sábado, 23 de junho de 2012

Carta aberta ao guri que fui

Moises Silveira de Menezes


Quando vim de lá trouxe quase tudo.
Tudo que cabia na velha mala sebruna e 
Nos anseios de horizontes largos.

Ficou um potro de cachos negros,
Ausentado de quem lhe cavalgava al pedo, ao sabor do vento.
Ficaram meus tão queridos
Que ainda hoje trago nos meus recuerdos,
Junto de outras tantas bem querencias
Que me foram acrescidas pela estrada.
Ficou um amor não resolvido
Eternizado em sonetos tolos e ingenuos.

Fui guri plantado à beira do rio
Onde a prata dos lambarís espelhava o ouro sol de verão,
Bailando ágeis sobre as corredeiras 
emolduradas de aguapés e sarandís.
Trago na retina a imagem 
De mal me queres desfolhados,
O doce sabor das frutas silvestres,
A aroma do aniz e da maçanilha
Que compuseram sutil sinfonia,
Dando contorno ás próprias ausencias 
E aconchegando as minhas distancias.

Aos torvelinhos se intercalam na lembrança
lentas imagens da paisagem da querência,
capões de mato enclausurando centenárias casas
onde dormitam amarelados retratos nas paredes
como guardiões de uma história meio bruta
perenizada na dureza dos relatos.
Rios preguiçosos onde se espelham cerros grandes
e costeiros fantasmas perambulam
na boca larga dos causos e das lendas.
Deste cenário eu vim, partido, repartido
ombreando o fado de moldar sonho e destino
ao som longínquo de um clarim em retirada.

Hoje tenho certeza, que não vim de todo

ficou uma parte, partida, vagando
nos campos floridos da infância
talvez por isso, vez por outra
volte a pequena e plácida cidade,
esculpida no alto da coxilha
entre a Serra Geral e o Planalto,
busco elos, peças em falta
no intricado quebra-cabeças
que paciente e perseverante
vou montando ao longo dos dias,
para entender donde vim e pra onde vou.

Me reencontro em parte, aos poucos

quando o disperso imaginário
me transporta em fantasia,
olhar sonhador, plasmado
na frágil e grácil silhueta
da professorinha da escola rural
que serena e mansamente
desfiava contas e contos,
talvez sem se dar conta
de um amor primeiro e singular
que aprisionou-se nos subconsciente dos funções
para renascer ao ensejo de lembranças fugazes.

Por isso à noite quando o sol se põe

e a lua branda se recorta ao céu
dou asas longas a meus devaneios.
Despacito vou me enfurnando "lejo"
no campo largo das reminiscências
onde vagueiam inocentes pirilampos.
Campeio um jeito de volver atrás,
junto coragem pra rever estragos
que cimentaram no caminho andado,
pois, só um rosto numa foto antiga
amarfanhada no desalinho das gavetas
liga o real e o meu faz de conta.

Se eu não voltar para ficar, contudo

viverei poetando esta saudade linda
que acalma a dor e aproxima os longes,
mas, volta e meia, inverterei o rumo
trançando estradas como um peregrino,
buscando imagens, gestos, paisagens
que amenizem o passar dos anos.
Jogarei linhas de espera nos remansos,
irei a escola ver se alguém desfia
contos e contas como antigamente
e ao retomar terei certeza, enfim,
haver encontrado o guri que fui.




domingo, 17 de junho de 2012

Circuito Vale Europeu Catarinense-2ª parte



O relógio despertou às 5.30. Estava mesmo gelado e não dava coragem de sair de debaixo daquelas quentes cobertas. 
Meio a contra gosto levantamos e o  problema foi lavar o rosto com aquela  água geladíssima  da torneira, então a solução foi ligar o chuveiro.

Arrumadas as coisas, mochilas fechadas fomos para o café da manhã, servidos com o mesmo esmero e qualidade que o jantar anterior. Neste café a entrada diferenciada foi aquele barquinho de mamão papaia sustentando salada de morango.Todos aprovaram e garantiram copiar a receita.

           Circuito Europeu          Circuito Europeu
Despedimo-nos daquele cordial casal, suas filhas e saímos pelos campos gelados do Zinco em direção a Rodeio
 Pelo caminho fotografamos as cabanas e constatamos a solidão daquele ermo lugar, sem cultivo de coisa alguma ou algum gado bovino. Apenas campos isolados e frios.
 As mochilas e o JA foram no taxi, previamente contratado e que na verdade era o mesmo de Benedito Novo, na pessoas de Sr Edson, figura da melhor qualidade.
                 Circuito Europeu       Circuito Europeu
Descemos a íngreme ladeira subida na véspera e rapidamente eu e Elizete, oito km depois, chegamos a uma encruzilhada onde há um ponto de ônibus e um cachorrinho negro por mim apelidado de  "barack" a nos recepcionar.
Ficamos alguns minutos ali para comer umas bananas e tomar água. 

O caminho dali para frente não apresentou muitas variações, vimos ao longo da estrada imensos campos de pinus e eucaliptos que sustentam as serrarias locais e ainda a constante prsença de belas casas rurais de madeira.

Caminhamos com passos firmes e por volta das 10.40 vimos uma inscrição que Jorge fez no chão avisando que estava no rumo certo.
Apertamos o passo e ao longo de uma vasta planície o avistamos ao longe, subindo uma forte ladeira. Quando o alcançamos já estáva no alto da serra, preparando-se para a descida. 
Uma pickup nos alcançou e o motorista nos perguntou o que ali fazíamos.
Depois das explicações nos convidou a subir mais uns 2 km morro acima e apreciar o local onde a empresa dele construía a maior tirolesa do Brasil. Não nos animamos e fomos descendo a imensa serra em direção a Rodeio, cruzando ainda com alguns ciclistas que faziam o Circuito no sentido inverso.
 Descemos até alcançarmos um lugarejo de nome Ipiranga onde apreciamos a igrejinha local de N S de Lourdes estabelecida em 1906. 

 Várias casas construídas á beira da estrada não apresentaram sinal de vida, ou seja, atravessamos toda ela sem ver uma única pessoa


Mais à frente deparamos com dezenas de estátuas de anjos plantadas á beira do caminho, ladeando uma enorme do Cristo Redentor. Soubemos que uma pessoa  mandara construí-las, em pagamento de uma graça alcançada.


Continuamos a descida, sempre cruzando inúmeros riachos que descem daquela imensa serra, para chegarmos á entrada de Rodeio onde pegamos o calçamentp rumo a pousada da D.Irene.
Passamos pela entrada da Vinícola San Michelle, recomendada pelo amigo Haro Kamp da Pousada do Zinco e que nos servira um excelente vinho de uva italiana de nome "teroldego".
Ao passarmos defronte uma fábrica de estruturas de alumínio fizemos uma foto interessante. 

Dalí até a pousada foram mais uns 20 minutos, passando pelo portal da cidade e hospital do SUS.
Na entrada da pousada, bela construção moderna, estilosa e sem muros, JA estava  à nossa espera. Fomos apresentados a D.Irene e Sr Dandy, pesssoas maravilhosas e hospitaleiras. 
                                          Circuito Europeu    

Rapidamente fomos encaminhados aos quartos amplos, limpos e confortáveis, onde tomamos banho para logo depois irmos ao único restaurante local para comermos uns sanduiches, já que o horário de almoço estava encerrado.
 
Fomos em seguida visitar a Igreja matriz de S. Francisco, que abriga ainda um noviciado destinado aos estudos teológicos dos alunos da região sul do país. Do alto da Igreja tem-se uma bela visão da imensa serra que descemos, chamada Serra do Oitenta.

Quando voltamos Sr Dandy já estava á nossa espera nos levar até a Vinicola San Michrelle, onde degustamos uns bons cabernets. Compramos um excelente vinho em caixa de 5 litros, com torneirinha acoplada  e ainda algumas garrafas para levar para Vitória.


Ainda ele nos levou para conhecer nos arredores um  hotel de grande porte hoje desativado, que abrigava os primeiros caminhantes, situado num parque onde desponta uma bela cachoeira e que administrado pela prefeitura local, serve de área de lazer para a a população.. Possui área de lazer com barzinho, balanços,quiosques, etc. 

              Circuito Europeu             Circuito Europeu

Nesse meio tempo os outros andarilhos tinham chegado e já estavam prontos para o jantar. Fomos então para o Caminetto, excelente restaurante situado defronte a pousada onde tivemos diplomática recepção pelo proprietário Sr Nilton  que nos brindou com farta refeição tipo italiana.
O vinho completou o cardápio e ao final um bolo serviu de motivo para cantarmos o parabéns ao José Antônio( JA)
Voltamos para a pousada para enfim descansar e prepararmos para o dia seguinte, o último do caminho.

7º dia - De Rodeio a Apiúna. 

Levantamos um pouco mais cedo que o costume pois o rrecho deste dia seria mais curto, cerca de 19 km. Alías menos, pois o caminho traçado e constante do livro-guia começa no hotel desativado bem na entrada de quem vem do Zinco, sendo talvez uns dois km menos.

               Circuito Europeu           Circuito Europeu
Tomamos o café, fizemos as fotos de despedida do simpático casal  e runamos para Apiúna via Ascurra, cidadezinha cerca de 10 k depois onde se destaca uma bela igreja anexa a uma construção característica de um colégio  daqueles que só existiam em ciddes do interior absolutamente católicas
                   Circuito Europeu     Circuito Europeu
Caminhamos pelas ruas frias ainda desertas até um ponto onde fizemos fotos alusivas ao km 200, até chegarmos por volta das 11 hora ao lugarejo denominado Guaricanas, onde paramos para descanso, lanche e conversa com um casal que saia da igreja local.
Prosseguimos agora em passos mais rápidos pois o final estava próximo, sempre acompanhando o rio Itajaí-Açu ao nosso lado esquerdo.

          Circuito Europeu            Circuito Europeu
Quando avistamos a ponte pensil sobre o rio vimos ao longe as torres da Igreja de Sant"Ana, nosso ponto final. Foi com alívio e alegria que percoorremos os metros finais para então no interior da igreja, fazermos nossas orações de agradecimento pelo sucesso do caminho em que nada desgradável acontecera.  
        Circuito Europeu         Circuito Europeu
Dali fomos para um restaurante nas proximidades onde passamos alguns momentos de descontração, bebericando umas cervejas e o resto da meiota que o A.Falcão ganhou no di anterior.
Como o JA trouxe as mochilas de Rodeio, passamos todas para a van que nos levaria a Navegantes. Nesse momento nos despedimos do JA e família, que acompanhado do Jorge tomaram o rumo de Urubici, Urupema e São Joaquim para curtirem um "friozinho", uma vez que aquilo que passamos não deu nem para fazer cócegas,rs!! Barbaridade!!!

             Circuito Europeu  Circuito Europeu
Lá foram eles e nós para Navegantes na movimentada BR 470.
Chegamos por volta de 16 h e tomamos o Flat Aeroporto, imponente nome para um fraco hotel. Nosso quarto não tinha chuveiro adequado e tomamos banho frio. Lá fora deveria estar uns 7ºC!! Da janela fotografei a praça em frente ao acanhado aeroporto.


Depois de estabelecidos e arrumados fomos ao saguão do aeroporto fazer uma hora e a seguir para uma pizzaria degustar uns chopes, ouvindo um cantor que teimava em imitar o JA!!
Voltamos ao hotel para a última nnite catarinense.

&º dia  Navegantes-Vitória

O barulho dos aviões no aeroporto em frente nos acordou e assim com esse despertar, começamos a arrumar as mochilas para enfrentar a última viagem.
Tomamos o café, fizemos o acerto financeiro com a gerencia e no aeroporto ficamos aguardando a hora do embarque, que se deu ás 10 h, durando o vôo 1h 15 até o S. Dumont.


 
Lá chegando colocamos as mochilas nas costas, o que certamente causou espanto aos cariocas por verem o desfile de uns abusados mochileiros. Deixamos a tralha no maleiro do lado de fora do aeroporto e pedimos a um taxista que nos levasse até o boteco da LApa que ele mesmo gostaria de ir.
Levou-nos ao Capela Nova, escelente casa de refeição de arquitetuta condizente ao local do Rio antigo, com azulejos portugueses do século passado ou atrazado sei lá, onde derrubamos uns chopes e uma cachaça honesta.





Findo o repasto saimos pelas ruas do Rio antigo fotografando os casarões e os inevitáveis arcos.

Fica aqui o registro daquilo que tempos antes, algum diretor  levou  uma peça chamada "Greta Garbo quem diria, acabou o Irajá.   Digo então que:

 " Os Andarilhos Capixabas quem diria, acabaram na Lapa"

"Imagens do Rio antigo,
Berço de grandes vultos d história,
A Lapa de hoje,
A Lapa de outrora
Que revivemos agora"

Vitória, 15 de juho de 2012







sexta-feira, 15 de junho de 2012

Circuito Vale Europeu Catarinense



O Vale do Rio Itajaí foi colonizado por imigrantes europeus,principalmente alemães, que fundaram Blumenau em 1850. No último quarto de século XIX, os italianos se instalaram nos arredores das povoações germânicas  já existentes. Os descendentes desses povos preservam os costumes antepassados na culinária, na arquitetura, nofolclore, nas danças e nas festas. A natureza prisvilegiada da região propicia inúmeras alternativas de ecoturismo e turismo de aventura.
O Vale Europeu tem uma população de 1.100.000 habitantes(2010) numa área de 14.367 km2 e renda per capita de  R$ 20.218,00.
Blumenau, a maior cidade possui 309.000 habitantes, Brusque 105.000, IRio do Sul 61.198, Indaial 54.800, Gaspar 55.500. 
Anualmente dezenas de milhares de pessoas chegam a Blumenau em outubro para a Oktoberfest, festa movimentada por bandas típicas, muita alegria, danças, e claro muita cerveja.Pela magnitude que tomou a Oktoberfest tornou-se a maior festa alemã da América.
Em janeiro Pomerode promove a Festa Pomerana.
A cultura dos imigrantes italianos é festejada na Anima Italiana em Rio do Sul entre maio e junho, na Festitália em Blumenau, na Festa Trentina em Rio dos Cedros em setembro, e na La Salagra em Rodeio, em setembro.
Ficam no Vale os dois mais importantes santuários católicos de Santa Catarina. O de Santa Paulina em Nova Trento, que é o segundo mais visitado do Brasil depois do Satuário de Aparecida e o outro é o de N.S de Azambuja que fica no Vale do Azambuja em Brusque.
A herança religiosa dos imigrantes alemães está presente nas igrejas luteranas espalhadas pela região desde a pacata Agrolandia até a vibrante Blumenau.
O relevo do Vale é um convite ao turismo oferecendo excelentes condições para os esportes, desde a aventura, uma forte tradição no uso da bicicleta ainda como meio de transporte e apresentando então o primeiro roteiro de cicloturismo no Brasil, num percurso total de 300 km por vias secundárias, trilhas ou margens dos rios  percorrendo  nove cidades, á partir de Timbó.

Desde o final do ano passado, nós andarilhos tinhamos combinado fazer uma caminhada pelo Circuito Vale Europeu Catarinense, interessante viagem pelos caminhos montanhosos e gelados do estado de Santa Catarina.
O grupo era o mesmo que no ano passado foi para o Caminho da Fé(MG e SP), desta vez acrescido de Marta,José Antônio e sua esposa Elizete. Ele foi de carro até  Indaial tendo saído de Vitória dois dias antes, numa  longa porem interessante viagem turística segundo ele mesmo.Lá se encontrou com filho que reside em Florinópolis
Saímos no dia 2 de junho aproveitando o feriado de Corpus Christi, uma data que  está se tornando preferida pelos andailhos devido as temperaturas frias/amenas favoráveis às caminhadas de longo percurso.
O vôo da Gol saiu de Vitória as 8.30  com destino a Navegantes fazendo escala no Rio. Quando estacionado,consegui fazer uma foto no cockpit do Boeing modelo 800, por uma especial cortezia do comandante, carioca bem humorado que tornou a viagem agradável com informações precisas e inteligentes no momento do sobrevoo sobre a cidade maravilhosa.
Prosseguiu o vôo ás 10.30 chegando em Navegantes ás 11.45. Ao chegar a Navegantes o avião fez uma curva acentuada e pudemos avistar a foz do rio Itajaí-Açu que separa Navegantes de Itajaí, cidade com um sistema portuário de grande expressão no transito marítmo da região, pois S. Catarina é sede de importantes indústrias exportadoras de produtos, notadamente os frigorificados.
O Porto de Itajaí é responsável pela maior parte das exportações da Região Sul do país e é segundo colocado no ranking nacional de movimentação de contêineres. Itajaí é o celeiro de desenvolvimento econômico e referência nacional em infraestrutura voltada à instalação de empresas. Polo da indústria naval, já conquistou a vinda de empresas exportadoras da área de montagem automobilística e também no de vestuário.
Detalhes sobre a cidade leia aqui.
Na saída do pequeno aeroporto já estava à nossa espera a van da empresa Sky Tour contratada para o translado de 80 km até Indaial, diga-se de passagem  excelente veículo dotado de onze lugares e bastante confortável.
A viagem transcorreu sem problemas pela BR 470, aquela altura bastante movimentada tendo em vista o feriado. Chegamos em Indaial lá pelas 14.30 e nos dirigimos imediatamente para o Hotel Fink, onde nos esperava Giovana, que com sua acolhedora família típica italiana mora no próprio hotel e possui acomodações simples porém confortáveis.
 

A essa altura a fome estava pegando e o restaurante mais perto, o Baiuca estava fechado. Fui com Jorge a uma churrascaria que ainda tinha comida disponível e lá aplacamos a fome. Os outros preferiram esperar pela abertura do Baiuca ás 19 horas. Compramos vinhos num supermercado local para acompanhar o jantar sendo alí recpcionados pela proprietária Rose que com sua ajudante de forte sotaque italiano se esmeraram no jantar. Para não perder o costume JA  levou seu equipamento de karaokê e fez o habitual sucesso.
Voltamos para o hotel onde recebemos as informações sobre o caminho impressas em um livrinho especial, pegamos as credenciais e fizemos os  acertos financeiros com Giovana.
O livro é de fundamental importancia para as informações sobre o roteiro e sem ele fica difícil o acerto da rota, correndo-se sérios riscos de um ou outro desvio. Dormimos ás 23 horas.Contratamos um taxi para levar as mochilas até Timbó. 

1º dia- Indaial-Timbó

Após uma noite com sono intercalado- o hotel fica numa rua movimentada - acordamos bem cedo ainda bastante escuro para o café da manhã. Com as mochilas despachadas em um taxi alugado, saimos pelas ruas da cidade debaixo de uma chuva fina  em direção a ponte dos Arcos e pegamos a Av. Brasil.

Sendo um domingo e ainda por cima chuvoso, havia poucas pessoas na rua, de modo que fomos rápido pela comprida avenida até alcançarmos o asfalto da BR e cruzá-la com cuidado.. daí caímos na estradinha de terra onde de fato começamos a caminhada.

Muitas lavouras de arroz de ambos os lados, olarias e casinhas típicas. Por duas horas seguimos numa rota plana até que começamos a subir uma serra de forte aclive( foto acima) e cujo percurso levou mais de 1 hora.
 É uma região de mata fechada, raríssimas pessoas foram avistadas e no alto havia uma encruzilhada que motivou dúvidas, mas o certo é pela esquerda- aqui há uma falha na rota escrita no livreto, que não identifica essa bifurcação.

Descemos uma ladeira comprida até Rio Belo, outra subida forte até chegarmos ao 12 ( nome dado pelos locais) ao Rodeio 12. Já eram 13 horas. Como estava um pouco á frente, parei para comer um sanduiche preparado no café da Giovana e esperar ogrupo que chegou logo depois.
 Continuamos o caminho naquela estrada barrenta até Timbó, cidade plana e comprida de muitas casas bonitas, onde chegamos por volta de 16.30.
 
 Chovia fraco e alcançamos a Praça da Tapioca, onde fizemos algumas fotos. Há no local uma represa e uma ponte pensil que se destacam como atrativos locais.
Fomos direto para o Hotel Colonial, carente de  infraestrutura , pois suas acomodações não são ideais e o café da manhã foi fraco.Dormimos  três num quarto apertado e sem conforto.
Devido ao frio o chuveiro não ajudou em nada. Após o banho nos dirigimos a uma pizaria próxima, de belo aspecto visual, com dois ou três ambientes, garçons bem vestidos e atenciosos.

Comemos e bebemos chope( vinho estava muito caro) de torre para aplacar o frio.
Ao sairmos ainda assistimos um acidente de moto onde o condutor visivelmente drogado ou bêbado,caiu por excesso de velocidade, mas sem ferimentos maiores.
Sem muito assunto dormimos ás 23 h, tambem sono atribulado pelo barulho dos carros na rua ao lado.

2º dia- Timbó-Pomerode.
Após o  check out ligamos para um taxista para levar as mochilas até Pomerode.
Saímos ás 6.30h depois de um café simples para um percurso longo e sinuoso. Seriam 34 km até Pomerode, cidade mais pomerana do Brasil, segundo eles.A chuva continuava e não dava sinais de parar e porisso fizemos uso das capas. 

Caminhamos por uma boa distancia pelas ruas da cidade seguindo as indicações do guia (livro) até chegarmos a indicação de entrar a esquerda e pegar uma estrada lamacenta, onde logo a frente enfrentaríamos um forte aclive(foto abaixo).

Nesta subida que dura perto de 1 hora, há um momento passível de confusão pois deparamos com uma bifurcação. Tomamos o caminho da esquerda por se mostrar o mais "batido" que de fato era o correto. Com isso quero dizer que é muito importante  consultar constantemente o guia, pois em caso de dúvida  ele está sempre correto, com a indicação do caminho sempre determinada por uma seta branca.
Ademais por todo o caminho placas indicativas da direção com a inscrição -Mochileiros- e a seta branca,estão estrategicamente colocadas nos cruzamentos ou locais onde possa haver dúvidas.

Caminhamos pela estrada barrenta por cerca de duas horas até cruzarmos uma estrada  asfaltada onde paramos para descanso e um rápido lanche.
Therezinha e Marluce foram na frente e uns dois km depois a seta apontava para a direita.
Chovia muito e não as vimos. Achei que tivessem se enganado ttivessem tomado a direção do asfalto. Eu e Nilton fomos pelo asfalto enquanto os demais tomavam a estrada de terra e subiam a montanha.
Por três horas seguidas eu e Nilton tomamos a maior chuva dos últimos tempos, ainda agravado pela presença dos carros e caminhões que passavam muito próximos.
A chuva não deu um  minuto de trégua e não encontramos um mísero buteco para uma cana esquentadora. Durante esse trajeto não foi possível realizar nenhuma foto.
Passadas estas três horas de intensa chuva, vento e frio, com minhas  botas encharcadas, o Nilton totalmente ensopado, avistamos uma pequena fábrica de roupas e ao lado uma venda. Entramos e havia uns alemães tomando cerveja.
Aquela máxima de que alemão gosta de cerveja se aplicou naquele buteco.Frio danado e os germanos tomando cerveja.
Tiramos as capas e pedimos uma cachaça, mas para minha surpresa o alemão fez menção de pegar uma 51(aquela do Lula) e imediatamente suspendi  o pedido. Pedi um vinho tinto seco e veio logo um"campeão" daqueles de garrafão de cinco litros.
Enquanto os alemães tomavam um prato de "canja de galinha" de dar água na boca, com pé, moela  e tudo mais,tomei logo dois copos e conversamos bastante com os chucrutes.
Mencionamos o fato de que no ES tambem temos a nossa Pomerania-S.Maria de Jetibá-  falei de sua atividade principal que é a avicultura,sua importancia e costumes de só se expressarem em dialeto pomerano.
Os locais  contaram outras histórias, deram as informações  sobre o clima, a chuva, etc e  sobre a Pousada Max nosso destino. Saimos de novo para, enfrentando a chuva,vencer os restantes 4 km para chegarmos a Pomerode, colônia criada em 1861 pelos imigrantes  pomeranos, estrategicamente localizada entre Blumenau e Joinville
Mais informações sobre Pomerode clique aqui
Lá chegamos ainda debaixo de chuva direto para a Pousada Max Pomerode, sendo recepcionadpos por Rose que nos direcionou para um excelente aposento de quatro camas e eficiente chuveiro quente.
Uma hora depois chegaram os outros andarilhos e cada qual foi tomar seu banho para irmos jantar mais tarde na Pizaria próxima, evidentemente regada a bons vinhos.
Alguns andarilhos ainda se aventuraram em um cafe próximo para saborear um fino chocolate quente, fato que eu mesmo fiz no dia seguinte tendo ainda comprado umas barras de  chocolates típicos da região.

3ºdia- Pomerode -Benedito Novo 

Devido uma leve dor na região lombar, manifestada na tarde anterior ao me abaixar para amarrar sapatos, e que me fez recordar o problema que tive ano passado, preferí não fazer esse trajeto, preservando-me para os próximos.Fui de taxi escoltando as mochilas.
Alí em Alto Benedito não havia nuito o que fazer. Uma farmácia, a igreja luterana,um posto de gasolina, uma lojinha tipo 1,99 e mais nada. Peguei uma carona e fui para Benedito Novo distante 6 km onde fui á agencia do B do Brasil e a uma lan house. Fiz um pouco de hora e voltei para o almoço.
Pocos minutos depois chegaram Jorge, Therê e JA de taxi vindo de Rio dos Cedros. Acharam mais prudente não realizar o resto do caminho de 40 km. Ficamos alí pelo buteco tomando vinho até a chegada dos amigos ás 18 h.
Instalados em seus respectivos quartos- bons diga-se de passagem-tomaram banho a seguir fomos jantar, claro que regado com bons cabernets comprados no supermercado de B.Novo. D. Wilma a proprietária a tudo fiscalizava com olhares desconfiados enquanto o marido Eno ficava no bar servindo os bebuns de sempre.
Dormimos aquecidos por eficientes cobertores.

4º dia- Alto Benedito- Dr Pedrinho.
Por temor ainda da coluna, fui de taxi junto as mochilas, chegando às 9.30 na pequena cidade que, segundo consta, nasceu onde existia uma pequena fazenda no Alto do Rio Benedito, pertencente a Fritz Donner. Tempos depois com a imigração vinda de Rodeio,Nova Trento, Luiz Alvez e outras localidades menores,deu-se o desbravamento das terras de Dr Pedrinho. Recentemente a comunide despertou para as belezas naturais da região e deu os primeiros passos para o turismo, pois é cercada por belas montanhas,rios e exuberantes cachoeiras.

Tem no cultivo do arroz sua principal atividade econômica. A influencia italo-germanica pode ser sentida nos pratos da culinária local.
Fui direto para a Bella Pousada, imponentemente situada no alto da colina de onde avista-se toda a cidadezinha.

Como cheguei mais cedo fiquei,apesar do frio e neblina, andando pela pequena cidade para conhecer seus costumes. A cidade dispõe de uma única agencia, a do Banco do Brasil, situada perto dos correios e da prefeitura(foto abaixo) e do único supermercado.

Não ví muita gente na rua, não ví bares- alías uma característica do vale - as pessoas parecem estar em algum lugar de trabalho ou mesmo dentro de suas casas. Estas de tão belas  são caso  à parte, uma característica marcante da região colonizada por alemães e italianos.

São na sua grande maioria de extremo bom gosto na arquitetura, sejam elas de alvenaria ou madeira( uma constante o uso de madeira), na conservação  e no trato com a jardinagem.

O esmero no trato com jardins e gramados é digno de registro e espanta quem não é acostumado. O colorido das flores é um atrativo que está enraizado na cultura local, fato que se observa em todo o caminho.
Os outros andarilhos chegaram por volta de 15h e fui me encontrar com eles na entrada da cidade. A distancia da pousada situada no alto da colina, espantou alguns mas ainda esticaram os passos para vencer os últimos 1200m.
A Bella Pousada foi uma das tres melhores em que nos hospedamos. Dispõe de acomodações excelentes, com camas macias e lençois e cobertores à vontade.Um banho quente serviu para colocar a musculatura no lugar. O jantar, de excelente qualidade, foi servido às 19.30 acompanhado de algumas garrafas de vinho que trouxemos do dia anterior.
Após esse bom jantar jogamos umas conversas fora e fomos dormir meio embriagados e embalados por um silencio interiorano que há tempos não "ouvia".

4º dia- Dr Pedrinho- Campo do Zinco

Conforme disse a  metereologia, a noite seguinte seria a mais fria da temporada, havendo previsão patra a Serra Catarinense( S.Joaquim,Urubici, Urupema, etc) de temperaturas negativas da ordem de -7ºC.
Acordamos ás 5.30h ao som de algumas vacas da fazenda ao lado para, rapidamente, refazer as mochilas que seriam despachadas no taxi e fomos para o reforçado café que nos serviu a Sra Karim, gerente da pousada.
Findo o repasto fizemos as fotografias alusivas e saimos pela úmida ladeira  que leva ás ruas da cidadela, atravessando a rua sob o olhar espantado de alguns pedestres que, certamente estariam se perguntando o que um bando de loucos paramentados com capas, gorros, botas e cajados estaria fazendo àquela hora da manhã.
Atravessando a cidade deparamos com os cidadãos na tarefa artística de criação de um tapete de flores para a procissão de Corpus Christi.
Estava bastante frio e rapidamente ganhamos a estradinha que leva a Alto Donner, pequeno povoado do caminho para então pegar a esquerda, descendo em suave declive. Observamos de ambos lados a presença da cultura alemã, como sempre evidenciada pelas casas, jardins e igrejas luteranas de uma só torre.

Atravessamos fazendinhas , terras de cultivo e instalações madeireiras. As serrarias são uma constante na região, fato que se observa pela grande extensão de terras plantadas com pinus e eucaliptos.
Perto das 10.30 cruzamos o asfalto chegando à localidade de Barra S.João, com pequena e simpática Igreja luterana em frente  uma lanchonete onde nos deliciamos com raros pasteis.Café com leite e uma meiota tambem foram parte do cardápio.
Saimos pouco depois cruzando uma ponte do Rio S. João em direção a Pousada do Zinco, ainda bastante longe. Nada de  novo neste trecho pontuado por inúmeros cursos dágua, cordilheiras cobertas de mata e as incríveis casas rurais,que embora coloridas e ajardinadas com esmero, não correspondiam com a presença das pessoas, pois raramente as víamos, embora soubessemos que lá se encontrravam.Agora... cachorros têm aos montes, em todas elas!Cheguei a contar oito em uma delas.
O tempo corria e o caminho seguia entre subidas e descidas quando nosso prezado cantorilho JA, cansado pelo esforço e com a musculatura dolorida se aproximou e perguntou para mim" onde ficava o serviço de taxi mais próximo"!
Eu, que tive a satisfação de compartilhar bons momentos de conversa com ele nesta caminhada,  não pude deixar de  apreciar nesse instante  o seu bom humor - constante em todo o trajeto - dizendo que na próxima caminhada levaria um gravador para registrar suas interessantes tiradas, quase sempre salpicadas de fina ironia e gracejo.
Mas quando ele disse que estva mesmo muito dolorido, resolví paraar um motociclista- vários deles foram vistos para baixo e para cima em todo o percurso- e perguntar se poderia dar uma carona ao JA até a pousada do Zinco.O rapaz se prontificou e imediatamente  saiu com o JA na garupa até a pousada.
Circuito EuropeuCircuito Europeu
Dalí até o Campo do Zinco foi sem dúvida o percurso mais bonito,pois tem-se uma visão geral do conjunto de serras e dos imensos vales da região.
No meio do caminho tinha uma cachoeira... tinha uma cachoeira no meio do caminho....paramos para um descanso e fotos.

Ao nos aproximar-mos da porteira que dá acesso à entrada da fazenda-distante ainda uns cinco km- avista-se a bela Cachoeira do Salto do Zinco, com 76 m de altura e se constitui num dos atrativos mais importantes da região.Dali da entrada até lá enfrentamos uma forte subida que durou das 14 ás 16.50h

Circuito EuropeuCircuito Europeu

Fazia frio intenso, o céu estava limpo e claro e as previsões eram de que haveria forte geada.
Com  essa ideia fomos adentrando as desertas terras do zinco, sem cultivo algum ou criações de gado, apenas campos limpos. Uma ou outra cabana de madeira mal cuidade ou mesmo quebrada  evidenciavam uma certo  ar de abandono. Passamos por uma delas(reformada  com 3 quartos que foi destinada aos dois casais) e lá estava o JA à nossa espera, dizendo que a nossa era a próxima.

Prosseguimos até a entrada da casa principal sendo cordialmente recebidos por Andreia e seu marido Haro Kamp,pessoas do melhor trato,que imediatamente nos colocaram  em dois veículos-com as mochilas vindas de taxi-e nos levou para a "cabana".

Pelo espírito mochileiro foi importante ficarmos nessas cabanas apesar da casa principal contar com suites luxuosas com acomodações fáceis para até 11 pessoas, gostamos muito de ficar nelas.

De pura madeira, calafetadas, interior simples mas aconchegante, ficamos ali aquela noite muito bem abrigados do frio que grassava lá fora.

Havia lá disponível  uma pequena lareira de ferro fundido,toras de madeira,.fósforos , mas bobamente não a acendemos.Achamos que os vinhos seriam suficientes.
Necessário dizer que os cobertores e mantas disponíveis foram suficientes. Apenas o chuveiro assustou um pouco,rs!! também um só para sete pessoas, pudera!
Houve quem dormisse com todas as roupas disponíveis,né mesmo Marta?
Às sete e meia fomos brindados com  um jantar  de excelente qualidade, composto de  carne suina assada, files de tilápia ao molho, arroz, saladas variadas, sobremesa impecável de ricota com calda de morango e regada com  bons cabernets e merlots que trouxemos.. Adquirimos tambem uma garrafa de um tinto de uva italiana  "teroldego" ( nunca ouví falar) produzido em Rodeio que concordamos ser de ótima qualidade.Derrubanmos três garrafas devidamente apreciadas com o belo jantar.

Umas tantas horas depois do bom papo com Haro Kamp, exímio conhecedor dos costumes,fauna, geologia e geografia da região, tendo inclusive morado e estudado na Alemanha, voltamos para a cabana para um repousante sono.
Barulhinhos de uns gambás no teto eu ouví, não falei nada para não assustar a mulherada, mas..... foi parte do negócio!
















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