quinta-feira, 27 de junho de 2013

Igrejas,capelas e oratórios da Estrada Reaal

Sem dúvida alguma as igrejinhas, as capelas e oratórios construídos ao longo da Estrada Real pelos primeiros habitantes, a maioria  ainda hoje muito bem conservadas, são motivo de apreciação e as campeãs das fotografias.

Todas realçam a qualidade de seus arquitetos, construtores ou  idealizadores que, mesmo sem a categoria dos engenheiros, souberam traduzir com fidelidade o sentimento cristão que imperava no seio da sociedade da época.Sentimento que ainda persiste em todo interior de Minas.

Fora as grandes e internacionalmente famosas igrejas, obras de autoria de Aleijadinho e Manoel Francisco Lisboa e ainda outros menos badalados localizadas em Ouro Preto, São João del Rei, Tiradentes,Mariana, Congonhas, Sabará ou ainda desconhecidas cidadezinhas do circuito histórico de Minas Gerais, as inúmeras capelinhas observadas ao longo da Estrada Real são monumentos vivos de uma história que nunca morrerá.

São objetos constantes das lentes de famosos fotógrafos e eu, ainda amador no assunto, declaro minha vibração pelo tema ao lado das casinhas rurais.

De todas as cidadezinhas e vilas pelas quais passei, tomo como referencia histórica a vila de São Bartolomeu, que tive a sorte de atravessar em sua plenitude religiosa- a comemoração do Corpus Christi, momento absolutamente fantástico pelo cunho histórico/religioso.
Tamtum Ergo cantado pelo povo não será esquecido.
As casinhas, a igreja, o povo e a incrível decoração foram dignos de registro.
Abaixo fotos de algumas relíquias do caminho.


                                Igreja do Carmo- Ouro Preto. Abaixo o cemitério da Ordem
                                        Igreja de São Francisco- Ouro Preto
                           Igreja de Santo Antônio, em Santo Antonio do Leite
                                               Interior da Igreja de S. Antônio
                                          Capela do Capão em São Brás do Suaçuí
                                                       Capela em Serra de Camapuã
                                            Igreja de S. Sebastião em Casagrande
                             Igreja N S das Mercês- Vila de São Bartolomeu, distrito de Ouro Preto

                                                Igreja de S. Antonio em Glaura
                                                     Igreja em Lobo Leite
                              Basílica de Bom Jesus de Matosinhos em Congonhas
                                             Portal da Igreja em Congonhas
                         
                                   Matriz de Santo Antonio em Lagoa Dourada

                                                      Basílica em Congonhas

                                                        Oratório em Bichinho
                                                          Igreja em Camapuã
                                                   Igreja em Lagoa Dourada
                                                  Igreja N S do Carmo em Prados

                                                       Oratório em Bichinho
                                     Igreja de São Francisco em São João del Rei
                                               Oratório em São João del Rei
                                          Igreja do Rosário em São João del Rei
                                    Basílica do Pilar em São João del Rei
                                            Oratório da Basílica do Pilar
                                        Igreja do Carmo em São João del Rei

terça-feira, 25 de junho de 2013

A Estrada Real- 10º dia e considerações finais

Com o frio da noite foi-se mais um caminho.
O caminho da Estrada Real terminou aqui em Tiradentes tendo em vista a programação inicial ter sido alterada.
A ideia inicial era chegarmos até São João del Rei pelo passeio no trem, ao invés de caminhar os últimos 14 quilômetros. Muitos não tinham nunca participado de um passeio dessa natureza, daí o inusitado programa.
Acontece que alguns tinham compromisso em São Paulo já no domingo e outros deveriam estar no aeroporto de Confins ás 15 horas do sábado.
Optamos então por abortar o passeio e desse modo eu, Claudia e Vanda tomamos um taxi para São João del Rei.
Mário, Hélia e Sidney logo cedo embarcaram no carro e foram para São Paulo, via São João del Rei e Lavras.
Navarro  e Regina foram os únicos a permanecerem em Tiradentes e mais tarde foram para São João del Rei fazer um turismo e aguardar o ônibus para São paulo.
Chegamos a São João  ás 7.40 h e enquanto eu dava um tempo até minha tia acordar,passamos por alguns lugares e igrejas históricas da cidade fazendo algumas fotos.

                
Em frente ao antigo Colégio Santo Antônio, hoje Universidade Federal de São João del Rei, onde estudei nos anos 60

                    
                              Igreja de S. Francisco
               
                 Igreja de Nossa Senhora do Carmo e o sino de 1927 a ser trocado. 
                

                          
                               Igreja matriz N S do Pilar e seu interior
                     

                     

                    
                   Interior da Estação de São João del rei, da antiga VFCO
                  
                             

                      
Chegamos a Confins por volta de 14 horas com tempo suficiente para embarque de Claudia e vanda. Despedimos ali com o compromisso de nova agenda para o próximo ano.dali voltei com o taxi para BH, chegando a tempo de comer um saboroso frango com quiabo de D.Dulce.

Considerações finais

A Estrada Real revelou-se uma grande aventura cheia de história e religiosidade.
Para quem não conhece, Minas deveria ser visitado começando por aquelas maravilhosas cidades.
Em que pese o tamanho do caminho percorrido, 240 dos 254 quilômetros programados, a  topografia montanhosa e agreste, o pouco povoamento no percurso, os trechos perigosos divididos com os veículos, tudo isso é compensado pela beleza paisagística e pela arquitetura colonial de suas igrejas e habitações, preservadas em sua grande maioria.
O turismo tem ajudado muito, proporcionando recursos para as organizações e prefeituras locais cuidarem deste rico patrimônio.Ouro Preto e Tiradentes são exemplos preservacionistas e constituem-se hoje em dia, em excelentes locais para realização de eventos e "hapennings".
Tiradentes abriga uma arquitetura intacta e revela-se um local de grande afluxo de pessoas por ocasião dos festivais gastronômicos, alguns de apelo internacional. Emissoras de TV têm ali farto campo para suas novelas de época.
O bucolismo de pequenas vilas e cidades é facilmente perceptível, seus habitantes são simples e amigáveis.
As pequenas fábricas de artesanato são um atrativo todo especial, revelando a habilidade de um povo que outrora viveu faustos tempos com a extração do ouro.
De todo o caminho, guardo na lembrança a procissão de Corpus Christi na pequena São Bartolomeu onde uma centena de pessoas, desfilando sua religiosidade nos belos tapetes de flores,  naquela ruazinha ladeada de casas centenárias cantando a música sacra Tamtum Ergo.

Aos amigos que participaram desse périplo pela história de Minas, o meu abraço e felicitações por deixarem seus afazeres, conforto, familiares e percorrerem o caminho compartilhando alegria e camaradagem, coisas dignas de valor. 

Como disse nosso amigo gaúcho Claudino de Lucca:

" Caminhante peregrino,
   Livre me vou pelos caminhos da vida,
   Coração aberto, sempre a mão estendida.
   Há um ponto não sei onde,
   Que me atrai não sei porque, 
   Um horizonte distante está perdido em mim mesmo,
   Por isso amanhã bem cedo,
   Com a mochila nas costas,
   Pelas perguntas que tenho e não encontro respostas,
   Pelas mágoas que carrego ou pela própria insensatez,
   Pego o cajado de novo e caio na estrada outra vez".

Para gaudio de muitos aqui vai o link dessa bela canção do mineiríssimo Beto Guedes, que retrata com fidelidade o sentimento do povo das Gerais, a música SAL DA TERRA .

Vitória, 25 de junho de 2013

Ulisses José de Souza


segunda-feira, 24 de junho de 2013

A Estrada Real- um percurso pela história de Minas Gerais-9º dia: de Prados a Tiradentes- 18 km

A noite foi de ótimo sono,favorecido pela ausência de barulhos e embalado pelo trinar dos grilos. Os galos madrugadores foram a parte, digamos  "roceira" do dia ao chamarem um ao outro para a briga logo que amanheceu.
O café da manhã foi servido com fartura e qualidade,constituindo-se num dos melhores do caminho. Ampla variedade de frutas, sucos,ovos fritos, coalhada, leite da roça, pães frescos, café forte,bolos, etc. tudo que um andarilho necessita para o reforço matinal.
Despedimos do Sr Renato e ás 7 horas começamos a ganhar as ruas ainda encobertas pela neblina, com  temperatura perto dos 16ºC ,passando pela Igrejinha de N S do Carmo, onde localiza-se o primeiro marco da Estrada Real, o de número 913. 



 Com pouco movimento pela estradinha seguimos em frente passando pela placa que indica o caminho de Tiradentes.
                                
Muita mata verde e coqueiros espalhados por aqui e alí compunham a paisagem.
Numa descida suave  defrontamos com uma fabriqueta inédita para todos: uma artesanal fábrica de "adobe", espécie de tijolo usado dese priscas eras na construção de casas.
Era para o engenheiro e construtor Navarro, a chance de adquirir profundos conhecimentos da técnica usada pelos antigos colegas de profissão na edificação das centenárias casas do caminho. O adobe é considerado um dos antecedentes históricos do nosso tijolo de barro e seu processo construtivo, conforme vimos no local é uma forma rudimentar de alvenaria.
São tijolos de terra crua, água e ás vezes palha ou uma outra fibra natural e são moldados conforme os equipamentos que se vê nas fotos. O braço de madeira é tocado por uma mula, que revolve a terra do fundo e essa vai saindo pela parte superior e assim vai direto para um depósito e daí para as formas.

                                       



Curiosidade satisfeita, seguimos pelo belo caminho arborizado, passando pelos verdes pastos dessa região essencialmente de criação de gado leiteiro e famosa pelos queijos produzidos.
Às 10.30 h chegamos ao bucólico distrito de "Bichinho"-distrito de Prados- hoje famoso pela presença de famosos que ali construíram casas usando o famoso adobe da região. Minha mãe fala muito desse lugarejo que frequentou quando criança, nos idos anos 30. Este acolhedor vilarejo pertence a Prados e formou-se no início do século XVII com a descoberta de ricas lavras de ouro.Destaca-se a Igreja N S da Penha de França, construída em 1732 com belíssimas pinturas em estilo rococó no púlpito e no forro e atribuídas a Manoel Vitor de Jesus.

Logo na entrada chamou-me a atenção esta pequena capela, ainda bem conservada.

                                      
Um pequeno rebanho de vacas leiteiras  se movimentava agitadamente perto de uma ponte causando grande rebuliço provocado por uns enjoados cachorros.
                        
As suas casinhas típicas de adobe,muitas delas  hoje transformadas em pequenos negócios de artesanato, parecem atrair muitos turistas que vêm de Belo Horizonte, Rio e São Paulo à cata de preciosidades.Fotos das lojas de Claudia e Regina.
                         




  


Dali de Bichinho alguns colegas optaram por pegar carona no carro apoio e nós outros fomos caminhando pela estrada agora calçada em pé de moleque. Seriam oito quilômetros assim até Tiradentes.
Que sofrimento, pois não poderia haver nada de mais incômodo, o tal pé de moleque!
Fomos assim até nos depararmos com o Museu do Automóvel da Estrada Real, onde paramos para um merecido descanso e água.Não quisemos entrar pois fatalmente ficaríamos ali a contemplar dezenas de carros antigos num processo demorado.Abaixo fotos de Regina.




Prosseguimos andando pelas inconvenientes pedras e a densa neblina estava começando a subir, de modo que os contornos da grande Serra de São José ainda estavam encobertos. Não fazia mais frio e um sol confortável prevalecia. 
Chegamos pelo alto,avistando a cidade antiga ao fundo.
O relógio apontava para 11 horas.O nosso destino era a Pousada Alegre Pinheirinho e da entrada até lá foi outro sacrifício, pois teríamos que galgar uma íngreme ladeira.
Transpusemos a linha férrea ao lado da estação onde jazia imponente a 41,atrelada a uma fileira de vagões, esperando a hora de soar o apito e rumar para São João del Rei.
É a única linha férrea no mundo em operação com bitola de 0,76 m.Quando criança andei nessa máquina, pois meu tio Luis Bento Rabelo, irmão de minha mãe era o maquinista.


Chegamos à pousada e fomos logo tomar um banho reparador.Em seguida pelo telefone nos comunicamos com os outros que haviam ficado em Bichinho apreciando aquele belo vilarejo e suas mil lojas de antiguidades e artesanato. Combinamos o encontro no restaurante da Simone, onde a comida era boa, farta e barata, ao contrário da maioria dos restaurantes de Tiradentes onde você almoça e tem que deixar a roupa penhorada de tão caros,rs!

Depois do almoço alguns foram fazer turismo na pequena e curiosa cidade que parece ter parado no tempo. Como eu a conheço desde criança fui apenas em alguns lugares mais tradicionais.

Tiradentes merece um capítulo à parte dadas suas características históricas e religiosas. 
Suas antigas denominações foram "Arraial Velho de Santo Antônio" e "Vila de São José do Rio das Mortes" e cidade de "São José d'el Rei".
O nome São José resulta da homenagem ao então príncipe de Portugal D.José I.
A vila de São José resultou do desmembramento da Vila de São João d'el Rei em 1718. As lavras de São José del rei foram descobertas por João de Siqueira Afonso em 1702, nos primórdios do século XVII.
Ao ser proclamada a república o governo republicano precisava de um herói que, segundo os novos governantes, representasse esses ideais. A escolha caiu sobre o alferes Joaquim José da Silva Xavier, que além de tudo com,bateu um governo monárquico. Desta feita o nome da cidade foi mudado para Tiradentes. 
Tiradentes tornou-se  um dos centros históricos da arte barroca mais bem preservadas do Brasil, por isso voltou a ter importância, agora turística.
Na metade do século XX, foi proclamada partimônio histórico nacional, tendo suas casas, lampiões, igrejas, monumentos e demais partes recuperadas. 
Mais história sobre Tiradentes aqui.
Pena que hoje em dia a pequena praça tenha perdido a caracterização- não digo dos imóveis- mas tornou-se uma babel, onde cada portinha é uma lojinha disso ou daquilo, um bar temático, um restaurante caro e nas imediações, caríssimas pousadas.

À noite voltamos ao centro para ficarmos batendo papo num dos barzinhos da praça, debaixo de um bom toldo com aquecedor elétrico pois estava mesmo frio,ao lado da pequena ponte que cobre um riacho do centro.
                 Fotos de Tiradentes capturadas pelas lentes do Navarro











Voltamos à Pousada do Pinheirinho- que não era lá essas coisas- para a última noite do caminho. Dormi um bom sono aquecido por bons cobertores.
Segue...







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