terça-feira, 29 de julho de 2014

CD-6º dia- de Conceição do Mato Dentro a Morro do Pilar- 27 km

Hoje saímos um pouco mais cedo, deixando a poeirenta cidade através do asfalto da BR 129.

 Nas costas a visão de Conceição do Mato Dentro ficando para trás.
O percurso até Morro do Pilar caracterizou-se por descidas íngremes e alguns trechos em mata mais fechada, o que aliviou na hora do descanso e do lanche.
Pelo caminho da mesma estrada de terra, muito pó, carros e as picapes da mineradora Anglo American, que educadamente, diminuíam a marcha para que não engolíssemos muito pó.

Aliás, essa educação- (os motoristas diminuírem sensivelmente a velocidade) foi uma constante em todos os momentos.


Nosso grupo caminhava de modo homogêneo, uns um pouco mais rápido que os outros, mas sempre onde a vista alcançava. Desse modo qualquer problema seria facilmente percebido pelos demais.
Assim, eu estava um pouco mais atrás quando fui alcançado por um motorista( José Francisco de Souza) que parou seu carro e começou a perguntar-me sobre o grupo e o que fazíamos ali. Expliquei-lhe  a nossa viagem pelo sertão e ele mal acreditava na distancia a ser percorrida. 
Contou-me ser devoto e N S da Conceição e me presenteou com um livro do Jubileu que acabara de acontecer em C. do Mato Dentro.

Depois alcançamos os demais que haviam parado e fizemos algumas fotos, com a promessa de nos encontrarmos mais tarde na Pousada da Lucia, em Morro do Pilar. Nessa ocasião ele pouco disse de suas atividades, mas depois ficamos sabendo que parte de suas terras haviam sido vendidas à Anglo por alguns milhões,  e uns "espertos" deram-lhe um tombo, sobrando para ele pouca coisa e um ou outro imóvel. Daí sua aparente alegria, mais como para disfarçar a tristeza. 


Continuamos o caminho até alcançarmos um rio, em cujas águas tivemos vontade de mergulhar, mas o desconhecimento da profundidade impediu.
Assim, fizemos muitas fotos e continuamos por forte subida de uns vinte minutos de duração.
Pela primeira vez ouvi canto de pássaros ( raros nessas paragens), eram os melros fazendo grande algazarra nas palmeiras de buritis.

Além disso algumas espécies diferentes da flora pudemos apreciar em diverso momentos bem como admirar a espetacular parte da Serra do Espinhaço que nos acompanhou ao longo do dia.

Eram onze horas, o sol pegando firme e estávamos encarando ainda uma grande subida, como de resto, as subidas são partes constantes desse caminho. Nada restava a não ser subir e andar até o fim.
Logo paramos para um breve descanso e ainda faltavam uns 8 km para chegarmos em Morro do Pilar, o que se deu duas e meia horas depois, depois de cruzarmos mais um rio sob uma ponte bastante antiga. O pó da estrada.... bem, não havia como fugir, assim como o calor.



 A Pousada São José nunca foi tão desejada. Sua proprietária Lucia nos aguardava com a tradicional hospitalidade mineira. Aproveitei parra lavar umas roupas e secá-las ao forte sol da tarde, antes de tomar um refrescante banho.
Almoçamos mais tarde saboreando a farta e gostosa comida caseira servida ainda com uns ovos caipiras fritos na hora.



Mais tarde, depois do descanso fiz algumas atualizações na internet, aproveitando o PC existente na casa e momentos depois chegou o Sr Francisco, ocasião que pudemos melhor conhecê-lo, compartilhar suas ideias e seu jeito peculiar e mineiro de colocar o assunto, os mais variados possíveis. Alguns ditados criados por ele fiz questão de anotar.
Certamente motivado pelo prejuízo financeiro que tivera, entendi que falou algumas coisas meio sem nexo, mas dentre outras disse que:" entre a criatura humana e o dinheiro e entre o fogo e a gasolina, os perigos são os mesmos".
Ou ainda: " se quiser fazer Deus rir, conte-lhe seus planos"
A que disse de mais emblemática foi:
 " Condenado pela verdade, sim.
   Libertado pela mentira, não. 
   A vida tem que estar sempre pagando a pena."

À noite, Lucia preparou-nos uma sopa de macarrão com legumes, recheada com alguns barrancos de carne, satisfatoriamente degustada por todos.
Ainda tomamos um vinho para embalar o  tranquilo  sono naquela pacata cidade.



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