quinta-feira, 12 de setembro de 2019

Um dia em Trieste, a cidade do Mar.

O clima aqui em Trieste , como de resto em toda região de Friuli-Venezia- Giulia, cuja capital é Trieste, é bastante instável. Nesse domingo, 28 de abril, estava previsto mau tempo e de fato veio a  chuva acompanhada de  vento e frio cortante.

O frio, para mim pelo menos, é saudável ,desde que não seja aquele tipo polar, mas o vento é um adversário respeitável para quem gosta de caminhar, o meu caso.

Mesmo assim saí cedo e bem agasalhado,  para conhecer outras partes dessa cidade interessante que possui influencias italiana,austro-húngara e eslovena, bastante evidentes em seu cenário e que ainda inclui uma antiga cidade medieval e um bairro austríaco neoclássico, que infelizmente não conheci. 
                                            
Por aqui passaram vários povos, mas foram os romanos que deixaram as primeiras e mais importantes marcas. Com a queda do Império Romano, Trieste passou para o domínio do Império Bizantino, depois dos francos, mais á frente lutou contra a República de Veneza para finalmente se aliar ao Império  Austro  Húngaro, que manteve o domínio até 1918!

Trieste está repleta de vestígios desses períodos pelos quais passou, mas principalmente, destaco a imponência e os detalhes dos estilos arquitetônicos,neoclássicos,neogóticos e barroco.                                                  
Saindo de casa do Danilo no Campo Marzio (acima) com poucos minutos alcancei a espetacular Marina di San Giusto, que abriga  nada mais que milhares de barcos, escunas, veleiros e iates de todos os tipos.
                                                     



Localizada entre as docas do antigo porto é o principal ponto do turismo náutico em Trieste. Como é um local central da cidade, imediatamente mergulha os turistas que ali chegam, inclusive os grandes transatlânticos, no coração da cidade.

A vista do Castelo Miramare, da Colina di San Giusto e a proximidade da Piazza dell'Unitá d'Italia, representam um ponto de vista incomparável, pois fica a poucos passos  das belas atrações culturais, recreativas, supermercados. Nesse caso,- sua excelente localização- faz dela a porta de entrada para os Bálcãs e Europa Central.
                                                   
Aqui ocorre a famosa BARCOLANA,que dizem ser a " the world's most crowded regatta, ou seja, a maior regata do mundo. Esse ano será em outubro, 13, conforme você pode ver AQUI.Em 2018 foram mais de 2.600 participantes.

Impressionante a quantidade de barcos que alí vi atracados, e por sorte, mais tarde, atracou o enorme cuiser ARTANIA, de propriedade da companhia alemã"Phoenix Reisen e segundo me informou um dos atendentes- sim a presença de centenas de pessoas que embarcariam provocou em congestionamento na passagem- há sete anos esse cruiser não visitava Trieste. Ele transporta cerca de 1.200 passageiros, tem 231 m de comprimento, pesa 44 mil toneladas e navega a 22 nós por hora. 
                                                             


      
Fiz algumas fotos, gastei um tempo ali assistindo ao vai e vem dos turistas, o borborinho dos que iam embarcar- eram muuuuitos- saindo dos confortáveis ônibus de inúmeras procedências, automóveis de  dezenas de cidades da Europa Central, mas principalmente da  Eslovênia, Croácia, Áustria, Hungria, Alemanha e Polônia. Carros lindos e caros: BMWs, Mercedes, Audis, Citroens, Skoda, muitos deles movidos a diesel! Inveja desses europeus!

A atmosfera acolhedora e elegante, a vista deslumbrante da cidade e o cuidado com cada pequeno detalhe fazem da Marina San Giusto o ponto de "aterrissagem" ideal para todos que se dedicam ás atividades náuticas.                                                 


Terminado meu momento de turista observador, segui rumo á Piazza Unitá d'Itália que dizem ser a maior de Europa de frente para o mar. 
Pode ser pois é linda, com seus imponentes edifícios de estilos  neoclássicos, como o prédio da Prefeitura, um hotel, o Palazzo Stratti e a Fontana dei Quattro Continenti, uma fonte cujo nome representa os quatro contientes até então descobertos( 1754). 
Em 1938, quando Mussolini visitou a cidade a fonte foi retirada da praça. Era época das leis raciais fascistas. 

Em frente a praça está o famoso pier Molo Audace, onde fiz excelentes fotos do por do sol. Construido em 1751, tem 200 metros de comprimento e recebeu esse nome em homenagem ao destroyer da Marinha Audace.
                                                   


Nessa famosa praça, milhares de triestinos e turistas a elegem como ponto principal de encontros ou simplesmente para degustarem um vinho ou expresso  nos seus famosos cafés . Movimentadas sorveterias estão espalhadas nas redondezas, e a San Marco é uma das que mais frequentamos. A quantidade e sobretudo a qualidade dos sorvetes é um espanto! Deliciosíssimos, são avidamente disputados por turistas , atraídos por sua fama. 

                     
Os italianos ( idosos de fato) tem o agradável costume de passar horas a fio  numa mesa de alguma cafeteria saboreando preferencialmente, cafés mas usualmente também  vinhos brancos. Faz sentido, uma vez que a região produz excelentes produtos e um pouco ao norte de Trieste está a localidade de Prosecco.Mas essa Prosecco aí não tem nada a ver com o espumante. Veja  Aqui um excelente comentário de uma pessoa que visitou a região de Treviso.

O que espanta mesmo a nós brasileiros em particular é a quantidade de cães que circulam junto a seus donos. Não importa a raça ou o tamanho: o dog é persona grata em qualquer restaurante, farmácia, supermercado,sorveterias ou cafeterias e mesmo nos elevadores. até nos ônibus os lalaus tem cadeira cativa. É impressionante. 

Outro fato desagradável  no convívio diário com os italianos é o absurdo como fumam. Homens, mulheres, idosos ou não, fumam desregradamente, em qualquer lugar. Evidentemente constatei que alguns, educadamente, saem dos recintos fechados e fumam na rua.  As lixeiras, espalhadas pelas ruas, sistematicamente localizadas em pontos estratégicos, possuem um digamos, nicho,que utilizam exclusivamente para apagarem seus fedorentos cigarros.

Mas tem o lado bom ,claro de se sentar a uma mesa e saborear um vinho . Mulheres em geral ou tomam o vinho branco ou aquela bebida avermelhada que chamam de aperol; dei uma bicadinha uma ocasião na taça de maria Inês e confesso que parece um xarope.


Depois de passar pela Piazza d'Italia fui caminhando  meio sem destino, mas visando aquela parte medieval que falei ali acima e com pouco tempo, cheguei ao antigo teatro romano. Construído e no século I DC,, na nossa era foi descoberto somente em 1814 em 1938 começaram as obras de demolição de várias casas que o cobriam e as estátuas que decoravam suas salas foram levadas para o Museu Cívico(fiquei devendo essa visita).
                                                      





Ali perto, a um passo da Piazza d'Itália, ruelas com não mais de dois metros de largura, configuram o fato da medieval idade do local. Um dos itinerários que também conheci, foi um dos poucos monumentos restantes do tempo do império romano que está de pé: o Arco di Ricardo, ou o que restou dele.  





                                    

   
                                                     



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