terça-feira, 9 de abril de 2019

Conhecendo Lorenzo, o italianinho

Certas coisas que acontecem nas nossas vidas vêm de maneira inesperada ou inusitada. Nunca se sabe o que o destino nos reserva.

Na minha vida as coisas aconteceram.... simplesmente aconteceram.

Desde que me entendo por gente sempre  me bateu um espírito aventureiro com a procura pelo inédito, o diferente. A rotina é uma coisa enfadonha

Minha mãe disse que eu saí ao meu pai. 

Não sei se foi isso, pois ele foi um militar do exército Brasileiro, tendo combatido na 2ª Grande Guerra nos campos de batalha  na Itália. Serviu no 3º Batalhão do 11º Regimento de Infantaria, o regimento Tiradentes de São João del rei-MG.
Dada a disciplina que um soldado é submetido(olha rotina aí) meu pai sempre foi um fiel cumpridor de seus deveres.

Gostava muito de viajar e dizia que, quando se aposentasse, iria fazer muitas viagens. Não concretizou esse sonho, pois uma enfermidade  maligna o levou em 1988 aos 70 anos.

Eu, por minha vez, desde que me mudei para Vitória em 1985, sempre procurei os ambientes e amigos que gostassem de caminhar, de preferência pelas montanhas e o Espírito Santo é propício para tal esporte, pois suas fronteiras com Minas Gerais são formadas pela imponente Serra do Caparaó e suas ramificações adjacentes.

Lá em  Minas está a mais imponente ainda, a Serra da Mantiqueira, meu destino favorito. 

Desse modo, paralelamente ao tradicional futebol das terças e domingos, sempre fui atrás das caminhadas de montanha, como uma maneira de fortalecer as amizades com quem é afim e ainda mais, conhecer lugares e pessoas da região. 
Minha profissão de veterinário impulsionou mais ainda esse lado, digamos, interiorano, que tenho comigo e ainda hoje preservo. Tenho interessantes histórias do convívio com pessoas do interior, algo que ainda conto em postagens posteriores.

Mas esse introito todo serve de base para contar das minhas caminhadas por muitos lugares do Brasil, esporte que pratico com gosto e prazer, não dando muita bola paras as lesões que volta e meia aparecem, sobretudo as articulares e que frequentemente, são uma "pedra no sapato" de todo andarilho. 

Procurei me conservar de toda forma, fiz tratamentos vários,  remédios e curandeiros, benzedeiras e drogas naturais, e volta e sempre me aparece uma artrose aqui outra ali, uma dorzinha no quadril, outra no joelho, mas isso tudo nunca arrefeceu meu ânimo.

Nunca desisto do próximo caminho. Me lembro de Sr Virgílio, cidadão que encontrei em São Borja, RS no Caminho das Missões e que, disse ele, com 87 anos subiu os degraus de Machu Pichu. a princípio não acreditei mas alguns amigos que o conheciam atestaram a veracidade do fato.então porque não tentar?

Assim, depois de muitos caminhos, fui para a Itália em 2015, cuja história completa está gravada em  postagens mais antigas desse blog.

Findo o Caminho de Assis  em junho de 2015, quedei-me apaixonado pela Itália. Prometi a mim mesmo que voltaria lá a qualquer tempo, com a finalidade de percorrer um trecho da Via Francígena, onde lugares de beleza plástica inenarráveis são encontrados.
Fazia meus planos a cada período, escolhendo trechos de talvez 15 ou 20 dias pelas diferentes etapas que a via oferece.

Corria o ano de 2018 e meu filho Danilo, que havia se doutorado em Lille, na França em 2014, estava dando aulas de fisica na UFES, casou-se com Clarice, doutora ginecologista que fora sua primeira e única namorada. 

Ela também o tivera como  único namorado e ambos estavam empolgados com o novo apartamento. Aliás o Danilo não muito, pois ele tinha em mente que a qualquer momento  voltaria para a Europa, mais precisamente para a França, sua segunda casa, no dizer dele. Seria só uma questão de tempo.

Um belo dia ele recebe um e-mail da Itália convidando-o para trabalhar em Tri este, no Electra Sincrotrone Trieste. Ele não vacilou nem 24 horas. Aceitou o convite. Mal acabara de se comprometer com os italianos os alemães o contactaram convidando-o para ir á Alemanha conversr sobre uma proposta. Não pode ir pelo compromisso anterior. O mesmo se deu com um convite da Noruega.                                                      

Desde setembro de 2018 eles estão lá e agora dia 17 de março nasceu Lorenzo. 

Portanto mais um belo e justo motivo para eu e Maria Inês voltarmos á Itália e isso se dará dia 4 de abril próximo. 

Os dias que antecedem uma viagem desse tipo -onde passaremos dois meses para ajudar a cuidar do neto para aliviar a pressão que se estabelece nos dois pais  de primeira viagem, num país estranho-- são cheios de planos. 

Há que se formatar toda uma retaguarda para abreviar os compromissos, agendar pagamentos bancários, preparar as malas e o que levar,etc, tudo isso põe uma certa ansiedade nas nossas costas. O sono ás vezes é retardado ou impedido pela série de pensamentos para lembrar de tudo, se não falta nada na  mala, enfim muita coisa varre seus pensamentos enquanto deitado.

Com tudo organizado- passaporte novo, a mala com todos os pertences e objetos que temos que levar para Danilo e Clarice, somados ás roupinhas e outrops objetos para o Lorenzo-  me pus a arrumar minha mochila para empreender uma ou outra caminhada pelas belas trilhas italianas. 

Pesquisei bastante e escolhi algumas opções a serem decididas quando lá estiver. Tempo eu terei, dependerá agora do meu recém operado quadril. Como Deus é grande, tenho fé que vai dar tudo certo.Com as bênçãos de N S Aparecida fui.

Chegamos ao Aeroporto de Guarulhos ás 12:10 h do dia 4 após um tranquilo voo vindo de Vitória. Embarcamos para Roma ás 14:35 pela Alitália. 

O vôo no poderoso Boeing 777 transcorreu  normal, com a aeronave na sua maxima capacidade. Os tripulantes italianos se esmeraram no atendimento,  demonstrando simpatia e presteza. O jantar foi servido as 16.30, horario brasileiro,mas,levaram em consideração a hora italiana. 
Para eles já seriam 09.30 da noite.Escolhi um frango com legumes e Maria Inês a tradicional lasanha, que ela tanto gosta, acompanhados de um bom vinho tinto. Ainda veio a sobremesa simples.

O único senão num vôo dessa magnitude é  simplesmente o espaço. Procurei de todas as formas pegar no sono, mas foi impossível, dada a posição  da cadeira e ainda o  movimento das pessoas, que obviamente não estão ainda preparadas para dormir às 18 horas.

Observei os companheiros de viagem, suas movimentações e postura. Uns afortunados ou despreocupados,geralmente jovens, com seus inseparáveis fones de ouvido, não estavam  em aí para o desconforto. Após  umas tantas músicas caíram num sono profundo. 

O ar condicionado do avião pedia um cobertorzinho. Usei o meu e o travesseiro,  mas nem  isso ajudou.  Sou fui pegar um sono umas duas horas antes do avião descer em Fiumiscino. Eram perto de seis horas da manhã. Fria manhã  para os nossos padrões de quem saíra de Vitória aos 30 e pouco os graus no dia anterior.

















 








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