domingo, 24 de dezembro de 2017

O nascimento de Maria Clara

Dia 11 de dezembro estará marcado para sempre para mim e Maria Inês, minha esposa,  pelo nascimento de Maria Clara, nossa neta filha de Paulo Henrique e Luize. Nasceu de parto por cezareana com 3.200 kg e 47 cm.
Com uma carinho redonda e umas bochechinhas rosadas, logo que chegou ao quarto mandou seu recado com um forte choro, interpretado pelas duas avós,inúmeras mães,  tias, amigas de LuiZé, como um evidente sinal de fome.
Até que a mãe se recuperasse da anestesia e voltasse ao quarto, ela se manifestou com vonade.
Eu e o avô  Luis ficamos meio que embevecidos, pois se tratava de nossa primeira neta. Rezei em silêncio pela saúde e bem estar de Maria Clara, capturando no olhar de Maria Inês, uma pequena lágrima de felicidade.


quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Impressões de uma viagem á foz do Rio Doce.

Dia 5 de novembro completaram-se dois anos da tragédia que se abateu sobre o Rio Doce, com o rompimento da barragem de Fundão em Mariana-MG, deixando um rastro de destruição sobre o meio ambiente e matando 19 pessoas.

Pode ser considerado o pior desastre ambiental do mundo, considerando-se o volume de rejeitos de mineração lançados na natureza.

Os cerca de 55 milhões de metros cúbicos de lama e rejeitos despejados são duas vezes e meia o volume da barragem da mina de Mount Polley no Canadá. em 2014, que alcançou o lago Quesnel.    




No que ficou caracterizado como o segundo pior desastre do gênero, foram 24,5 milhões de metros cúbicos lançados na natureza. e mesmo se comparando com outras tragédias ambientais.

Mariana está nesse pódio ao lado do derramamento de petróleo  do navio Exxon Valdez no Alasca em 1989 e da explosão da plataforma de petróleo Deepwater Horizon, da British Petroleum que despejou 780 mil metros cúbicos de petróleo no Golfo do México em 2010.( Wickpédia)

Mesmo maltratado já há muito tempo, o rio Doce sempre foi considerado de alta resiliência. Mas dessa vez sua resistência não foi suficiente para salvá-lo. Sabemos que em muitos pontos, conforme eu conheço há 30 anos ou mais, ele sempre foi turvo, apresentava odores estranhos como resultado de contaminação por vários agentes químicos e sobretudo esgoto das cidades por onde passa. Mas apesar disso tudo ele conseguia se manter, inclusive sendo o sustentáculo de muitos pescadores.

Ainda assim não foi capaz de lidar com um desastre dessa natureza, algo equivalente a 9 vezes o volume da lagoa da Pampulha, segundo especialistas da UFMG.

O Espirito Santo é banhado pelo grande rio a partir de Baixo Guandu, passando depois por Colatina e Linhares, município onde desemboca no Atlântico, na vila de Regência.

Foi no intuito de conhecer essa vila de pescadores e observar os impactos do desastre que tomei um ônibus para Linhares, numa nublosa manha do dia 17 de novembro.

Minha ideia era passar apenas 24 no local, pois seria tempo suficiente para percorrer a pequena vila.

Cheguei a Linhares por volta de 12.30 horas e fui informado que para Regência, o ônibus sairia às 15 horas. 

Almocei ali nas proximidades e a seguir, debaixo de forte sol, fui até a ponte que atravessa o rio , bem perto de onde eu estava. Me surpreendi com o volume de água do grande rio, que a grosso modo posso dizer que naquele ponto deve ter uns 500 metros de largura. 

O grande volume de águas barrentas se deve às fortes chuvas que tem caído no estado de Minas Gerais e também nos seus afluentes, inclusive os do ES. São dois estados que há muitos meses vêm sofrendo  uma grande estiagem, levando os respectivos  governos a decretar estado de emergência.

Após o almoço fiquei ali pelas redondezas, fazendo uma horinha e ás 15 horas o ônibus partiu para Regência. No caminho travei conversa com uma senhora que vim saber, saíra de Diamantina na noite anterior e estava se dirigindo para a vila onde estabelecera sua moradia temporária, trabalhando ali como professora. Muito conversada me colocou a par da situação da vila, indicando-me procurar a Pousada da Zenaide para hospedagem.

Os 55 k foram vencidos e longas 2 horas, em função da precariedade da estrada que nos seus últimos 30 km não são asfaltados. Uma buraqueira só com muito barro. Pelo caminho pude observar a quase inexistência de casas de habitação. apenas uma grande planície, agora verde pelas chuvas e a presença de fazendas com muito poucos bovinos de corte e muito eucalipto e algumas lavouras de coco.


Cheguei à Vila por volta das 17 horas e logo me dirigi á pousada da Zenaide, poucos metros depois do ponto de ônibus. A proprietária me recebeu muito bem e me mostrou a sua simples acomodação.  

De fato, eu não esperava muita coisa mesmo do local, mas a simplicidade, o silencio e as modestas casas são um caso particular e penso que para lá se dirigem(iam) aqueles que, nos bons tempos, estavam a procura de sossego, uma praia de águas limpas para, na companhia de suas famílias e amigos, tomar suas cervejas acompanhadas de deliciosos peixes fritos. A foz do rio é bastante larga (foto abaixo colhida na internet).


Logo que deixei a mochila no quarto saí andando em direção a praia para ver de perto a foz do grande rio. No momento não se via nem uma vivalma pelas redondezas, de modo que fui direto, caminhando cerca de um quilometro, contornando imensos troncos de árvores, galhos e  muita coisa imprestável jogado no rio pelos ribeirinhos e ali depositados  pelas fortes marés anteriores.

Tendo contornado uma grande curva da faixa de areia avistei a imensidão da foz, impossível de ser delimitada desde aquele ponto de onde me encontrava. Ao longe, um barco com umas cinco pessoas, teimava em seguir rumo ao oceano.






Fiz algumas fotos e retornei á pousada certo de que no dia seguinte iria pelo outro lado da vila para conhecer o atracadouro de barcos e o restante da vila.
No resto da tarde/noite fiquei tomando uma cerveja enquanto rabiscava algumas notas que seriam uteis para esse post. 

Mais tarde chegou Zé Cação, apelido do marido de Zenaide, que junto ás suas duas filhas e de um filho, ajudam a tocar os negócios da pousada. Naquela noite, haveria um jantar para umas cinquenta pessoas vindas do Rio de Janeiro, a  maioria estudantes que participavam em Vila Velha, de um seminário sobre meio ambiente.Zenaide estava muito ocupada em preparar o jantar para esse batalhão de pessoas.

O Zé me contou que trabalhava na RBC Reserva Biológica de Comboios, orgão do ICMBio, que se localiza a uns oito quilômetros dali. Uma das razões de minha ida a Regência era também conhecer o Projeto TAMAR. 










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