quinta-feira, 24 de setembro de 2015

17º dia- ROMA.

A viagem de Greccio a Roma foi através de um micro ônibus, que tomamos logo após as despedidas oficiais do Caminho de Assis em Greccio. 
Para trás ficam as doces lembranças dos maravilhosos lugares que percorremos. Certamente a saudade será uma companhia eterna para todos.Fomos embora do Caminho de Assis carregando as emoções vividas,cheios de recordações.

O percurso  se dá por uma estreita e sinuosa estrada asfaltada até o entroncamento da auto estrada que liga Rieti a Roma, a SS4. Das janelas do ônibus fomos localizando, sucessivamente, alguns lugarejos que percorremos nos dois dias anteriores, provocando aquela saudade mencionada.

Os 85 km até o Hotel Valle foram percorridos rapidamente, atrasando um pouco a chegada devido o intenso transito àquela hora do dia no entorno e no centro de Roma.Muitos motoristas nervosos- como acontece aqui no Brasil- estridentemente acionavam suas buzinas ao menor sinal de impaciência.

O hotel previamente reservado foi o mesmo do início do caminho, só que dessa vez não fizemos contato com a nervosa italiana e sim com um senhor de agradável tom de voz e gentil com o trato.

Fomos para os quartos usando aquele minúsculo elevador, desta vez dividindo-o com inúmeros hóspedes europeus, holandeses e poloneses em maior número. 

Não perdemos tempo nenhum e com Cristina de cicerone, começamos a percorrer a magnífica cidade. Nessa tarde, conhecendo alguns pontos turísticos, caminhamos cerca de 15 quilômetros, segundo o GPS da Cristina.

Enquanto andava pensava na beleza de oportunidade de ali estar, vendo tudo que sempre sonhei. Impossível descrever Roma, a cidade Eterna. Muitos historiadores, jornalistas,escritores, etc., já o fizeram com evidente gabarito.Não farei isso.

Uma multidão de pessoas de várias nacionalidades perambulava  meio que sem rumo, procurando com os olhares os locais famosos; pessoas e grupos de turistas orientados por guias com suas bandeirolas coloridas olhavam os mapas da cidade ávidos para chegarem nesse ou naquele monumento. Aquilo estava um frenesi! Ao redor do Coliseu então a Babel estava instalada.
                                               


Alguém já disse que os olhos são as janelas da alma.

Nada mais apropriado para definir o que senti ao percorrer pela primeira vez as ruas de Roma. Tendo visto as dezenas de janelas floridas naquelas pequenas cidades medievais,acredito que minha mente também voltou florida.Roma entretanto, pelo menos do que ví, carece de mais janelas floridas. Também acho que seria pedir muito, afinal sua milenar história, com aquelas edificações escurecidas e em pura pedra ou uma espécie de tijolo amarelado, engrandece a visitação.Uma grande cidade como Roma certamente possui seus belos jardins floridos.

Andar pelos campos também aguçou meu olfato com o cheiro das flores, das oliveiras e vinhedos, os temperos nos ristorantes, o aroma do vinho e dos queijos e presuntos, o expresso, o cafelatte , o machiato, o indescritível tiramissu, os mundialmente famosos gelatti e o panini! Roma possui cheiros e aromas especiais, não tão agradáveis como os do campo.

Fundada há mais de dois mil e quinhentos anos, em 753 aC. Roma  possui 2,7 milhões de habitantes numa área de 1.286 mil km2, sendo a quarta mais populosa cidade da União Europeia. Sendo uma cidade global, é considerada a 10ª cidade mais visitada do mundo, a terceira mais visitada da Europa e a atração turística mais popular da Itália.

Possui uma das melhores"marcas" da Europa tanto em reputação quanto em patrimônio e seu centro histórico é considerado como Patrimônio Mundial pela UNESCO. 

Quem quiser conhecer Roma precisa de pelo menos, uns sete dias para se inteirar do básico. Assim nossos três dias aqui não foram suficientes para um real conhecimento. 

Ouso dizer que sentimos apenas um "cheiro", uma pitada de lugares romanos. O centro antigo compreende então, dentre outros, o Coliseu, Forum de Augustus, Forum de Cesar, Capitólio, variados museus, Piazza Novona, Piazza Colona, Mercado Campo di Fiori, Igrejas de Santa maria Mineva, de Santo Inácio de Loyola,, de Madalena, Igreja di Gesu, de Santa Maria Araoeli, etc, todas de forte apelo e que não conseguimos visitar devido a escassez do tempo.

Uma das ideias que tive, para incrementar em outra ocasião, seria alugar um scooter ou vespa, que existem aos milhares  na cidade, para aproveitar o tempo no deslocamento entre um monumento e outro. O caótico transito em Roma favorece o uso das vespas, como  fazem os milhares de italianos de todas as idades e sexos.                                                       
Monumentos como Vaticano e o Coliseu(também conhecido como Amphiteatrum Flavuum), estão entre os destinos turísticos mais visitados do mundo, acolhendo milhões de turistas a cada ano. 

O nome Coliseum vem do latim colosseum devido á colossal estatua de Nero, que ficava perto da edificação. Originalmente capaz de abrigar 50 mil pessoas e com 48 metros de altura,era usado para variados espetáculos e sua construção levou de oito a dez anos.
                                   
Antecipadamente já tínhamos ingressos comprados com guia para a visita à Capela Sistina no dia seguinte de modo que, a primeira visita foi ao Vaticano.

De fato visitar Roma significa antes de tudo uma ligação umbilical com a Igreja Católica, por razões óbvias. Assim sendo nossas visitas foram de modo geral (pelo menos as minhas), direcionadas para conhecer as ultra espetaculares igrejas da cidade.


O conceito de Basílica Maior ou Papal, foi estabelecido por Bonifácio VII quando promulgou a bula papal Antiquorum fida relatio instituindo o Anno Sancto e referindo as condições para a concessão de indulgencias entre as quais a visita de duas basílicas de Roma- São Pedro do Vaticano e São Paulo extramuros- respectivamente lugares das sepulturas de São pedro e São Paulo.

No segundo jubileu, em 1350, Clemente VI juntou uma terceira basílica maior: a de São João Latrão, catedral de Roma com o título de omnium urbis et orbis eclesiarum mater  et caput, ou seja, "mãe e cabeça de todas as igrejas da cidade e do mundo".

A quarta, a de Santa Maria Maggiore, foi adicionada por Bonifácio IX em 1390, sendo a mais antiga igreja consagrada à Virgem Santa Maria.

As ruinas do Forum Romanum, espetacular sítio arqueológico que durante séculos foi o centro da vida pública romana.
                                                     
                                       







A primeira igreja que visitamos foi a de Santa Maria in Trastevere, a mais importante de Trastevere (além do rio Tevere) e que também dá nome à bela praça decorada com um fonte antiga. 

A fonte na praça  é do século I a.C (da época do Imperador Augusto), mas foi trazida para cá somente em 1450.Inicialmente não ficava no centro da praça, mas do lado oposto a Igreja.Aqui assisti uma missa da tarde, tendo a oportunidade de agradecer ao Pai a oportunidade de ver e percorrer tantos monumentos históricos.

A atual basílica começou a ser construída em 340 d.C. onde na verdade já existia um pequeno oratório. Considerando que somente em 313, graças ao Edito de Constantino, deu-se a liberdade de culto aos cristãos, a basílica foi um dos primeiros lugares oficiais de culto em Roma.

Sendo  uma igreja de origem muito antiga, ela passou por várias mudanças arquitetônicas e a forma que hoje vemos é predominantemente do século XII. Quase todo o travertino e mármore foram retirados das Termas de Caracal. Muito provavelmente as colunas de granito também faziam parte de algum templo romano interno das termas.

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                                       O espetacular teto!

Basílica de São Pedro in Vincoli, pórtico com cinco arcos e brasão de Julio II


                           
                                 Túmulo de Julio II com o Moisés de Michelangelo(1545)

                              



Segundo reza a tradição, as duas correntes(vincoli), um legado de São Pedro, agora permanecem abrigadas numa redoma sobre  o altar.


Conhecida também como" Basílica eudoxiana", a igreja foi construída pela primeira vez( descobertas em escavações em 1956-59), no período republicano entre 432 e 440 para abrigar a corrente que prendeu São Pedro quando ele esteve preso em Jerusalém( no episódio conhecido como Libertação de São Pedro') A imperatriz consorte bizantina Eudóxia, esposa do Imperador Valentiniano III que recebeu-a de presente de sua mãe Élia Eudóxia.



Depois dessa visita fomos para o Vaticano e nos deparamos com imensa multidão,cuja fila para acesso à Igreja era monstruosa.Sem perspectiva para entrar, ficamos ali fotografando e admirando a Praça, de grata lembrança pelas inúmeras vezes que a vimos pela televisão em sucessivas festividades. Voltaríamos no dia seguinte, para inclusive conhecer a Capela Sistina.

Passamos então pelo Coliseu de onde pudemos apenas admirar as suas imensas formas, parte em restauro, circundado por uma multidão de curiosos em fila  de tamanho incalculável.Desistimos de entrar por essa razão e continuamos passeio debaixo de um sol equatorial, percorrendo os inúmeros monumentos históricos.

Um que me chamou a atenção, foi a " coluna de Trajano",pela lembrança que tenho de tê-la estudado quando menino, em História Geral, como uma das sete maravilhas do mundo.
                                                    


Com aproximadamente 30 metros de altura, mais oito de pedestal perfazendo 38 m, foi construída com vinte blocos de mármore, cada um pesando 40 toneladas e um diâmetro de 4 metros. No seu interior há uma escada em espiral com 185 degraus que dá acesso ao topo, donde se tem uma grande visão periférica da região. Foi inaugurada no ano 113 d.C.                                     

Fantásticas são as ruínas dos antigos edificações romanas que estão sendo escavadas e que recentemente foram descobertas quando a municipalidade estava promovendo terraplenagens para construção de uma linha do metrô.

Salta à vista ao se deparar com ele, pela sua grandiosidade, o fantástico Monumento   a Vitor Emanuele, grandiosa homenagem ao rei que unificou a Itália no final do século XIX e inaugurado em 1911.

É um imenso contraste pois sua cor branco marmórea contrasta com tudo que há em Roma nos seus medievais edifícios. 




Ali em frente está a Piazza Venezia com seus edifícios antigos.Esta praça foi onde Mussolini proclamou o nascimento do Império Italiano. Também aqui está o Palazzo delle Assicurazioni Generali, desenhado pelo mesmo arquiteto que criou o Il Vitoriano , Giuseppe Saconni. 

Também na praça está o Palazzo Venezia que no século XV serviu como residencia do Papa.No século XV é Mussolini quem utiliza o palácio e é nas suas varandas que profere alguns dos mais emblemáticos e assustadores discursos.



  


À essa altura, depois de tanto andar, estávamos cansados e famintos. 
Nosso almoço foi num dos restaurantes do movimentado bairro Trastevere, em meio e uma infinidade de gringos falando as mais diversas línguas . Eu e o colega André escolhemos o que nos pareceu menos movimentado.



                                      fotos da Praça de São Pedro.







Mais tarde descobrimos ali mesmo, um restaurante de comida chinesa, que foi a nossa salvação. Eu, Marluce e Nilton não sairíamos de lá pelos próximos dois dias.

Depois de tanto andar e já tarde da noite fomos dormir, pois no dia seguinte a jornada seria intensa.



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