domingo, 1 de dezembro de 2013

Awaiting time...

O blog de um andarilho basicamente é destinado a escrever sobre suas aventuras, alegrias, conhecimento  e percalços vivenciados nos diversos"caminhos" percorridos.

Mas nem sempre estou caminhando,apesar de não faltar aquela vontade constante.
Existem os empecilhos de ordem cronológica, familiar, salutar, sazonal, etc. mas a mochila está sempre pronta para o próximo evento.

Agora em janeiro partirei para as "Terras Altas da Mantiqueira", microrregião assim denominada por estar inserida  nos contrafortes da Serra da Mantiqueira, entre Minas-Rio e São Paulo.

O caminho é o dos Anjos, que começa na cidade de Passa Quatro e volta nela, passando por Itamonte, Alagoa, Aiuruoca, Baependi, Caxambu, São Lourenço, Virgínia e Passa Quatro.São 257 km no total, com altitudes sempre próximas dos 1000 metros. O ponto mais alto está a 1.900 m, entre Aiuruoca e Caxambu.

Nesse meio tempo vou lendo alguns livros e procurando  me informar sobre a situação política do país ou aprendendo a arte da filosofia com alguns experts do assunto.

No momento leio os seguintes livros:
-Lanterna na Popa, de Roberto Campos,
-O Liberalismo e Apostasia, de Marcel Lefèbvre,
-O que você precisa saber para não ser um idiota, de Olavo Carvalho,
-O Livro d'Isso, de Georg Grodeck
-Noites do Sertão, de João Guimarães Rosa.

Há aqueles que defendem a ideia de que se no Brasil houvesse uma dezena de  Robertos, o Campos, esse país seria outro.Concordo com muita coisa que aconteceu por causa dele e outras que não aconteceram por não terem dado o apoio necessário às suas ideias liberais.

O assunto que mais me cativa sem dúvida é o político, principalmente o momento  político  no qual nós brasileiros estamos inseridos.

A coisa mais importante de um país é a POLÍTICA e por isso mesmo ela deveria(!) ser uma coisa séria. Infelizmente em nosso meio ela não é.

Porque a política no Brasil não é, nunca foi e tenho dúvidas de que será, uma coisa séria?

A começar pela origem do principal motivo: o povo!

Assunto para um longo pensamento que estou desenvolvendo.


quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Trens e vagões pela Estrada Real

Quando em julho passado fiz o trecho de Estrada Real  a pé, entre Ouro Preto e São João del Rei num total de 254 km, deparei-me com várias estações e composições ferroviárias puxando produtos siderúrgicos sobretudo e outras cargas variadas.

A Estrada Real é rica não somente em história e preservacionismo, mas também há grande movimentação de trens, uma vocação histórica de Minas Gerais.Pena que muitos ramais antigos estejam desativados.


Maquete de uma estação ferroviária existente na Estação de Ouro Preto
                                                         Maquete- VALE
                         Uma SB-40 de transporte de cargas em Ouro Preto

                            Fachada principal da Estação de Ouro Preto
                          Estação de Miguel Burnier, distrito de Congonhas-MG


                                Estação de Miguel Burnier vista do alto
           
                                Trem da MRS atravessando a Estrada Real
                       Vagões de cargas siderúrgicas da VALE e MRS

Composição da MRS conduzindo uma centena de vagões de minério de ferro


O trem de turismo circula diariamente entre São João del Rei e Tiradentes, com grande afluxo de pessoas de muitos lugares do Brasil. Abaixo a máquina 41 pronta para partir da Estação de Tiradentes, cidade de rara beleza arquitetônica e muito bem preservada. Abaixo fotos de Tiradentes ao som de Paulinho Pedra Azul.






                                    
                         Abaixo fotos de São João del Rei








sábado, 28 de setembro de 2013

Sumorum Pontificorum


Sumorum pontificorum cura (em português: a preocupação dos sumos pontífices )são as primeiras palavras de uma carta apostólica sob a forma de motu proprio (normativa da Igreja católica expedida pelo próprio Papa), publicada em 7 de julho de 2007 por Bento XVI, que redefine o uso da missa tridentina.

Missa tridentina, também chamada também Missa de São Pio V, possui este nome em referência ao Concílio de Trento(1545 - 1563) que procurou oferecer à Igreja, um rito que fosse o mais autentico possível em transmitir o espírito e a piedade dos apóstolos e dos primeiros cristãos.

O rito escolhido foi aquele que existia em Roma e que se encontrava conservado sob a vigilância e zelo dos Papas e que manteve, por isso mesmo, sua autenticidade.

Esse rito foi construído ao longo dos anos através da intervenção de grandes Papas, santos e sábios como São Gelásio, São Damásio,São Gregório, dentre outros.

Esta obra do Concílio de Trento se fez necessária em razão da aparição na Igreja, de muitos ritos ambíguos, criados por iniciativas mal-inspiradas de certos Bispos.

A confusão litúrgica produzida por tantos ritos existentes só poderia ser utilizada pelos inimigos da Igreja e das almas; estes de fato, desencaminharam muitos fiéis em razão disso.

Esta feliz busca por autenticidade por parte da Igreja foi uma verdadeira reforma para a Glória de Deus e a salvação das almas.

Hoje, manter esse rito (o romano) em sua originalidade é importante para combater a confusão litúrgica que novamente se manifesta.

A oficialização do Rito Romano e de sua autenticidade, ocorreu em 5 de dezembro de 1570, quando Pio V, cumprindo as disposições do concílio, promulgou o Missal Romano.

A missa tridentina faz uso do latim que é a língua oficial da Santa Igreja e através do qual ela procura manter sua unidade e universalidade documental e litúrgica.

Apesar de ter força de um documento redigido e assinado pelo papa, a Carta apostólica tem sido objeto de contestação no Brasil por parte de alguns eclesiásticos. Dom Aloísio Roque Oppermann- Arcebispo Emérito de Uberaba, objeta que a Missa tridentina é incompreensível, seca e utiliza o Latim, uma língua misteriosa. 

Dom Paulo Sérgio Machado, bispo de São Carlos, considera que os que preferem a Missa Tridentina, são uma minoria moralista de pessoas puritanas, retrógradas e com uma mórbida aversão às mudanças e ao novo.

Por outo lado, mais de 30 cardeais, acatando fielmente  as determinações do Papa, já participaram de cerimônias em latim, segundo a Forma Extraordinária do Rito Romano, após entrar em vigor do motu proprio Sumorum Pontificorum

No Brasil, 17 arcebispos e bispos também o fizeram, dentre os quais Dom Orani João Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro; Dom AlbertoTaveira Correia, arcebispo de Belém do Pará; Dom Alano Maria Pena,Arcebispo Emérito de Niterói; Dom Luciano Bergamim, bispo de Nova Iguaçu  Dom Fernando José Monteiro Guimarães, bispo de Garanhuns; Dom Gregório paixão, bispo de Petrópolis; Dom Pedro Luis Stringhini, bispo de Franca; Dom Diógenes Silva Matthes, bispo Emérito de Franca; Dom Mário Rino Sivieri, bispo de Propriá; e Dom Henrique Soares da Costa, bispo auxiliar de Aracajú.

O latim tem a função de manter  e preservar os mistérios da Missa e também a de unificar os fiéis de todas as línguas.

Para ilustrar essa força de unificação do latim, eis uma história: de acordo com um relato, um francês  durante a 2ª Guerra Mundial, ao se dirigir a uma igreja, nota que existe um capelão de exército alemão a celebrar uma missa solitariamente.Acompanhando a missa, o francês deslumbrado se dá conta que através dela podem se unir e orar a uma só voz perante Deus, mesmo sendo de lados beligerantes.

O Missal Romano

Trata-se de um livro litúrgico que contém todas as instruções e textos utilizados na celebração da Missa do rito Romano.

No Missal encontramos textos de duas naturezas: os habituais e os móveis. Os primeiros compõem o Ordinário da Missa (Ordo Missae) e os segundos, os Próprios da Missa. Assim temos:

* Ordo Missae- orações fixas, que são rezadas sempre, em quase todas as missas,
* Próprio da Missa- a parte móvel da Missa e são aquelas orações que sofrem variações conforme o dia, como por exemplo, o Introito, o Evangelho, a Epístola.

Essa introdução visa esclarecer os que  não tiveram ainda a ventura de assistir à celebração de uma Missa Tridentina.

Todo último sábado do mês, acontece na Igreja de São Gonçalo, próximo à minha casa, a celebração dessa santa Missa e eu, pôr uma questão original, procuro não perder nenhuma.

Digo original porque, aos dez anos de idade, fui estudar no Colégio dos padres Barnabitas, em Caxambu/Mg, onde aprendi o rito romano da Missa. Aprendi as orações em latim que, na verdade, era uma matéria obrigatória do curriculum escolar.

Eu tinha meu próprio missal(Missalae Romanum), grosso livro de capa preta e de finas folhas, de onde aprendi a sequencia da missa. Durante três anos lá permaneci, ficando junto com os outros meninos, como os acólitos da missa, numa escala semanal elaborada pelo Padre João Monteiro,o diretor.

Fotos da Igreja de São Gonçalo, onde é celebrada a Missa no rito Tridentino.
           

                  Pe. Adwalter e seu acólito, devidamente paramentados.
   

Ao final da missa foi realizada a cerimônia de benção dos santos escapulários, com os cânticos e orações à Nossa Senhora do Carmo.




                                                      Hino Flos Carmeli

 Flos carmeli
Vitis florigera,
splendor coelis,
Virgo purpura, singularis.

Mater mitis,
Sed viri nescia,
carmelitis,
 esto propicia, Stela maris

radix lesse
germinans flosculum,
nos adesse
tecum in saeculum patiaris




segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Pelos trilhos das montanhas

Caminhar pelos trilhos de uma ferrovia, já havia comprovado anteriormente em duas ocasiões, não é tarefa fácil. Ao contrário, revela-se penosa e desgastante.
Os passos curtos e cadenciados, a direção do olhar constante para baixo, as pedras do caminho, os tocos de madeira, etc, tudo isso prende a atenção do caminhante para evitar uma torção do pé, um tropeço de maiores consequências. A monotonia do passo-a -passo nem sempre agrada.

Nada disso entretanto, é obstáculo para quem gosta do ato de caminhar, seja por espírito esportivo ou simplesmente apreciativo da natureza.Quem curte a fotografia então tem um vasto campo de objetivos. 

É uma atividade saudável do ponto de vista de melhoria dos níveis de colesterol e triglicerídeos, queima o excesso de glicose eventualmente presente e, acima de tudo, promove verdadeira integração com outras dezenas de pessoas que se encontra pelo caminho.

Ao final de um dia de caminhada o repouso numa pousada acolhedora é um benefício inigualável.

Tudo que um andarilho deseja ao final do dia é um chuveiro quente, uma cama confortável e macia e uma saborosa comida caseira.
O encontro com outras pessoas, tão diferentes em suas atividades e experiências, proporciona  um ganho em seu nível de relacionamento e aumenta a possibilidade em novos campos do conhecimento.
O bate papo ao redor da mesa do jantar, com pessoas que mal acabaram de se conhecer, torna-se uma verdadeira reunião de amigos, pois parece que são íntimos há muitos anos, tal a integração que o fato gera.
Os assuntos são os mais variados possíveis, as pessoas se abrem para receber e passar experiências, contam detalhes de suas viagens e experiencias de vida. 
Quando são andarilhos, compartilham fatos vivenciados por outros caminhos, você incentiva e é incentivado a percorrer esses caminhos.
A troca de informações é intensa, dada a afinidade com que os andarilhos se descobrem.
A maioria firma compromisso de se encontrar em algum momento futuro para um caminho conjunto.
Muitos convidam-lhe para visitar suas cidades e até a se hospedar em suas casas, num efeito inédito de cumplicidade e confiança gerado simplesmente pelo fato de compartilharem o mesmo gosto: o prazer pelas caminhadas.
Neste final de semana voltei aos trilhos para mais uma caminhada, mesmo tendo a previsão do tempo alertado para chuvas e trovoadas.
Coloquei capa e guarda chuva na pequena mochila de 15 litros para essa eventualidade, que ao final não se concretizou.
Eu e o amigo Jorge rumamos para mais uma etapa dos trilhos capixabas da FCA-Ferrovia Centro Atlântica.
Em duas etapas anteriores havíamos caminhado entre Viana e o Vale da Estação em Marechal Floriano e depois entre essa e Araguaia.
Agora o trecho a ser vencido era de Araguaia a Vargem Alta, uma etapa de dois dias.
Saímos  de Vitória de carro às 6 horas, passando pela BR 262 na fresca manhã de sábado, chegando em Araguaia às 7.15 h para tomarmos café na pequena padaria ao lado da estação. 
                              
Começamos o caminho às 7.45h, após as fotos de praxe da bela estação local, cuja história pode ser verificada neste link.
Dentro da mochila havia uma muda de roupa, um corta vento e demais apetrechos de toalete. Minhas velhas botas estavam prontas para o desafio das pedras e tocos. O cajado de bambu pronto para dar suporte numa inclinação lateral e ainda para dar umas bordoadas nos inefáveis cachorros dos caminhos.  
A saída de Araguaia mostra casas de muito bom gosto arquitetônico, sendo um lugarejo que atrai pelo bucolismo e temperatura agradável no inverno.



A região é grande produtora de café arábica e possui inúmeras granjas avícolas.




Caminhamos vários quilômetros ao abrigo do sol por ser um trecho bastante arborizado
Por volta de 9.30 h passamos por essa residência onde fomos gentilmente atendidos por duas mulheres que nos ofereceram café, biscoitos e frutas. Aproveitei para apanhar uma laranja e recarregar minha garrafinha de água 

Alguns minutos de descanso e boa  prosa, continuamos rumo a Matilde, passando logo à frente pelo lugarejo chamado São Martinho, onde dois pequenos cães partiram para a agressão, sendo no entanto rechaçados pelos cajados e ao grito de sua dona, retornaram para suas casinhas. Nada grave, apenas uns cachorrinhos barulhentos.
Mais alguns quilômetros sob o sol forte chegamos à "estação"(sic) de Iriritimirim, um simples abrigo perdido no tempo e no espaço.


Ali encontramos um casal de agricultores, residentes ao lado que  nos cumprimentaram e sugeriram que fossemos pela estradinha de terra até Matilde pois, segundo eles, "andar nos trilhos é muito difícil". Respondemos que esse é o nosso motivo, agradecendo a gentileza da recomendação. Seguimos adiante.

                                                       
                                                           Acima o  Jorge


Agradecemos  e seguimos pelos trilhos, atravessando o primeiro pontilhão do trecho. Este pontilhão em nada se compara aos dois encontrados no primeiro trecho (Viana -Vale da Estação) que são de grande extensão e de uma altura de dar medo.
O trilho seguia ora sombreado ora ensolarado, com as laterais encobertas por matas ralas ou generosos bambuzais, sempre despontando aqui e acolá, residências de belo porte e outras nem tanto.



Depois de três horas de caminhada avistamos Matilde, local de belas casas de veraneio ou inverno. É um distrito de Alfredo Chaves muito frequentado no verão por suas inúmeras e atraentes cachoeiras.


O local denominado Prainha dispõe de boa infraestrutura de camping e famílias inteiras para lá se deslocam em busca do refresco das águas e do desfrute de um bom fim de semana de puro ar livre.





 Passamos pelas ruas bem calçadas em direção à Prainha, local onde paramos para descanso e alimentação. Seu restaurante providenciou-nos uma saborosa refeição, regada antes por uma gelada cerveja.
Retomamos nossa caminhada às 11.45 h atravessando o rio por uma pequena ponte ao lado do camping, subindo uma trilha  em mata fechada em direção aos trilhos.

Assim que descemos a trilha, guiados pelo barulho da grande cachoeira Eng. Reeve, avistamos a estação de Matilde, para onde nos dirigimos com o intuito de fazer algumas fotos.Ali dentro há um pequeno bar que serve café sucos, refrigerantes,etc e uma pequena lojinha de produtos artesanais. Saiba aqui sobre a estação de Matilde.



Dali tinhamos mais 15 km de puro trilho e logo  retomamos a caminhada, sempre com o sol à nossa direita. Abrigados do forte sol pela mata, continuamos o caminho, tropeçando aqui e ali nas pedras e tocos de madeira, ora andando sobre os dormente, ora pela lateral que proporcionava um certo alívio. A paisagem montanhosa é um motivo certo para boas tomadas fotográficas.

A cada hora fizemos uma parada para  descanso e hidratação, Numa dessas tive que pegar um pouco de água numa das inúmeras fontes ao longo da estrada. 
Não costumo pegar qualquer água que apareça pelos caminhos, mas naquele momento e devido ao forte calor, havia ingerido toda água disponível.
Aquela fonte, comprovei depois, era de extrema pureza, pois descia intocada de uma imensa grota situada á direita dos trilhos e certamente não teve contato algum com o ser humano. A mata robusta impedia qualquer acesso.
O tempo corria e volta e meia era inevitável um tropeço, pois já estávamos  cansados. Andar  nos trilhos provoca certa tonteira de tanto olhar para baixo e ver a mesma sequência de dormentes, muitos deles podres e ressecados e por isso mesmo requerendo nossa constante atenção. 
Por volta de 16 horas, numa curva entre rochedos e já bem no meio dela ouvi o barulho do trem já muio perto.  Com agilidade voltamos correndo uns 50 metros e pudemos ficar sentados numa clareira para apreciar e fotografar duas enormes locomotivas puxando grande número de vagões carregados de toras de madeira. 
Alguém havia comentado pela manhã em Araguaia que o trem havia subido no dia anterior, mas se ele voltaria ou não era uma incógnita. O certo é que eu e Jorge ficamos prevenidos e bastante ligados ao menor barulho. Deu tudo certo.




Depois da passagem do trem comentei com o Jorge que o tal Ibitiruí estava demorando a aparecer. Num passe de mágica e logo após outra curva avistamos o pequeno povoado, cuja população segundo o último censo, é de 800 pessoas.


Caminhamos até a pequena estação, passamos por uma pequena praça onde uma igrejinha despontava imponente e fomos à procura do bar do Valdir, local onde poderíamos fazer contato telefônico com a Pousada da Tia Virgínia localizada, segundo informações, a três quilômetros dali. Para nosso azar, o bar estava fechado e os celulares não tinham sinal-  aliás o mesmo acontece em Matilde.
Tentamos falar usando um orelhão,mas também não tivemos sucesso. Eram 16 horas.
Sem outra alternativa fomos caminhando mesmo até o distrito de São Sebastião, onde se localiza a Pousada.
Para nossa frustração, o distrito de  São Sebastião está quase cinco quilômetros depois, o que consumiu quase uma hora de caminhada, encarando uma subida enjoada, mas agora alegres pela estrada firme e batida, aliviando-nos da dureza dos trilhos. 
A paisagem revelou-se recheada de baixadas verdejantes, muita mata nativa e grandes eucaliptais.
          

        
Chegamos à pousada às 17 horas, algo como 9 horas depois da saída de Araguaia. Eu estava com o dedão do pé direito dolorido devido ao problema na unha, "arranjado" pela caminhada do fim de semana anterior nos Passos dos Imigrantes.


Estava totalmente arroxeada o que na verdade, comprometeria o dia seguinte.
        

À entrada logo se depara com a pequena igreja de S. Sebastião e alguns metros adiante a casa principal da pousada e em frente à direita, um curral muito simples onde o leite de um pequeno rebanho mestiço é colhido através de ordenhadeira mecânica. Constatei o uso de um resfriador para manutenção da qualidade do leite.         

          

          
Há na parte de baixo da casa uma fábrica de biscoitos- biscoitos Tia Virgínia- de largo consumo em várias cidades capixabas.
Fomos muito bem recebidos por Tia Virgínia e seu filho André, com farta mesa de  café,  pães, bolos, sucos, biscoitos, etc, ainda com a certeza de lauto jantar agendado ali pelas 20 horas.
Descansamos bastante até a chegada do casal Marta e Jonas, ela dentista moradora em Vitória, onde ficamos por umas duas horas em franca conversa. 
              
Descansados cada um foi para o seu quarto- muito confortáveis diga-se de passagem- para um merecido banho e assim aguardarmos o jantar, com direito inclusive ao bolo do aniversário de Marta.
             
Uns torresminhos crocantes e uma linguiça de autentica carne de porco,mereceram também grandes elogios. Uma cachacinha da terra empurrou "guela abaixo" os mencionados produtos porcinos.
            
O saboroso jantar, feito com esmero pela própria Tia Virgínia foi de dar vontade de comer até cansar.Uma carne assada com cebolas esteve divina, assim como os doces e a sobremesa em geral. Quem pode comer doces fartou-se, já que Tia Virgínia é mestre em todo tipo de doces, bolos e compotas. 


O tempo foi passando, a conversa esteve alegre e descontraída, mas o cansaço venceu e fomos dormir um pouco antes das 22 horas. Sono reparador e profundo, embalado pelo barulho do rio Benevente que passa ao lado.


Despertei às 6 horas com mugido das vacas no curral e logo me aprontei para o café, de resto farto e saboroso com todos os quitutes mencionados. Diga-se, a bem da verdade, que tudo é produzido no local, à exceção do arroz.
Como meu dedão e a respectiva unha estavam em péssimo estado, abortamos o caminho nos trilhos até Vargem Alta- seriam mais uns 23 km- resolvemos voltar a Matilde pela estrada de terra, que para nossa surpresa estava a apenas  5 km dali, passando por um atalho.
Antes de partir, e já eram 7.30 h, resolvemos na companhia do Jonas, visitar a bela cachoeira de Vovó Lúcia, cerca de  4 km da pousada. O local dispõe de uma pequena infraestrutura de apoio ao lazer, com mesinhas, churrasqueira e um barzinho anexo. A cachoeira, de uns 35 metros de altura, destaca-se ao longe.
                  

                 

                 
Retornamos à pousada para as despedidas de Tia Virgínia e dos amigos que fizemos e assim, às 10.30 h pegamos o rumo de Matilde pelo mencionado atalho, num dos trechos mais bonitos do caminho. Abaixo nós com Tia Virgínia.                   

                  

                   

                   

                    
Sob um sol forte, uns 30 minutos depois, alcançamos uma estrada de terra mais larga, que passa pela Igreja de Santa Maria Madalena rumo a Matilde, percorrendo um belíssimo vale.
                     

                     

                      
Por volta de 11.45 chegamos ao asfalto que liga A.Chaves a Matilde, onde se depara com o portal da entrada da Cachoeira Eng. Reeve- àquela hora lotada de banhistas.
Três km depois ainda pelo asfalto, chegamos ao restaurante  da Pousada e Camping Prainha, o mesmo que havíamos frequentado no dia anterior,onde um almoço da melhor qualidade nos aguardava.
                      
Ali encontramos um grupo de andarilhos de Marechal Floriano  que percorreu o trajeto de 35 km no dia anterior e se fartava com as geladas cervejas e tira-gostos gordurentos.
Eu e Jorge nos entrosamos com eles, fizemos planos de futuras caminhadas e fomos almoçar, acompanhados de Rodrigo( sobrinho de Jorge) que chegou de Vitória para nos levar de volta.
Tomamos o caminho de Araguaia alcançando a seguir BR 262, para chegarmos em Vitória às 16 horas. 
Posso afirmar que este foi um dos mais belos trajetos percorridos e a Pousada Tia Virgínia, de tão acolhedora e bucólica fica marcada para um fim de semana com esposa e casais amigos.

16  de setembro de 2013.

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