quarta-feira, 30 de julho de 2014

CD-13º dia- de Catas Altas a Camargos- Mariana

Hoje o trajeto seria longo e cansativo.
Após a noite de ressaca, motivada pelo fiasco que a seleção Brasileira passou no jogo contra a Alemanha, acordamos ainda meio atordoados, mas nem essa ferida reduziu nosso animo. Nosso comportamento foi até de certo alívio, pois o sofrimento terminara ali mesmo.

Tomamos o bom café disponibilizado pela hospedeira e pegamos a estrada rumo a Camargos. O dia amanheceu com o céu cheio de pesadas nuvens, encobrindo todo o Pico de Catas Altas, garboso nos seus  830 m de altura.Saímos ás 6.45h.
                                               
Julguei por bem colocar a capa de chuva na mochila, prevendo a vinda desse adversário duro, porem necessário à vida, pois nada sobrevive sem as bençãos de uma poderosa chuva.
O percurso na saída da cidade revelou um lado mais moderno da pequena Catas Altas, que de acordo com o último censo(2010) possuía 5.600 habitantes.
Hoje vimos que, ultimamente, muitas casas foram construídas nos arredores do centro histórico e parece que o movimento tende a aumentar devido sobretudo ao eco-turismo. Um córrego e uma bica d'água comprovaram a fartura de água na região apesar da longa estiagem.              

Tomamos uma larga  e outra vez poeirenta estrada de terra margeada por trechos de mata nativa onde pudemos flagrar bandos de saguis em algazarra nos galhos mais altos.O trecho é conhecido como Estrada Parque, pois é plano e facilitou o caminhar.
                           


Com duas horas de caminho adentramos o povoado de Morro da Água Quente, lugar onde o ilustre Auguste Saint Hilaire aportou para estudos. O nome do vilarejo é uma referencia às fontes termais existentes e que foram implacavelmente destruídas pelas escavações à procura do ouro. O lugarejo revela casebres típicos de eras passadas e de como eram construídas.

      Lago de decantação de minério de uma mineradora


Pela altura do marco 529 saímos da MG 129, onde caminhamos por três quilômetros, pegando a esquerda uma estrada de terra , ou melhor dizendo, a estrada é toda estabelecida em terreno ferroso, onde ás vezes nos deparamos com imensas placas  do que parece mesmo minério de ferro. 
A vegetação ao redor é típica ,com ralas espécies de arbustos e tortuoso arvoredo baixo. Raros pássaros! Por todo esse percurso a grande muralha de pedra esteve à vista, sempre encoberta por grossas nuvens.  

Num dos marcos, o de número 530, está uma observação dos alemães Johann  Spix (aqui) e Karl von Martius (aqui) quando passaram, dentre outros, pelo povoado conhecido como Inficcionado, hoje Santa Rita Durão,tendo escrito:

  " Torrão que do ouro se nomeava. Por criar do  mais fino ao Pé da Serra mas que feito enfim baixo e mal prezado. O nome teve do ouro Inficcionado." 
O caminho seguiu pela estrada ferruginosa até alcançarmos, às 11.30 h a pequeníssima Santa Rita Durão, um brinco pela preservação de suas igrejas e casarões. O desbravador paulista Salvador Faria Albernaz aqui chegou sendo seu primeiro minerador.
A atual denominação da cidade homenageia Frei José de Santa Rita Durão, poeta  filho da terra, autor de Caramuru, primeiro obra escrita narrativa  a ter como tema o bativo do Brasil.
Fomos diretamente ao Restaurante Cota, local onde o José Antônio,adiantadamente,tinha agendado nosso tradicional almoço mineiro.
À saída, passamos pela  bela Igreja de N S de Nazaré, que é dos mais clássicos monumentos religiosos do período barroco de Minas Gerais. 




Igreja do Rosário, que encontra-se interditada devido falhas estruturais(abaixo).
Prosseguimos nosso caminho rumo a Bento Rodrigues trilhando a ainda dura, seca e poeirenta estrada de terra. O local, que é sub-distrito de Mariana,foi alcançado ás 15.00 h quando então fizemos uma pausa no bar e restaurante de Sandra, simpática hospedeira de outros peregrinos. Uma simpática capelinha ao lado proporcionou boa foto.
                         Exibindo IMG_5010.JPG
Ficamos ali descansando á espera do José Antônio, que perto das 15.30 h retornou de Mariana com a informação de que nossa pousada agendada em Bento Rodrigues não fora encontrada. Ou melhor, seu proprietário não fora localizado, sendo aquela a única hospedaria do pequeno lugarejo.
                                  Exibindo IMG_5003.JPG
Sandra nos comunicou que, caso a  tivéssemos avisado com antecedência, poderia nos abrigar em um sítio perto, mas como éramos 11 pessoas ficou impossível.
Dessa maneira, como havíamos percorrido 28 km desde Catas Altas, a única alternativa era mesmo irmos para Mariana, 27 km dali. Assim fizemos por absolta falta de hospedagem nos dois locais, indo de carro até Mariana, numa péssima estrada, lá chegando ás 16:30h.
Mariana, fundada em 1696, 70 mil habitantes, uma das poucas cidades barrocas mineiras que eu não conhecia, me surpreendeu  pela beleza conservacionista de seus monumentos históricos e pela pujança de seu comercio local, com muitas e grandes lojas plenas de gente. 
A cidade, que tem suas origens no século XVII, faz parte da história de Minas Gerais. Aqui detalhes da história da cidade, que foi, respectivamente, a primeira vila, cidade e capital de Minas Gerais.



Os casarões fotografados de maneira geral estão em bom estado de conservação, com pinturas adequadas e recentes.As Igrejas de São Pedro dos Clérigos, São Francisco e de N S do Carmo são belíssimas. 



Belíssimo altar central da Igreja de N S do Carmo, onde no momento estava sendo rezada uma missa no rito tridentino.


Alguns monumentos históricos de Mariana são dignos de registro, como o Museu Arquidiocesano de Arte Sacra, as Igrejas de São Francisco e de N S do Carmo e a Casa da Câmara e Cadeia.



O nosso jantar foi num restaurante da  praça central, sempre com grande movimento de pessoas, uma vez que a cidade possui vida própria apesar da proximidade de Ouro Preto.
Nessa época estava sendo realizado o Festival de Inverno de Ouro Preto e Mariana, de modo que muitas atrações estavam previstas para o período, entre elas a exposição fotográfica The Project:Todos podem ser Frida.

Ficamos hospedados na Pousada Rainha dos Anjos, de excelente estrutura para hóspedes e muito bem localizada.



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