfaltada que liga Itamonte a Alagoa. 
Qualquer que seja o destino que o andarilho tomar, estará sempre em direção a altos picos e vales profundos.

Belas paisagens avistamos, sempre subindo em direção á enorme serra á frente. Nosso plano foi caminhar até lá e voltar de taxi ao Recanto dos Lagos, para dormir outra noite, uma vez que a distancia direta de Itamonte a Alagoa era impraticável debaixo do sol forte que se prenunciava.
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No meio do caminho paramos no lugarejo denominado Buraco, onde descansamos e degustamos  refrescos e geladas cervejas,

Conversamos com os locais sobre  amenidades, coisas do lugar e as condições do tempo- muito quente e faltando chuvas segundo eles-.  Ali naquele pequeno lugarejo, o serviço de delivery do leite ainda é feito por mulas bem adestradas


Chegamos ao Sítio Moana, local de nossa frustrada hospedagem do dia, prosseguindo ainda uns 500 m até o próximo boteco situado no distrito de Cachoeirinha , para esperar os dois taxis, que de fato não demoraram muito.
               

Enquanto não chegavam, fomos apreciando a paisagem( deslumbrante) da incrível Serra do Garrafão, tomando uma cerveja e ouvindo o papo de uns montanheses, que numa mesa ao lado e já evidenciando um certa embriagues, contavam causos mineiros, com aquele típico sotaque.    

Voltamos para Itamonte onde realmente descansamos para a grande caminhada do dia seguinte.
À noite tivemos a grata satisfação de compartilhar um jantar muito especial preparado pela Nancy: uma paella de coelho, acompanhada de umas cervejas (sempre elas para amenizar o calor, claro!).
Claudia e Hélia tomaram um taxi e foram para Cruzeiro pegar o ônibus de volta a São Paulo.                          

                                    

Novamente tivemos um sono reparador devidamente embalado pelos característicos sons rurais e uns enjoados pernilongos, que nem a poder de repelentes sossegaram. Só matando!Aí dormi.

Fim do segundo dia.






Caminho dos Anjos-3º dia

Conforme nosso entendimento, nesse dia seguimos de taxi até o ponto onde encerramos a caminhada do dia anterior.
  


O bom café da Nancy( na foto junto aos quatro mosqueteiros) foi servido ás 6.30 horas e ainda permitiu que fizéssemos alguns sanduíches e frutas para o percurso até Alagoa. O taxista Samuel chegou pontualmente no horário combinado e assim embarcamos no seu Fiat Uno até o alto da Serra do Garrafão, que abriga o Pico de Santo Agostinho/Garrafão, no Parque Estadual, com 2.450 m (ao lado). 



Percorremos o mesmo caminho do dia anterior, agora admirando as verdes pastagens e a incrível altura das montanhas à frente, que fazem parte do maciço do Parque Estadual da Serra do Papagaio.

Passamos pelo distrito de Cachoeirinha e depois de forte subida de uns 6 km de péssimo asfalto,chegamos ao ponto máximo daquele trecho- 1850 m no altímetro do Zenon- onde apeamos do carro e começamos de fato a longa jornada até Alagoa, agora descortinando um dos mais belos cenários que já ví.O taxista tomou o rumo da direita e nós tomamos o rumo à esquerda, indicado pela planilha.



A longa descida, debaixo de forte sol, foi amenizada pela presença constante da mata nativa, permitindo-nos um caminhar sem tanto esforço. O cenário seguia espetacular!


Já passava das 10.30 horas, sem encontrar uma vivalma sequer, ou mesmo habitações rurais e a fome já aumentando, adentramos o lugarejo chamado Engenho, que nada mais é que uma fazenda com uma boa moradia e uma venda. 
Ali paramos para descanso, hidratação e comer os sanduíches que trouxemos, pois as bananas as comemos pelo caminho.

Apareceu Fernanda, simpática mocinha que nos atendeu, com cerveja e um excelente queijo de fabricação local. Ainda comemos umas latas de sardinha com azeitonas.  Aquilo foi um verdadeiro almoço e assim revigorados prosseguimos debaixo do sol inclemente, na estrada de terra batida e poeirenta rumo a Alagoa. Fotografei essa simples igrejinha que passou sem sabermos qual seu padroeiro(a).

Caminho duro e cansativo, sol forte e ainda bom pedaço pela frente, estávamos ansiosos por um bom banho de riacho, quando a chance apareceu.Não vacilamos a caimos nágua.
Com esse refresco retomamos o caminho agora já mais perto do final . O caminho foi penoso, mas chegamos á cidadezinha às 15.30h, sempre com muito calor!


Alagoa é uma diminuta cidade com pouco mais de 2000 habitantes e que tem como atividade básica a pecuária leiteira, sendo seu produto principal a fabricação de queijos.
O parmesão é nacionalmente conhecido. Possui dois pequenos supermercado e dois bancos postais, (BB e Itaú).
Possui grande potencial turístico para eco aventuras e treking rural, aproveitando suas majestosas cachoeiras e imponentes montanhas.
                                                          
Fomos direto para a pousada Flores da Mantiqueira, sendo excepcionalmente bem recebidos por "Guela", simpática proprietária(a sua própria residencia) que nos brindou com excelente pouso, em camas largas, confortáveis e banheiros de muito boa qualidade que nos proporcionaram refrescante banho.
Da janela do quarto fotografei o imponente Mitra do Bispo (acima) que ao lado do Pico do Santo Agostinho e o do Chorão, fazem o lugar ser bastante procurado pelos turistas.

Saímos depois do banho para comprar uns remédios, pegar dinheiro no banco e esperar o jantar, encomendado por Guela, no restaurante em frente. Realizado o repasto, depois de umas geladas, voltamos para a pousada para o merecido descanso. Ficamos ali um tempo conversando com seu marido e duas simpáticas mocinhas e lá pelas 21 horas fomos dormir.

Fim do terceiro dia.




Caminho dos anjos - 4º dia

Começamos o 4º dia bem cedo com um suave  toque do despertador do celular, que  marcava 5.30 h. Olhei pela janela e vislumbrei pelas frestas um breu montanhês total.
Logo o Zenon se agitou na cama ao lado e num instante já estávamos de pé, pois havíamos combinado sair antes do dia clarear para esse percurso de 25 km.Mário e Sidão, que dormiram no quarto ao lado já estavam igualmente  de pé e com as mochilas arrumadas. Elas seriam levadas pelo taxista que Guela contratou.

Ela já estava de pé, com o café e demais iguarias no ponto. Na noite anterior tínhamos comprado no bar em frente umas iguarias para nosso repasto no meio do caminho e assim, terminado o café, despedimos de Guela e seu marido, agradecendo pela generosa e ótima hospedagem e saímos pelas mal iluminadas ruas da cidadezinha, deixando no ar, um "outro dia volto" para conhecer suas incríveis e famosas cachoeiras.
  
Eram 6 h quando descemos a rua atravessando uma pequena ponte, caminhando por entre as esparsas casas da cidadela.
Aqui e ali, com os cachorros de sempre latindo muito, ganhamos rapidamente a estradinha de terra cercada de muita mata. As vacas  e seus bezerros mugiam reclamando a presença um do outro.
Os raios do sol apenas despontavam. Caminhamos uns 2.500 m na direção da Cachoeira do Ouro Fala, nome esquisito para uma pequena queda d'água que, certamente terá sido  importante em outros tempos.

Ouso dizer que este foi o trecho de mais belo visual em todo o caminho( ao lado da descida da Serra do Garrafão), pois caminhamos em meio a densa mata verde, sempre ponteando aqui e ali, pequenas propriedades rurais, casinhas típicas e animais de pasto sem no entanto, encontrarmos pessoa alguma.



Somente aos quatro quilômetros nos deparamos com uma pequena fazendola com uma meia duzia de vacas mestiças recém ordenhadas e que estavam ali ruminando seu capim meloso enquanto o retireiro terminava seus afazeres, meio escondido pelas velhas tábuas de um carcomido estábulo.


Aos 6 km cruzamos um pequeno lago á direita e uma singela capelinha, onde uma seta verde indicava uma trilha plana, com passagem por três porteiras. 


Ali na última paramos um pouco, debaixo de umas árvores frondosas e de boa sombra para Sidão se deitar e aliviar de uma dor nas costas. Ficamos uns 10 minutos descansando e contemplando o belíssimo visual atrás, proporcionado pela imponente serra dos "Nogueira", viemos a saber depois.  

Dois km à frente, uma encruzilhada nos sugeria "quebrar" a esquerda para visitar um ermo bar na beira da estrada, o Bar do Tamanduá conforme uns matutos postados no caminho nos falaram. Fomos até lá para descanso e a essa hora do dia -sol forte e calor danado- tomar uma geladíssima cerveja era o máximo.                                  
No  descanso ali improvisado avistamos a Serra do Charco à direita e a dos Nogueira, à esquerda.Na frente o majestoso Pico do Papagaio, serra essa que haveríamos de contornar nos próximos dois dias. Ele nunca saiu de nossa visão. Um deles disse depois que toda aquela beleza de serra era de fato a Mantiqueira! Nogueira coisa nenhuma!
                                              
Um dos figuras ali presente, com chapéu de vaqueiro de abas largas, tomava uma meiota acompanhado de um digamos, providencial e prazeroso queijo minas "meia cura". Saborosíssimo como todos que na região, provamos a metade de um. Aliás, para um autentico mineiro, tomar cerveja e cachaça da boa, merece um queijo meio curado e uns torresminhos!

Realizadas as fotos tradicionais, algumas feitas pelo dono o Tamanduá, voltamos uns 200 m, virando á esquerda para novamente pegarmos uma trilha, passando mata burros e porteiras e ainda isolados e pobres retiros de leite, onde fotografamos esses pessoal na sua lide diária de ordenha.                             
Nesse ponto, com 14 km já percorridos, atravessamos em forte subida, bela mata com vários bandos de maritacas cruzando os céus. 
Também era esperado encontrá-las, pois muitos milharais estavam no ponto de ensilagem e colheita e nesse estágio era mesmo para elas se fartarem.
Perto das onze horas, em forte inclinação, uma encruzilhada mandava ir á esquerda e uns 500 m depois uma plaquinha indicava Guapiara, uma simples "corrutela"                                                         
Falei para os colegas irem na frente que eu queria fotografar sua velha igrejinha de Santa Ana, conforme sugerira o marido de Guela. Saí do caminho por uns 600 m até chegar a esse lugarejo: uma casa, uma igrejinha, uma escola rural e mais nada. Apenas um solitário cachorro me saudou e um grande lagarto teiú cruzou depressa minha frente, não deu nem tempo de armar a câmera. Ninguém à vista!
                                                          
Voltei ao caminho e os colegas estavam bem avante.
Tirar uma diferença de 1.200 m demora, mas alcancei-os. O sol estava abrasador, mas continuamos engolindo aquele pó, agora da estrada batida, depois de atravessarmos uma ponte de concreto, e .... enfim tomar um belíssimo banho no rio.


Após esse providencial refresco encaramos uma forte subida de 1.500 m e sem chuva na região, o pó estava com uns 10 cm  de altura .A cada carro que passava era um tormento. Atravessamos uma outra ponte, dita perigosa, por caber apenas um veículo e ainda com um pouco se sombra subimos e descemos mais 4,5 km até chegarmos ao alto e adentrarmos a Estalagem do Mirante, pois estávamos sedentos, cansados  e famintos.
                                   
O relógio marcava 12.30. Logo que chegamos fomos recepcionados por Edi, esposa de Gilberto. Fizemos nossa apresentação, pedimos para encher nossos cantis e descansar um pouco na sombra. Prontamente fomos atendidos e ali fizemos essa parada estratégica. Olhamos para a esquerda e lá estava Aiuruoca, a 5 km de distancia. O visual daquele ponto é muito bonito.
                       
Perguntamos ao Gilberto se ele poderia telefonar para algum restaurante conhecido e solicitar que nos esperasse para o almoço. Ela, depois de pensar um pouco, disse que faria comida para nós- coisa rápida- pois se tivéssemos avisado, ela teria nos esperado com o rango pronto.
Aquiescemos, tomamos cerveja e meia hora depois estávamos batendo os garfos no prato com uma saborosa comida, servida mesmo no fogão a lenha. Almoço de marajá!!

Essa pousada normalmente é o pouso dos andarilhos, mas nós preferimos ir direto a Aiuruoca para amenizar a dureza do caminho do dia seguinte. Ao longe uma convidativa cachoeira nos chamava para quiçá, um banho refrescante!                  

Findo o almoço, pegamos a estrada com o tradicional sol de rachar cano e pouca sombra. Descemos bastante até chegarmos a um aprazível local de lazer chamado "Pocinho" onde o rio esparrama-se ao largo e várias pessoas lá estavam se refrescando.
                                   
Fizemos as fotos e continuamos o caminho, cada vez mais penoso e em ascenso.  Com três km de terra e pó começou o calçamento da cidade e nós subindo, até o topo onde de fato era o inicio da cidade.
Fizemos um trajeto diferente do da planilha, pois Gilberto nos ensinou esse atalho para chegarmos com mais rapidez á Pousada Flores da Mantiqueira, de propriedade de D. Maria Amélia. Eram 3 h da tarde.
A pousada, á primeira vista,não era bem o que um andarilho cansado e ansioso deseja. Erro meu que escolhi, mas não tinha outro jeito e ali ficamos, na verdade mal alojados. Não vou enumerar as condições do local, só de dizer que "não dá", o leitor compreenderá.
Lavei minhas camisas, meias e a bermuda num tanque inadequado, e coloquei para secar no varal ao lado. O sol era tanto que menos de meia hora depois estavam secas. Tomamos banho e fomos  comer algo. Descemos forte ladeira calçada em pedra para chegarmos ao centro onde estão as casas principais, prefeitura, etc,  e uma imponente matriz desponta.
                                 
Fomos direto a uma lanchonete ao lado da igreja e entornamos logo 4 garrafas de 1,5 litro de pura água . Isso mesmo:ÁGUA. Nunca o calor esteve tão forte como nesse dia!!
Ficamos ali jogando conversa fora com o proprietário e aproveitei para fotografar a Igreja e uns casarões da cidadela, que de característico um deles tinha afixado em suas paredes interessantes painéis.

                        
                                  



Pouco depois apareceu um motoqueiro de trilhas, de nome Claudio, que nos explicou um atalho para chegarmos á Cachoeira dos Garcias, local onde pernoitaríamos na noite seguinte  e que tem a característica de estar bem nas alturas e não possuir energia elétrica.

Anotei todas suas informações,  tendo ele nos garantido que seria mais rápido e não pegaríamos a íngreme e longa subida de asfalto demarcada na planilha original.

Depois da água, compramos sanduíches para o dia seguinte.  Mário e Sidão retornaram à pousada e eu e Zenon ficamos num barzinho ao lado, conversando com um casal de paulistas que fazia a estrada real de carro e que estavam maravilhados com a beleza da região.

Aiuruoca, que em tupi guarani quer dizer "casa do papagaio", está a 1000 (990) m de altitude e possui pouco mais de 6 mil habitantes, tendo sido desbravada em 1692 pelo padre João faria Fialho, capelão de uns bandeirantes que ali aportaram.

No livro: Primeiros descobridores das Minas do Ouro da Capitania de Minas Gerais, está escrito que: " assim se denominou um descobrimento ao sul das minas de São João de El Rei, por alusão a um penedo cheio de orifícios, em que se aninhavam e se reproduziam bandos de papagaios. Trata-se inequivocamente, do nosso Pico dos Papagaios, nosso símbolo maior, nosso guardião intemporal. Aí está, belíssimo relato sertanista, que trata com detalhes a primeira vez que se teve noticia das terras de Aiuruoca: A-Juru-oka".

Voltamos mais tarde para a pousada. Dormimos mal acomodados, sendo que Sidão e Zenon dormiram do lado de fora. O calor e cheiro de mofo arrasou conosco, principalmente o Sidão, que resolveu não caminhar no dia seguinte.

Havíamos na véspera telefonado para Juninho, hospitaleiro da Cachoeira dos Garcias, para apanhar nossa mochilas e levar até a pousada. 

Fim do quarto dia.

  

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