terça-feira, 29 de julho de 2014

CD- 10º dia-de Bom Jesus do Amparo a Cocais- 24 km


O despertar foi à mesma hora dos dias anteriores e logo estávamos todos ao redor da mesa para o simples café disponibilizado pela pousada. Não havia quitutes em quantidade e qualidade para enfrentarmos mais esse trecho. Assim, mesmo carentes de um bom café, saímos da pousada descendo a ladeira rumo a Cocais, observando os contornos ainda cobertos de neblina da imponente serra.
                                 


Na saída passamos pela Igreja de Bom Jesus do Amparo, onde nos aguardava o guia turístico Fernando, que nos recepcionara no dia anterior e fez questão de nos acompanhar por alguns quilômetros. Entregamos a ele o livro de assinaturas de sua propriedade que registrou nossa passagem pela cidade, com os devidos agradecimentos pela acolhida e hospitalidade.
A estrada inicia-se pelo asfalto, mas logo depois do marco 417, o caminho passa a ser na estrada de terra com muito cascalho, mas como um todo, o percurso esteve em boas condições e em boa parte, em terreno plano. Aproveitamos a fresca manhã para andar rápido.
                                       
O percurso não mostrou grandes variações topográficas: morros e colinas, pequenos capões de mata rala, ralas propriedades rurais e talvez por ser domingo, pouco movimento de veículos e pessoas.
Caminhamos por sete quilômetros na terra até alcançarmos o cruzamento com a BR 381, onde paramos num grande posto de gasolina para um breve descanso e lanche.
Dali pegamos uma estreita estrada de terra vicinal, de uso talvez apenas dos fazendeiros locais, onde deparamos então com grandes plantações de eucaliptos, que se estenderam por muitos quilômetros.                                      
                                  

 Importante foi estarmos atentos aos marcos para não incorrermos em erros grosseiros de direção e ficarmos ali perdidos, tais eram as bifurcações encontradas.
Caminhei um tempo junto ao Nilton, conversando sobre variados assuntos, principalmente sobre nossa seleção de futebol e nossos atuais jogadores. Reclamávamos sobre a carência de mais craques no time.
Estávamos descendo um trecho sombreado e de repente o Nilton deu um grito de alarme e por uns poucos dois metros( isso mesmo) não pisamos numa imensa jararacuçu que tranquilamente se aquecia ao sol.
Fiquei impressionado com seu tamanho- uns dois metros- e beleza: xadrez escura na parte de cima e de um amarelo vivo na barriga.
O réptil assustou-se com nossa reação e rápido enfiou-se pelo mato, descendo um barranco onde mais abaixo corria um pequeno riacho. Não deu tempo de sacar a câmera pois tudo fora muito rápido. O susto aguçou nossos sentidos e dali para frente caminhamos muito atentos.            
Os 25 quilômetros restantes foram vencidos em pouco mais de seis horas , de modo que as 13:45 adentramos o minúsculo e belo distrito de Cocais, fundado em meados do século XVIII a partir da chegada dos bandeirantes na busca do ouro e que conserva até hoje os traços dessa época de esplendor, com seus casarões e Igrejas, sendo que uma delas foi construída totalmente em pedras no ano de 1769.                                  
                                     
       
    
O poliglota cientista, tradutor, geógrafo, diplomata, aventureiro, explorador, agente secreto( era um google em carne e osso na época) inglês Richard Francis Burton  entre 1860 e 1865 percorreu a região da Estrada Real e na ocasião em que passou por em Cocais anotou:".............................................................................................................

Entramos pelo vilaejo subindo a seculares ladeiras em direção a Pousada Vila Cocais,instalada num casarão antigo e que nos proporcionou excelente conforto.
               
Após o banho fomos almoçar no "Pé de Serra", local tranquilo que nos serviu boa comida mineira e onde José Antônio não perdeu tempo para desfilar seu vasto repertório de canções.

Visitei as Igrejas do Rosário, no momento em que estava sendo celebrada uma missa onde o padre seguramente falou por uns trinta minutos e a de Sant'Ana. Belíssimas.





                                  
Após a missa pude assistir a uma singela procissão, embelezada por coloridos estandartes e abrilhantada pela Lira Musical da cidade de Santa Bárbara.
 






Aproveitei o momento seguinte para fotografar os belos casarões e igrejas locais até que escureceu e ficamos na pousada degustando uns cabernets e malbecs, acompanhados de queijos e azeitonas até o sono chegar.

Insisto para que leiam aqui mais sobre a extraordinária figura que foi Francis Burton.



















Um comentário:

  1. Olá Ulisses Souza! Muito legal saber mais dessa caminhada no seu blog. Agradeço pela sua visita e dos amigos caminhantes da Estrada Real. Obrigado pela atenção, Voltem sempre! Abraços do Fernando Gonçalves, guia de turismo regional, de Bom Jesus do Amparo-MG ( E-mail: ferghuma@gmail.com )

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