sábado, 28 de setembro de 2013

Sumorum Pontificorum


Sumorum pontificorum cura (em português: a preocupação dos sumos pontífices )são as primeiras palavras de uma carta apostólica sob a forma de motu proprio (normativa da Igreja católica expedida pelo próprio Papa), publicada em 7 de julho de 2007 por Bento XVI, que redefine o uso da missa tridentina.

Missa tridentina, também chamada também Missa de São Pio V, possui este nome em referência ao Concílio de Trento(1545 - 1563) que procurou oferecer à Igreja, um rito que fosse o mais autentico possível em transmitir o espírito e a piedade dos apóstolos e dos primeiros cristãos.

O rito escolhido foi aquele que existia em Roma e que se encontrava conservado sob a vigilância e zelo dos Papas e que manteve, por isso mesmo, sua autenticidade.

Esse rito foi construído ao longo dos anos através da intervenção de grandes Papas, santos e sábios como São Gelásio, São Damásio,São Gregório, dentre outros.

Esta obra do Concílio de Trento se fez necessária em razão da aparição na Igreja, de muitos ritos ambíguos, criados por iniciativas mal-inspiradas de certos Bispos.

A confusão litúrgica produzida por tantos ritos existentes só poderia ser utilizada pelos inimigos da Igreja e das almas; estes de fato, desencaminharam muitos fiéis em razão disso.

Esta feliz busca por autenticidade por parte da Igreja foi uma verdadeira reforma para a Glória de Deus e a salvação das almas.

Hoje, manter esse rito (o romano) em sua originalidade é importante para combater a confusão litúrgica que novamente se manifesta.

A oficialização do Rito Romano e de sua autenticidade, ocorreu em 5 de dezembro de 1570, quando Pio V, cumprindo as disposições do concílio, promulgou o Missal Romano.

A missa tridentina faz uso do latim que é a língua oficial da Santa Igreja e através do qual ela procura manter sua unidade e universalidade documental e litúrgica.

Apesar de ter força de um documento redigido e assinado pelo papa, a Carta apostólica tem sido objeto de contestação no Brasil por parte de alguns eclesiásticos. Dom Aloísio Roque Oppermann- Arcebispo Emérito de Uberaba, objeta que a Missa tridentina é incompreensível, seca e utiliza o Latim, uma língua misteriosa. 

Dom Paulo Sérgio Machado, bispo de São Carlos, considera que os que preferem a Missa Tridentina, são uma minoria moralista de pessoas puritanas, retrógradas e com uma mórbida aversão às mudanças e ao novo.

Por outo lado, mais de 30 cardeais, acatando fielmente  as determinações do Papa, já participaram de cerimônias em latim, segundo a Forma Extraordinária do Rito Romano, após entrar em vigor do motu proprio Sumorum Pontificorum

No Brasil, 17 arcebispos e bispos também o fizeram, dentre os quais Dom Orani João Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro; Dom AlbertoTaveira Correia, arcebispo de Belém do Pará; Dom Alano Maria Pena,Arcebispo Emérito de Niterói; Dom Luciano Bergamim, bispo de Nova Iguaçu  Dom Fernando José Monteiro Guimarães, bispo de Garanhuns; Dom Gregório paixão, bispo de Petrópolis; Dom Pedro Luis Stringhini, bispo de Franca; Dom Diógenes Silva Matthes, bispo Emérito de Franca; Dom Mário Rino Sivieri, bispo de Propriá; e Dom Henrique Soares da Costa, bispo auxiliar de Aracajú.

O latim tem a função de manter  e preservar os mistérios da Missa e também a de unificar os fiéis de todas as línguas.

Para ilustrar essa força de unificação do latim, eis uma história: de acordo com um relato, um francês  durante a 2ª Guerra Mundial, ao se dirigir a uma igreja, nota que existe um capelão de exército alemão a celebrar uma missa solitariamente.Acompanhando a missa, o francês deslumbrado se dá conta que através dela podem se unir e orar a uma só voz perante Deus, mesmo sendo de lados beligerantes.

O Missal Romano

Trata-se de um livro litúrgico que contém todas as instruções e textos utilizados na celebração da Missa do rito Romano.

No Missal encontramos textos de duas naturezas: os habituais e os móveis. Os primeiros compõem o Ordinário da Missa (Ordo Missae) e os segundos, os Próprios da Missa. Assim temos:

* Ordo Missae- orações fixas, que são rezadas sempre, em quase todas as missas,
* Próprio da Missa- a parte móvel da Missa e são aquelas orações que sofrem variações conforme o dia, como por exemplo, o Introito, o Evangelho, a Epístola.

Essa introdução visa esclarecer os que  não tiveram ainda a ventura de assistir à celebração de uma Missa Tridentina.

Todo último sábado do mês, acontece na Igreja de São Gonçalo, próximo à minha casa, a celebração dessa santa Missa e eu, pôr uma questão original, procuro não perder nenhuma.

Digo original porque, aos dez anos de idade, fui estudar no Colégio dos padres Barnabitas, em Caxambu/Mg, onde aprendi o rito romano da Missa. Aprendi as orações em latim que, na verdade, era uma matéria obrigatória do curriculum escolar.

Eu tinha meu próprio missal(Missalae Romanum), grosso livro de capa preta e de finas folhas, de onde aprendi a sequencia da missa. Durante três anos lá permaneci, ficando junto com os outros meninos, como os acólitos da missa, numa escala semanal elaborada pelo Padre João Monteiro,o diretor.

Fotos da Igreja de São Gonçalo, onde é celebrada a Missa no rito Tridentino.
           

                  Pe. Adwalter e seu acólito, devidamente paramentados.
   

Ao final da missa foi realizada a cerimônia de benção dos santos escapulários, com os cânticos e orações à Nossa Senhora do Carmo.




                                                      Hino Flos Carmeli

 Flos carmeli
Vitis florigera,
splendor coelis,
Virgo purpura, singularis.

Mater mitis,
Sed viri nescia,
carmelitis,
 esto propicia, Stela maris

radix lesse
germinans flosculum,
nos adesse
tecum in saeculum patiaris




5 comentários:

  1. Muito rico e informativo esse relato! Legal:

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  2. Gostaria de saber o horário dessa missa do último sábado de cada mês. Pretendo presenciar.

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  3. Ulisses, sem querer achei essa matéria no seu blog. Eu vou sempre nessa missa, aliás, eu canto nela. Estamos pra montar um coro, quando você for na próxima, dia 26 de julho, me chame pra conversarmos melhor. Lucas Lagasse Corrêa

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