terça-feira, 30 de abril de 2013

Um passeio pela história de Minas: Santa Barbara e Catas Altas

Depois de algum tempo raciocinando sobre a paisagem mineira e tendo escolhido previamente a região central do Estado, palco centenário de conquistas e lutas, pensei em fazer uma incursão pela região conhecida como 'Região das Riquesas", compreendendo as cidades de Barão de Cocais, Cocais, Bom Jesus do Amparo, Catas Altas, e Santa Barbara. Meus planos previam um caminho de cerca de 110 km começando em B.Jesus do Amparo.Alguns contratempos impediram essa programação e fiz apenas o trecho Santa Barbara a Cartas Altas.
Peguei o ônibus de BH até Santa Barbara na certeza de que iria capturar o melhor da alma mineira, seus usos e costumes arraigadamente interioranos e sua arquitetura típica dos anos 1700.
O tempo estava favorável, conforme informou o Climatempo, para as andanças por esta região compreendida entre os altos picos da Serra do Espinhaço.
Quando aluno do curso ginasial,tomei gosto, dentre outras matérias, pela geografia e história. A História era dividida em História Geral e História do Brasil. Muito daquilo que aprendi naquela época ainda trago guardado na memória.
No que toca á Geografia, sempre tive facilidade para decorar os nomes dos "acidentes geográficos"que eram sistematicamente explorados pelos livros de outrora. Por exemplo, os rios que cortam o Estado de Minas, seus afluentes da margem esquerda e da direita, as serras e cordilheiras existentes, as cadeias de montanhas do Brasil, os rios mais longos, as montanhas mais altas, etc.
Disso ficou uma vontade embutida de conhecer um ou outro em algum momento da vida.
Agora, dentre as inúmeras que existem, era a vez da Serra do Espinhaço, cadeia de montanhas que se entende do Estado de Minas até a Bahia, e cujo nome foi dado pelo alemão Wilhelm Ludwig von Escheweg no século XVX.
Meu projeto então resumiu-se numa caminhada entre Santa Bárbara e Catas Altas, importantes cidades no contexto da história de Minas, que fazem parte do Circuito do Ouro de MG  que, na verdade, é o caminho que foi desbravado pelos bandeirantes, às margens do Rio das Velhas, afluente da margem direita do São Francisco
Como disse, peguei o ônibus da Pássaro Verde para uma viagem de pouco mais de duas horas pela BR 381 até pegar o trevo para Santa Barbara, Barão de Cocais e Catas Altas. Da janela do ônibus pude fotografar o esplendor da Serra.
A Serra do Caraça possui sete picos: Pico do Sol (o mais alto da cadeia do Espinhaço, 2072 m), o Pico do Inficionado (2068 m), o Pico do Carapuça (1955 m), o pico da Canjerana (1890 m), Pico da Conceição (1800 m),Pico Três Irmãos (1675 m) e o Pico da Verruguinha (1650 m)
O trajeto proporciona belas paisagens do maciço montanhoso e passa pelo trevo que dá acesso a Cocais, antigo distrito de Barão de Cocais e que hoje  parece meio perdido no tempo.
Antes de Santa Barbara o ônibus entrou em Barão de Cocais para embarque e desembarque de passageiros. Até chegar a Santa Barbara ao cenário era esse:
Cheguei por volta das 16 horas percorrendo uma paisagem de esverdeadas matas,com o ônibus serpenteando pelas curvas fechadas e apesar do grande movimento da BR 381,transcorreu com absoluta tranquilidade. A rodovia BR 381 será duplicada, conforme informações dos jornais e a abertura do processo de licitação será em 5 de junho próximo.
Chegando ao final, desci do ônibus apreciando o movimento de carros e pessoas, intenso para os padrões da cidadezinha, indo direto à procura de uma hospedagem. Optei pelo excelente Hotel Athens, localizado no centro, numa ruazinha inclinada e afastada do burburinho do transito.
Deixei a mochila no quarto e fui fazer umas fotos do centro histórico de Santa Barbara
                                                                   Capela de N S do Rosário
                                                        Matriz de Santo Antonio


Para minha surpresa vi inúmeros casarões muito bem conservados e restaurados e ainda  as belas Igreja de Santo Antônio- uma das mais belas setecentistas de Minas Gerais- erigida em 1724 e a Capela de Nossa Senhora do Rosário dos Negros, também setecentista.
Outra edificação digna de nota refere-se ao Memorial Afonso Pena  importante político mineiro que foi Presidente do Brasil entre 15 de novembro de 1906 e 14 de junho de 1909.
Fui conhecer esse interessante museu devidamente guiado pela atendente que gentilmente, avançou seu horário de trabalho para me apresentar esse importante lado da história.
No museu pude conhecer parte dessa história, rica em detalhes políticos e plena de detalhes desconhecidos certamente pela maioria dos brasileiros.
No pátio anexo ao memorial, acha-se o mausoléu de Afonso Pena, construído segundo sua vontade e constituído de uma cripta em mármore, uma estátua de uma mulher debruçada sobre seu túmulo simbolizando a republica a chorar sua morte.

Ao lado um espelho d'água destinado a refletir a bandeira nacional desenhada no teto da cripta e ainda uma laranjeira plantada para que os sabiás pudessem pousar e cantar, segundo a vontade do político.
Ao início da noite me dirigi ao restaurante UAI para degustar uma apetitosa janta, regada com um "merlot" devidamente adquirido no supermercado ao lado.
Voltei ao hotel para descansar e esperar o jogo Brasil x Chile, que afinal não vi nada pois dormi mesmo um sono dos justos.Sem barulho e com a temperatura caindo rapidamente, usei os cobertores funcionaram disponíveis.
Acordei às seis horas e num rápido olhar pela fresta da janela ví que estava  ainda escuro. Abri as cortinas e para minha surpresa estava chovendo, inviabilizando minha caminhada recentemente programada, uma vez que não fui preparado para enfrentar aquela água que caia e ainda por cima estava um frio cortante.

Após um banho quente, fui tomar o café esperando pelo fim da chuva para poder pegar a Estrada Real rumo a Catas Altas. Ás oito e trinta me dirigi á rodoviária para pegar o ônibus pois a  chuva não parou e ainda deu uma engrossada. Comprei uma capa de chuva, fiz outras fotos, tomei meu assento e o ônibus saiu naquele vagar característico das conduções do interior, pegando um passageiro aqui, outro alí.
Sempre atento eu observava as imagens proporcionadas pela majestosa Serra do Caraça, que abriga o Parque Nacional da Serra do Caraça, onde encontra-se o Santuário do Caraça e seu antigo colégio, local que  formou gerações de grandes nomes da política mineira como Artur Bernardes, Afonso Pena e Tancredo Neves.
Cheguei a Catas Altas por volta de 9.30h com muito frio, uma chuva fina e vento cortante.Fiquei surpreso com a informação de que alí não havia terminal rodoviário e o motorista me disse para descer ali mesmo, ao lado da Matriz. Peguei a mochila e me ví na grande praça, calçada com pedras pé de moleque e cercada de casas antigas, a maioria restaurada e bem conservada. No adro da igreja uns nordestinos se abrigavam da chuva, guardando suas colchas e redes.
Fiz várias fotos admirando o casario centenário do entorno da praça com sua imponente igreja de N S da Conceição.
Ao fundo a imponente Serra do Caraça, encoberta pelas negras nuvens de chuva.








Me esqueci do horário e perdi o ônibus de volta para Santa Barbara, unica maneira do retorno a BH.
O jeito foi ir para a saída da cidade conseguir uma carona, coisa fácil, dadas as características dos hospitaleiros catas altenses.
Cheguei à Santa barbara por volta de 14 horas, a tempo de pegar o ônibus para BH, na certeza que voltarei para fazer a pé esse interessante roteiro da Estrada Real.

domingo, 14 de abril de 2013

Um trecho dos "Passos de Anchieta"- 24 km

Neste sábado, junto a alguns amigos, fui fazer um percurso - de Setiba a Meaípe- que é parte do caminho denominado "Passos dos Anchieta", interessante passeio pelo litoral capixaba.
Trata-se de um caminho promovido pela ABRAPA, Associação Brasileira dos Amigos dos Passos de Anchieta sendo um roteiro que reconstitui a trilha presumivelmente percorrida pelo jesuíta José de Anchieta nos seus deslocamentos pela Vila de Regitiba, atual cidade de Anchieta, para a Vila de N.Sª da Vitória, onde cuidava do Colégio de São Tiago( atual Palácio Anchieta), em caminhadas quinzenais que ele empreendia nos últimos anos de sua vida, quando preferiu recolher-se á vila indígena, nas costas do Espírito Santo,local que tanto lhe lembrava sua San Cristóbal de Laguna, em Tenerife, nas Ilhas Canárias onde nasceu.
Para saber mais sobre este interessante percurso clique aqui
Depois de me alimentar adequadamente em casa,com um reforçado café da manha,saímos de Vitória por volta das 6 horas para chegarmos em Setiba perto das 7.15h. Ali, no bar do Alemão, alguns andarilhos fizeram um rápido lanche aproveitando a calmaria e ausência de banhistas, coisa que fatalmente iria acontecer, pois o dia claro e ensolarado prometia  bela praia.
Saímos caminhando pela imensa praia de Setiba, de águas calmas e esverdeadas convidativas para um banho precoce.
Nessa época de pouquíssimos banhistas pode-se apreciar com calma as belezas naturais do local, onde a visão somente se perturba por um ou outro curso d´'água mais sujo, que deságua na praia. Abaixo o centro de Guarapari visto desde  Setiba e o final desta praia
Seguindo o percurso, sempre caminhando na areia, passamos pela também grande praia de Santa Mônica  com seus  barcos e carcaças em destaque


Continuando o roteiro, cruzamos Perocão- agitada vila de pescadores,local de forte comercio de peixes- com seu canal e a bela prainha do Boião.

A partir desse trecho, o caminho segue uma trilha de mata entre as pedras costeiras, que não oferecem perigo se transpostas com cuidado. Dali avistamos as belas praias que compões as "Tres Praias", local dos mais belos do litoral capixaba.








O sol forte fez com que caminhássemos devagar e ao chegarmos à Aldeia, local de rara beleza e ricas mansões, paramos para lanche, descanso e hidratação.Pudemos apreciar belas embarcações ancoradas ao largo e o esmero e cuidados com as belas casas, nesta época desertas e sossegadas.





 Findo esse trecho, mais um lance de pedras para ser vencido e rápida chegada à praia do Morro, local de grande afluência de turistas que, no verão chega a receber dezenas de milhares de banhistas.O belo estilo arquitetônico do Hotel Porto do Sol se destaca



 Atravessamos a Praia do Morro em largas passadas, observando o pouco número de banhistas, contrastando com o impressionante afluxo por ocasião do verão, cruzando mais á frente, o canal da entrada de Guarapari, que abriga muitas de peixarias e dezenas de embarcações  nas proximidades do mercado de peixes. No verão é um local de frenético movimento.
Fugindo do sol forte e já pensando na chegada, passamos pelas praias; Virtudes, Namorados, Castanheiras, Areia Preta até a Praia do Riacho, donde se pode  avistar a Enseada Azul. Esse trecho de reta tem 5 km, que parecem nunca se acabar.
Na Praia do Ipiranga, de ondas fortes e brava arrebentação, um pescador solitário conversava consigo mesmo, quem sabe perguntando aos peixes se algum deles iria se atrever a morder sua isca.
Calor forte, cansaço que chegava, a reta que nunca se acabava, chegamos à Praia de Peracanga, local de belas casas e  de águas tranquilas.
                                        
                                Seguidas de Guaibura e Bacutia, esta o point máximo no verão.


Mais um pouco, subindo pela Pousada do Corsário, chegamos ás 13.25h ao nosso destino: Praia de Meaípe, enseada de uma tranquilidade e beleza raras.
Barquinhos ao fundo compunham um cenário sem igual.
Lá nos aboletamos numa mesa á beira da praia, tirei o calçado,fiz os alongamentos necessários e caímos na cerveja com peixe frito, vinagrete, farofa, caipirinhas, etc. 24 km bem vividos!!

Cheguei em casa às 18.30. Uma caminhada cansativa, mas um belíssimo trecho do litoral capixaba.

Postagem em destaque

O Caminho de Assis- Itália

O Caminho de Assis, uma viagem pela Idade Média na Itália O homem medieval é o "homo viator ". Sua vida é um caminho percorri...