sexta-feira, 31 de outubro de 2014

A longa estiagem

A seca que se instalou na metade do Brasil é a pior da história, segundo os institutos de pesquisa e do clima. Especialistas na matéria ocupam as páginas dos jornais debatendo as causas e efeitos desse fenômeno.

Eu, que aos 66 anos trabalhei 38 anos como veterinário pelo interior de Minas e E. Santo, nunca vi nada parecido.

Já estive no Norte de Minas, no Vale do Urucuia, no Jequitinhonha - onde assisti muita gente penando com a verdadeira seca - estou estupefato com as fotos do glorioso rio São Francisco na altura de Pirapora, onde só se vêem as pedras do leito do outrora grande rio.
Ao contrário, no estado de Rondônia o dilúvio é total no rio Madeira.Situações díspares para um mesmo país.



Em 2003 presenciei aqui no Espírito Santo uma estiagem de grandes proporções, mas foi um evento localizado, mais danoso ao território capixaba. Me lembro que, ao viajar de Santa Tereza para Itaguaçu, fiquei pasmo ao ver o cenário desolador das montanhas e pastagens do trajeto.Totalmente secas, parecendo mais um deserto.

A "seca" durou de fevereiro a setembro. Me lembro que estava em Colatina, cidade das mais quentes do Brasil, e pelas 16 horas o céu escureceu e caiu uma tempestade por uns trinta minutos, alagando a cidade toda. Dali para frente as chuvas se normalizaram e durante o resto do ano as chuvas foram bem distribuídas.

No presente caso estamos diante de uma tragédia de grandes proporções climáticas, pois as perspectivas são ruins para chuvas constantes e regulares.

A coisa está mais séria no grande estado de São Paulo, além de Minas Gerais e Rio de Janeiro. A falta de água no interior paulista, conforme assistimos pela televisão, é um caso inédito, onde a população faz fila nas "bicas" e ao redor dos carros-pipa. Cenário de nordeste em pleno sudeste.

Com a previsão de chuvas abaixo da média e os reservatórios- Furnas, Cantareira, etc- praticamente vazios, a possibilidade do racionamento é grande. E para piorar, aproxima-se o verão, onde o consumo de energia aumente devido o maior uso de aparelhos de ar condicionado.

É desanimador que o Brasil não tenha a capacidade de se desenvolver como um país sério. Não temos políticos decentes e sérios que se preocupem com o futuro da nação. Os poucos homens sérios deste país estão manietados pela atuação aparelhada no Congresso. Não têm voz ativa para mudar o "status quo".

Tampouco possuímos gerenciadores competentes nas áreas capitais do desenvolvimento e nem temos cérebros que visem  minorar o sofrimento popular com as mais absurdas condições de sobrevivência humana.

Veja-se a história desta seca que assola o país.Como é possível que não tenhamos tido até hoje, pessoas e técnicos capazes de absorver o conhecimento técnico israelense no combate à seca e estejamos assistindo, como bovinos, à falta d'água.


Ontem choveu aqui em Vitória, em 3 horas, 250mm de pura e cristalina água, após meses de estiagem, entrecortada nesse meio tempo por chuvas minguadas e inconstantes, aqui e acolá.


Como é possível que já não tenhamos um sistema moderno, factível e operacional de captura dos centenas de bilhões de litros da preciosa matéria prima que, automaticamente e por gravidade, vão para o oceano Atlântico logo ali ao lado!!


Em cada casa, prédio, barraco ou qualquer construção, bicas monumentais de água se perdem em frações de segundo para o voraz oceano.

Com o governo que aí está, reeleito contra a vontade de mais da metade do país, não esperamos muita coisa, haja vista o nível de desenvolvimento que interessa a eles: o de Cuba, da Venezuela, Nicarágua, etc.

A transposição do São Francisco virou história da carochinha. O verdadeiro impulso de transformação do Brasil, não será dado por esse governo inepto,incompetente e formado por políticos corruptos.São completamente amadores no que toca à administração da res publica. Só visam o próprio interesse.

Precisamos de um novo JK que consiga fazer o país crescer rapidamente.






O Caminho de Aparecida 11º dia- do Charco ao Gomeral- 27 km

O dia de hoje seria o da esperada "trilha dos carneiros", lugar onde só se vai á pé. Em vista o nosso carro de apoio foi pela estrada do Parque de Campos do Jordão até a Pousada D. Ana, 27 km depois.

Acordamos cedo como sempre. Eu e alguns outros,reclamamos dos colchões que de espuma tão macia, parecia que tínhamos dormido no chão. Costas doloridas, arrumamos as mochilas, vestimos os agasalhos, luvas, gorros para enfrentar o frio, que segundo Luciano, estava 5ªC.
O café foi servido na hora combinada e foi farto e saboroso, com aquele leite gordo da roça.
Fizemos as despedidas do simpático casal (de pé na foto acima) e saímos às 7 horas naquela manhã gelada, rumo a fronteira Minas-São Paulo, para depois descer até a Pousada da D.Ana.




Assim que chegamos à Igrejinha do diminuto povoado, viramos à esquerda onde começamos uma forte subida, seguindo a direção informada pela seta.


                    Paramos para fotografar o belo amanhecer de céu límpido e claro
Com uma hora e meia de caminhada, após fortíssima subida, chegamos a um a elevação onde desfrutamos de belíssimo visual da cadeia de montanhas ao longe.  
À partir desse trecho,nosso caminho foi feito por uma trilha assentada em terreno pantanoso que seguramente com muita chuva torna-se praticamente intransitável. Muito mato, musgos, troncos e folhas caídas, vegetação alta em ambos os lados.                                                         

                              

                                          


O caminho continuou por entre uma cerrada trilha de cavalos e bois, onde sempre caminhamos em fila indiana, tal a pouca largura do trilho.

                                                  Aqui começa.....forte ascenso...
                                               .  e essa subida foi forte!!
    No alto da serra, a meio caminho da subida, paramos para apreciar e tomar um folego.


Ao final da grande subida, onde alcançamos 1.920 m de altitude, alguns colegas com o folego recuperado, fizeram um depoimento à respeito desse maravilhoso lugar onde estamos.


                                       
Dali continuamos para onde achávamos que a subida havia terminado... que nada! ainda depois de descermos um pouco, mais uma subida- mais fraca é verdade -apareceu . Neste ponto, que parecia ser a divisa MG/SP, fizemos um lanche e mais abaixo tivemos que descer bastante, passando por uma perdida propriedade rural, que logo ficamos sabendo tratar-se de uma grande criadora de carneiros(daí o nome- trilha dos carneiros)- a Fazenda Lavrinhas, de enorme extensão de terras. Estávamos, ás 10.30 h, atravessando o ápice da Mantiqueira sob um vento gelado.


A propriedade é devidamente trancada a cadeado e sempre que aparecem os peregrinos, os funcionários se apressam a abrir o grande portão de ferro para passagem das pessoas. Vimos algumas casas e benfeitorias de boa qualidade,  bem como fomos informados que a produção de lã destina-se a uma grande fábrica em Guaratinguetá. As ovelhas tinham sido tosquiadas recentemente, pelo aspecto pelado que apresentavam.

Continuamos agora por um grande plano, avistando ao longe uma pequena casa branca, que apostei com Bigode que teria uns 4 quilômetros até lá. Errei por pouco, pois pela nossa toada andamos mais cinco quilômetros até a encontrarmos e logo depois dela, um motociclista parado, com sua moto quebrada  nos informou estarmos mais perto da pousada Santa Maria. 

Mais uns poucos metros, paramos para subir num barranco lateral e avistar ao fundo, numa imensa paisagem, o Vale do Paraíba, com as cidades de Guaratinguetá, Aparecida e C. Paulista.

                                    Impressionante visão! Espetacular paisagem!
Prosseguimos o caminho ainda pelas terras da Fazenda Lavrinhas, sem nenhum cultivo ou lavoura sequer, apenas pastos ruins e  mal conservados onde as ovelhas fazem sofrem com o ralo capim disponível.
Ás 12 horas alcançamos depois de uma forte descida, o cruzamento do Caminho de Aparecida com o Caminho de Frei Galvão, onde paramos para descanso e hidratação. Apesar do sol e do céu claro, ventava muito e fazia frio naquela altitude. Fizemos algumas fotos e continuamos agora bem perto da Pousada Santa Maria onde chegamos quarenta minutos depois. .
Apreciando o belo panorama local, pedimos cervejas e ali mesmo almoçamos, refazendo as forças para a ultima arrancada até a Pousada de D. Ana. Estava bastante frio apesar da hora e fomos informados que uma grande geada tinha atingido a região na noite anterior.



O gostoso almoço foi muito bem comemorado pelos famintos andarilhos, desfrutando com sofreguidão o simples e caseiro repasto.O ovo caipira frito foi elogiado por todos. Alimentados, agora continuamos por um trecho bastante pedregoso, chamado por isso mesmo de Pedrinhas- o Bairro Gomeral, distrito de Guaratinguetá.
A forte descida rumo a pousada, no meio de exuberante paisagem, foi sofrida  para alguns com problemas nos joelhos, tal a sua inclinação e a quantidade impressionante de pedras soltas.
Pedras de todo tamanho que, em certos trechos, inviabilizavam a subida de qualquer veículo. Aliás penso que até os carros com tração nas quatro rodas devem ter imensa dificuldade em trafegar nesse trecho. Carro pequeno nem pensar, pois existem imensos buracos que facilmente engolem uma roda inteira.
Três longas horas durou essa descida até a Pousada e o que valeu mesmo foi constatar a intocabilidade de um ecossistema exuberante -com fartura de água que desce por inúmeros riachos- conforme pode ser comprovado pelas fotos abaixo, tomadas na chegada.





A hospedagem de D. Ana é um lugar  simples porem de bastante calor humano. Existem quatro ou cinco  casinhas simples, equipadas com beliches, sanitário e chuveiro de água quente. Os beliches são do tipo comum ,mas os colchões e travesseiros necessitam ser melhorados. 
Tomamos banho farto- água nunca será problema naquele lugar- e descansamos um pouco. Antes do escurecer procuramos os melhores ângulos para fotografas o entardecer e as peculiaridades do lugar.




Pelo grande terreno gramado circunvizinho ás casas e á casa principal, que diga-se de passagem, parece ser de mais de 100 anos, circulavam aves de todos os tipos, perús, galinhas, patos, gansos, etc.bem como algumas vacas leiteiras foram avistadas nas redondezas,


O escurecer revelou toda a beleza do firmamento livre de luzes artificiais.


Mais tarde foi servido o jantar, regado a uma boa caninha da roça e o prato principal foi uma truta assada com batatas, acompanhada da trivial comida caseira feita num grande fogão a lenha.

No interior da velha moradia, pudemos apreciar a capelinha construída por D Ana ao longo do tempo.

Encerrado o jantar, ficamos proseando um pouco com D Ana e filhos que demonstravam alegria com as proximidades de uma festa junina alguns dias depois e conforme nos foi dito, cerca de mil pessoas eram esperadas.

A maior preocupação era com a logística de alimentação de tanta gente.

Parece que cinco ou seis terceirizados se encarregariam de promover a comilança. Tendas seriam armadas no imenso gramado e a festa iria se prolongar até a madrugada.

Depois do papo e do cafezinho final cada qual procurou sua cama para descansar dessa estafante jornada- 27 km de muita subida e forte descida!!







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