sábado, 17 de agosto de 2019

Conhecendo Aquilleia


Sábado, 11 de maio


Como o tempo estava favorável eu e Maria Inês resolvemos conhecer uma das cidadelas mais icônicas da Itália, mesmo sendo pouco falada e divulgada.Aquileia.

Para tal tomaríamos o trem regional que sai ás 9:h  em direção a Cervignano, estação onde teríamos que descer e tomar um onibus para Aquileia. Acontece que atrasamos um pouco e só fomos ter acesso ao trem das 10:50 h, um tanto tarde para o tamanho do passeio programado mas, uma vez lá na estação fomos assim mesmo.
                                            
De Trieste a Cervignano são pouco mais de 50 minutos de uma bela paisagem rural e lá chegando rapidamente nos situamos.É uma estação grande, comprida  e pelo horário e o fato de ser sábado, estava um tanto vazia. 
                      
No  bar no interior da estação, um rádio tocava uma daquelas músicas tradicionais italianas enquanto uma simpática garçonete de largos quadris, limpava as mesas e cantarolava a dita canção. 

Pedi uma informação sobre o ônibus para Aquileia e fui informado, assim abruptamente ao famoso estilo italiano, que os bilhetes deveriam ser adquiridos num guichê externo, ao lado de uma cabine telefônica e que , por mal dos pecados, encontrava-se  fechado. Para qualquer lado que se olhava era só um vazio. Ninguem á vista.

Pombas, era hora do almoço da italianada.
Consultamos  um mapa informativo afixado num quadro ao lado e não entendemos nada, pois se resumia a um conjunto de siglas e horários ininteligíveis aos viajantes.

Ficamos ali meio perdidos quando desceu de um ônibus, vindo  de Udine, um casal de idosos que se postou ao lado da cabine. Pensei rápido: vou perguntar a eles sobre o tal ônibus para Aquileia.

Não só me informaram corretamente como ficamos entabulados num longo papo- eu com meu italiano aprendido no kindle- tentando acompanhar o rápido prosear dos dois simpáticos viajantes. 

Extremamente educados, nos disseram que deveríamos tomar esse ônibus com destino a Grado e que por lógico, passaria antes por Aquileia e que não nos preocupássemos pois eles iriam para Grado, onde residem.

Passaram a falar das belezas e detalhes de,Aquileia sua importância na época em que foi fundada e que tratava-se de uma cidade reconhecida pela UNESCO em 1998 como Patrimônio Mundial. Esta cidade, uma das maiores e mais importantes do Império Romano, foi destruída porv Átila, o Rei dos Unos, em meados do século V.

Tivemos que esperar uns 20 minutos até a chegada do ônibus e como a fome apertava, enganamos o estômago com vinho branco e uns  biscoitos salgadinhos,além de um sanduíche que, providencialmente, compramos em Udine.

À hora prevista um confortável ônibus pullman de dois andares, novíssimo, chegou e tomamos nosso assento, sendo então informados pelo motorista que deveríamos adquirir os bilhetes na estação rodoviária adiante uns 10 minutos em pleno centro da cidade. Comprei os bilhetes por 2,50 euros cada.

O trecho percorrido não foi mais do que  8 km e quando vimos, já estávamos em Aquileia, uma pequena cidade de 36 km2 e pouco mais de 3 mil habitantes e pouco conhecida pelos turistas brasileiros. 
                                     

Logo na entrada o simpático italiano me alertou que deveríamos  descer . Assim fizemos e notamos de imediato as primeiras ruínas  do que restou do antigo "Forum Romanun". 
                                        

Ali era a praça principal onde as pessoas se reuniam para conversar e discutir política, bem como assistir ás cerimônias públicas.

A maior parte ainda não foi escavada, dizem, e que ali jaz a maior reserva arqueológica do seu gênero. Estes incluem então, o forum inteiro, o porto fluvial que não tivemos tempo de conhecer), os mercados da antiguidade,, uma certa área conhecida como "sepolcreto"( cemitério) e alguns domuos que apresentam mosaicos notáveis.
Existem também restos mortais que estão alojados nas estruturas museológicas específicas que protegem os famosos mosaicos: o Museu Cristão Primitivo, a Cripta dos Afrescos, o Batistério, o Palácio Episcopal e a área do Domus.

Dali seguimos em direção á famosa basílica, observando atentamente aquela maravilha que o tempo conservou quando do nada, um ciclista parou e perguntou em bom som: -vocês são brasileiros'?. falei c Maria Inês: -não... um brasuca aqui?
                                                
Era um rapaz português que morava ali há anos e por acaso, ouvindo nossa conversa se apresentou e simpaticamente se prontificou a nos informar alguns detalhes importantes, bem como a direção certa para se chegar à basílica. Agradecemos e com mais uns minutos de caminhada a avistamos. Uma obra maravilhosa da arquitetura antiga.









Após comermos um sanduíche e uma cerveja numa cafeteria ao lado, iniciamos nossa visita apreciando os belos jardins que circundam a igreja. 
                            

À entrada fomos abordados por um educado senhor que nos informou das condições de visitação da igreja e que para tal deveríamos adquirir os bilhetes num escritório um pouco abaixo. Aconselhou - assim fizemos- adquirir bilhetes completos(10 euros por pessoa)para visitação total do complexo,incluindo o batistério, as duas criptas e o campanário.

Começamos nossa visita pelo Batistério, que encontra-se do lado de fora da Igreja.É datado do século IV e tem seu piso coberto de mosaicos, todos restaurados.


                                                       


          
Dentro da Basílica, há um impressionante microcosmo de pura espiritualidade, que longe dos excessos suntuosos a que estivéramos acostumados com outras fantásticas igrejas, apresenta-se com sua bela arquitetura greco-romana. 

Construida no século IV, tem uma área de 760 m2 e o seu pavimento mosaico, lindíssimo, é o maior e mais antigo  mosaico cristão do mundo ocidental. Os temas do mosaico são permeados de simbolismos que levam ao agnosticismo, coisa que era muito comum na Aquileia dos tempos primordiais.   



                       




Nossa visita prosseguiu pela Cripta dos Afrescos, uma espetacular galeria com afrescos que parecem novos de tão bem conservados. Construida no século, foi decorada no final do século XII e seus afrescos aludem as origens do cristianismo em Aquileia, enquanto algumas imagens narram cenas da vida de Cristo e Maria. O majestoso afresco absidal remonta ao ano  1031 sob o domínio do Patriarca Poppone e retrata Maria em trono cercada pelos mártires da tradição Aquiliana.
 
Passamos a seguir para a Cripta das Escavações  que é parte de um caminho subterrâneo onde pode-se admirar um outro interessantíssimo piso de mosaicos em que os animais, carregados de significados simbólicos, parecem ser porta vozes de vícios e virtudes. 

Havia duas  dezenas de turistas acompanhados por uma guia que explicava os detalhes em inglês e desse modo, sem mesmo querer, pegamos carona nas explicações. 
   






Na parte externa do complexo está localizado um majestoso campanário, ao qual tive acesso a seu topo por uma estreita escadinha de pedra. Lá de cima tem-se uma espetacular visão e toda redondeza, evidenciando o potencial turístico da região .

                                                


 



Mais ao fundo atrás da basílica, está localizado o cemitério local.Sua beleza pode ser destacada pela sobriedade das lápides e o esmerado cuidado dos jardins.











 
Para aqueles fãs de arqueologia, prédios e história antiga como eu, Aquilleia conserva ainda muitos objetos e restos em dois museus. O Museu Arqueológico e o Museu Paleocristão. Tive uma grata surpresa ao conhecer essa que foi uma importantíssima cidade no tempo do Império Romano. Recomendo a todos que a conheçam.








domingo, 4 de agosto de 2019

Um passeio a UDINE

Quinta feira, 25 de abril


Todo ano, no dia 25 de abril comemora-se o Giorno della Liberazione na Itália ou Festa della Liberazione, com um feriado nacional. Este 25 de abril foi um dia fundamental na história da República Italiana, mas também para o fim da Segunda Guerra, com um particular significado político e militar.

Nesse dia,os italianos saem às ruas para homenagear os líderes e soldados que lutaram pela demoracia. Cortejos cortam as ruas das cidades para depositar coroas de folhas nos monumentos, entre outras atividades e comemorações.


Um pouco de história

Os movimentos de resistencia nos países europeus durante a segunda grande guerra mundial constituem-se em episdódio marcante de afirmação de patriotismo e defesa nacional contra a ocupação nazista de suas nações.

Esses movimentos se orgnizaram em todas a nações conquistadas pelo nazismo. Na Itália governada por Mussolini com seu regime fascista, houve também uma histórica resistencia contra as autoridades politicas, policiais fascistas e contra o nazismo que, em razão fo fracasso militar fascista, ocupou parcialmente a Itália para evitar o avanço dos aliados.

Como movimento armado, baseado em táticas de guerrilhas, a resistencia surge quando a Itália é invadida pela Alemanha em 1943. Os membros  do movimento eram chamados de partigiani, isto é, um combatente armado que não pertence a um exercito regular, mas sim a um movimento de resistencia ao invasor.

Seu campo de ação é a retaguarda do inimigo e sua ação militar é tanto o combate como ações de sabotagem  dos recursos  usados pelos ocupantes: linhas férreas, rede elétrica, comunicações, atentados, roubar cargas, libertar prisioneiros.

Como regra, esses movimentos compunham-se  de combatentes de qualquer corrente de ideias: liberais, socialistas, monarquistas, anarquistas e o que importava era lutar contra o inimigo.

Os principais movimentos de resistencia ao nazismo durante a guerra foram: resistencia francesa, italiana,soviética, Iugoslávia, polonesa, tcheca, belga, holandesa.

O oposto da resistencia era o movimento colaboracionistas: situação em que o país derrotado entrega-se ao invasor e com ele colabora tornando-se inimigo e perseguidor de seus compatriotas. Estes, depois da derrota do invasor, eram executados como traidores As mulheres tinha seus cabelos raspados e expostas a uma exacração social. 

A Itália não é o único país a comemorar o dia da Libertação. A Holanda comemora em em 05 de maio, a Noruega em 02 de maio e a Romênia em 23 de agosto.( Informações retiradas da web) 

Eu e Maria Inês resolvemos conhecer a cidade neste dia festivo e para isso tomamos o trem ás 8;50h na estação Trieste Centrale.                                                   

 
Estacionados nos diversos binários ( plataformas em portugues), estavam duas ou três composições com suas máquinas estranhas aos meus olhos. Mais ao lado, um vibrante 'frecciarossa", que se destaca pela velocidade, conforto e pontualidade.  O nosso trem foi igualmente confortável, limpo e rápido, mas nada a se comparar aos 270 km/h de velocidade dos "freciarossa".
                                 

O trem que tomamos possui confortáveis poltronas e os vagões dispõem ainda de espaço para ciclistas estacionarem suas bikes, fato que observamos em Cervignano, onde dois casais devidamente equipados entraram e desceram logo depois para um percurso talvez montanhoso, conforme depreendi pelo rumo que tomaram. Ainda um casal de mochileiros desceu em Cervignano e pelo que ouvi, se dirigiam a Aquileia e depois Palmanova. 
                                                
A viagem segue cruzando campos de uma planura verdejante e o trem é de fazer inveja a nós brasileiros que não dispomos de um mísero transporte ferroviário, a não ser o trem Vitória -Minas, que trafega a uma velocidade média de 65 km/h e gasta perto de 13 horas entre as duas cidades.

Um país continental como o nosso sujeita-se ao caótico transporte rodoviário, entulhando nossas precárias estradas( poucas exceções) de loucos ao volante de seus possantes caminhões e tresloucados que ainda dirigem bebados ou "rebitados".                             
                                                           
No caminho notei com satisfação, que as propriedades rurais possuem casas de moradia que mais pareciam de uma cidade,(acho até um pecado classificá-las de "rurais") tal a beleza arquitetonica e esmero no cuidado com as cores, estilo e os inseparáveis jardins floridos. Sempre um ou dois carros na garagem e ao redor vastos campos planos e verdejantes de trigo e ou videiras.
                                           
      
Uma hora e dez minutos depois estávamos entrando na Estação de Udine, depois de apreciar a bela paisagem dos campos cultivados e algumas das boas cidades do trajeto como Barcola, Cervignano e Monfalcone.  O percurso passa ainda pelo aeroporto regional de Trieste-Friulli-Giullia.
                                                         

Descemos naquela pouco movimentada manhã de feriado e estranhamos mesmo a ausencia das pessoas, afinal Udine- capital histórica do Friulli- é uma cidade grande e movimentada.Procuramos alguma banca para comprar um mapa da cidade para checar os pontos turísticos, igrejas museus, etc.,  mas estava tudo fechado. 
                                               

                              
Num mural em frente da estação vimos um grande mapa e através dele nos orientamos.Alí em frente estava uma loja Mc Donald's aberto e isso foi uma garantia que nosso almoço estaria garantido.
                                                       

Fomos devagar apreciando as casas e edificações tipicas da cidade, quase todas certamente com seus 150 ou 200 anos de idade. Todas belas, imponentes e conservadas. O caminho nos levou até uma praça de nome Libertà e ali estava começando a festa. Centenas de pessoas estavam reunidas naquela histórica praça, circundada por imponentes predios medievais,esperando os  acontecimentos . 
                                                    

Em frente ao prédio que me pareceu ser a prefeitura, duas duzias de soldados perfilados, paramentados com garbosos uniformes de gala, esperavam alguma ordem, sempre segurando seus fusis auitomáticos e sub metralhadoras reluzentes.
                                                 

Aio fundo, sob uma grande marquise, um palco servia de base para várias autoridades. Ficamos ali procurando um melhor angulo para fotografas quando um rufar de tambores se fez ouvir e logo um batalhão de soldados e civis, portando uma infinidade de estandartes adentrou a praça, vindos de uma esquina próxima. Á medida que o batalhão se aproximava as pessoas iam se apertando e ficamos um tanto espremidos nos degraus deum obelisco. a banda e obatalhão passaram e foram se alinhar noo pátio á nossa frente.
                                                

Outra banda surgiu e fez o mesmo percurso e pela imensa quantidade de bandeiras vermelhas entendi que era o batalhão do Partido Comunista, que ato seguinte passou a gritar palavras de ordem contra a autoridade- o prefeito- que havia começado o discurso. Gritavam em uníssono: fascista, fascista!!
                              

Logo meu pensamento se voltou ao Brasil onde centenas de militantes da CUTm PSOL, MST, etc, com suas bandeiras vermelhas costumeiramente atrapalham as manifestações da direita.
                                                 

Como eu achei que aquela discurseira ia se prolongar muito e a barulheira me impedia de entender o real sentido do sermão do fascista do prefeito, chamei Maria Inês e fomos visitar o Castelo di Udine, imponente estrutura de aspecto medieval localizado contiguo à praça.                                           
                                                 
Lindo portico de entrada! datado de 1506, era a porta de entrada ao castelo, cujopátio externo alcançamos através de uma via em forte ascenso á direita, passndo inclusive por uma igreja antiga, fechada por reformas.



Chegamos ao pátio externo todo gramado e que dá para se admirar as dimensões da estrutura, áquela hora ainda fechado.                                       

Fomos a um restaurante ao lado onde, calmamente, degustamos vinho branco acompanhado de uns tradicionais petiscos.                                                     
       
A seguir descemos de novo para a praça Libertá e vimos que as atividades haviam se encerrado, restando pouca gente nas redondesas. Seguimos caminhando meio sem rumo e demos de cara com a maravilhosa catedral de Udine, dedicada a Santa Maria da Anunciação, uma maravilha arquitetonica de cair o queixo.                                     

                                                               


A essa altura bateu mesmo a fome e saimos zigzagueando pelas ruelas antigas até nos depararmos com uma praça central, quadrada, toda cercada por aquelas casas de dois ou tres andares, datadas de uns 300 anos, iguaizinhas às que vemos em filmes. Fantástico!
                                                     
No meio da praça estavam armadas tendas  e gazebos onde artesãos expunham suas criações e ao redor inúmeras cafeterias e bares ofereciam refeições e bebidas. Sentamos num deles, pedimos vinho branco e batatas fritas, até descobrirmos logo depois em salvador restaurante chinês.
                                           
Naquela fria manhã, de um lugar ao norte da Itália, sentado numa mesinha de café, saboreando vinho e rodeado de casas medievais, nos sentimos no meio de um filme de Antonioni ou Vitório de Sica.

Voltamos á estação e embarcamos de volta ás 17 horas, desta vez passamos por Gorizzia, uma comuna de nome sloveno. A  viagem de volta sempre parece ser mais rápida, em qualquer situação e isso parece que tem algo a ver( a ida) com a ansiedade de se chegar ao lugar desconhecido.

À noite em casa, alguns colegas do Danilo foram visitar o Lorenzo e ficamos até as 11 da noite tomando vinho e comendo pizzas. Uma das garotas e neo zelandesa e a outra francesa. aproveitei para colocar meu inglês e italiano em dia. 

Excelente dia passamos.









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