segunda-feira, 28 de julho de 2014

CD 3º dia - de Serro- a Alvorada de Minas a a Itapanhoacanga- 35 KM

Como de costume saímos da Pousada do Queijo ás 7 horas, meio tarde para um percurso enorme, mas  não foi possível negociar a antecipação do café da manhã. 
Por isso mesmo nos apressamos na saída do Serro, passando em frente a Matriz de N S da Conceição, onde estava sendo iniciada a tradicional missa dominical. Rapidamente fiz orações na entrada da imponente igreja e descemos as ruas ainda vazias com calçadas em irregulares paralelepípedos.
Na saída da cidade ainda cruzamos com veículos pesados de uma empreiteira encarregada das obras da rodovia.


Pegamos o asfalto da MG 259 rumo a Alvorada de Minas, um trecho de 18 km. Esse trecho foi dos mais tranquilos.
Com duas horas de andança, olhando-se para trás avistamos o Serro e à frente ao longe, Alvorada de Minas, com as torres de sua igrejinha despontando ao longe.



O perfil geográfico deste trajeto mudou bastante, já não se veem as rochosas montanhas e os escarpados montes e sim pastos com presença de gado leiteiro e planícies com campos abertos , mescladas com suaves montanhas ao fundo.

Com quatro horas e meia de caminhada chegamos a Alvorada de Minas, onde nos aguardava o José Antônio, que muito diplomaticamente, conseguira com o proprietário da lanchonete do posto de gasolina, um saboroso almoço.
Aliás, o almoço diário foi uma constante nesse caminho, uma vez que o desgaste provocado pelos longos e extenuantes trajetos, sempre pediam ou melhor, exigiam uma alimentação farta. Assim compartilhamos uma comida mineira preparada na hora, dando-nos um novo gás para os restantes 18 km até Itapanhoacanga.
                                    
Após o lauto almoço, saímos às 13 horas para a cidadezinha de nome difícil, certos que a jornada seria penosa.
Logo de saída uma forte subida de 2 km nos aguardava. Longa, comprida e estafante até pareceu que as fartas calorias ingeridas no almoço foram gastas naquela absurda subida. À frente uma pequena capela apareceu, sem que ficássemos sabendo seu(ua)padroeira e um bondoso morador que nos abasteceu com doces mexericas.

Passando por um dos lugarejos do trecho avistamos essas crianças, absolutamente concentradas em seus celulares e que, segundo os entendidos estavam se comunicando pelo "uatizap" versão sertaneja.
                                 
Deste trecho em diante amigos, foi o enfrentamento de penosas subidas e descidas terríveis, sacrificando os maltratados joelhos.



Com umas duas horas de caminhada, cruzamos em 90º, o entroncamento da MG 10, estrada de terra batida que está sendo paulatinamente asfaltada ao longo da ER e que nos proporcionou alguma sombra para alivio do forte calor.

De vez em quando algo inédito aparece, como esse "canion" de um dos rios do caminho, que tem uns dez metros de profundidade e a natureza caprichou na escultura, abrindo a enorme vala ao longo de milhares de anos. O riacho de águas límpidas e escuras, espreme-se no meio das pedras para depois abrir-se num espraiado mais à frente
                                         
A tarde ia caindo rápido e os raios solares iluminavam com tons dourados o pico dos montes ao longo do Espinhaço, mas a estrada poeirenta nunca dava sinal de acabar

 


De uma casinha desabitada à beira da estrada, pude me refrescar com uma mangueira d'água que corria livre de uma bica.

Ainda enfrentando mais subidas chegamos extenuados a Itapanhoacanga, (cujo significado ninguém soube decifrar) às 17.30h horas já escurecendo.

Fomos direto para a Pousada Fogo Sereno onde Bill, seu simpático proprietário nos aguardava com bastante hospitalidade, dentro das acanhadas acomodações da simples pousada. Era a única do lugarejo.

Alojados em quartos com beliches, tomamos banho e fomos em seguida para o jantar, afinal era preciso restabelecer a energia gasta no puxado e bruto caminho. No momento um jogo da Copa estava em pleno andamento.
Após o jantar, José Antônio ligou sua aparelhagem de som e cantou para os embevecidos habitantes do pequeno lugar. 

Tenho notícias( eu tinha ida dormir mais cedo) de que fora um tremendo sucesso, tendo o pequeno comercio local fechado as portas em razão do enorme afluxo de admiradores do citado cantor.


Itapanhoacanga, que possui cerca de 1.700 habitantes, surgiu no século XVIII, á partir da exploração do ouro, entrando em declínio após seu esgotamento.

Nos dias de hoje o distrito tem muitas histórias para contar, principalmente aquelas relacionadas ao antigo período de riquezas da região e que se complementam com as formosas igrejas de São José, tombada pelo Patrimônio Histórico e a do Rosário, na qual encontram-se painéis em estilo rococó e que são considerados dos mais importantes da pintura colonial mineira.

                    Itapanhoacanga e uma de suas duas ruas


                                                                               
                                      Igreja de São José(interditada) 
     

                                                                 

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