segunda-feira, 17 de junho de 2013

A Estrada Real- um percurso pela história de Minas Gerais-5º dia: de São Brás do Suaçuí a Entre Rios de Minas- 22 km

Este seria um dia de jornada mais curta, de modo que não houve pressa em sair da excelente cama da Pousada Vila Lara. Meu relógio biológico sempre me acorda antes do digital ,mas me vi acordado pelos pássaros, galos, papagaios e outras aves existentes no local.
O calor dos cobertores pedia que ficasse mais um pouco ali naquela quentura, já que na madrugada esfriara bastante.
A Pousada Vila Lara, como disse antes, foi o lugar mais agradável em que nos hospedamos, com muito verde, animais de quintal, quartinhos individuais, bom atendimento e o melhor café da manhã do circuito. Em troca também foi a mais cara, mas o aconchego e tratamento recebidos foram os melhores do caminho.









O café da manhã foi servido com uma enorme variedade de frutas, sucos, bolos, pães, doces, tortas, ovos mexidos, etc, tudo da melhor qualidade. Fizemos nossos sanduiches para o caminho com a aquiescência da proprietária e pudemos então começar o caminho às sete e meia.,

               Ao sairmos o tempo havia clareado e um sol fraco brilhava entre nuvens.
Pegamos o asfalto da rodovia,caminhando pelo lado contrário ao fluxo e como a pousada se localiza no final da cidade, andamos pouco até a entrada da mineração MRS, à direita.
Logo á frente a planilha sinalizava entrar por uma porteira e pelo aspecto do caminho concordamos que o carro apoio iria até onde fosse possível, pois o terreno apresentava-se estreito, cheio de buracos cavados pela chuva e pior: muito barrento e erodido pelas chuvas.
No momento em que nos deparamos com um córrego e uma pinguela o veículo voltou e passaria a nos esperar na próxima cidade.
Seguindo o caminho atravessamos os trilhos da ferrovia Centro Atlântica, no momento em que uma composição de minério passava. Um percurso de forte subida nos esperava à frente.

O local era bastante despovoado e a paisagem era constituída de pastagens para gado leiteiro e uma sequencia de grandes plantações de milho, eucalipto e a sempre agradável visão dos ninhos de pássaros, cada qual mais engenhoso que o outro.


       Os marcos bem definidos e de fácil visão não deixavam dúvidas quanto ao rumo a ser seguido.
                                A Serra do Gambá estava sempre ao alcance dos olhos
  Perto das onze horas, atravessando estradas barrentas devido as fortes chuvas do dia anterior
passamos pela comunidade de Camapuã, banhada pelo rio do mesmo nome onde um bar de nome interessante mereceu a fotografia.
Cruzamos com a solitária igrejinha-Capela dos Olhos d'Água, na beira da estrada marcando a forte presença- constante por sinal- católica na região.
Mais a frente, numa grande mata à esquerda, um forte barulho de mil vozes denunciava a presença de um bando de macacos, invisíveis e espertos, e  que são não se mostraram de maneira alguma.
Prosseguimos pela estrada barrenta quando,já perto de meio dia, um forte aguaceiro desabou sobre nossa cabeças.
Coloquei minha capa de chuva e o boné por cima do capuz de maneira a  evitar que a água molhasse meus óculos.
Subindo uma forte ladeira, cruzamos uma porteira para logo em seguida adentramos o lugarejo Serra de Camapuã, onde tive que consultar a planilha

                                                 para me certificar do caminho
Cruzamos ainda com caminhão recolhendo beterraba de uma lavoura anexa.
Continuamos nosso rumo em direção a Entre Rios nessa erma estrada quando o tempo fechou e um temporal se abateu sobre nós, pegando alguns desprevenidos sem capa de chuva, o que não era meu caso.

Alguns minutos depois dois colegas pegaram carona em um carro que passava e foram direto para a cidade que já se aproximava. 

Caminhamos uns bons quilômetros sob a chuva forte, que depois amenizou, até chegarmos na periferia da cidade onde  cruzamos o asfalto da MG -270, subindo uma longa ladeira para chegarmos ao centro da cidade, em frente do Hospital Cassiano Campolina.

Entre Rios de Minas, com população estimada em 14.500 pessoas,tem seu forte na agropecuária  e pelos dados possui mais bovinos que gente.
Tem o privilégio de ser o berço de fundação da raça equina Campolina e do jumento da raça Pêga sendo importante fornecedor de valiosos animais de "pedigree" para reprodução.
"A raça Campolina foi formada na fazenda do Tanque, cujo proprietário Cassiano Camplina era apaixonado por cavalos e desde 1857 trabalhava no aperfeiçoamento de seu plantel. Em 1870 recebeu de Antônio Cruz, seu amigo e compadre, uma égua preta de nome Medéia que estava prenhe de um garanhão da raça Andaluz presenteado a Mariano por Dom Pedro II.  A égua pariu um potro meio sangue a quem foi dado o nome de Monarca e mais tarde, com o cruzamento desse garanhão com éguas selecionadas da fazenda de Cassiano, deu origem à raça Campolina. Hoje é muito admirada pelos criadores e seus reprodutores-machos e fêmeas  alcançam altos preços naos leiloes e exposições.
Quanto ao jumento da raça Pêga foi iniciado seu melhoramento pelo padre Manoel Maria Torquato de Almeida na fazenda do Curtume. O nome Pega foi tomado de uma braga de ferro usada para prender os pés dos escravos fugitivos. O rebanho do padre foi vendido em 1847 para Eduardo José Resende de Lagoa Dourada.
A cidade é hoje o maior centro de criação de jumentos da raça Pêga no Brasil e até hoje mantem sua pureza racial.(Wickpédia)"

Abaixo foto de um garanhão Campolina (altura na cernelha 1,77 m) tomada na Exposição de Belo Horizonte em junho de 2013.



Ali pedimos informações a um taxista que nos apontou a direção até a Pousada Flor do Jacarandá, onde a simpática Silvia nos recebeu, direcionando cada qual aos seus aposentos, de muito bom gosto e conforto.
Ensopados e ainda sob fraca chuva, tiramos as roupas para serem lavadas  e fui lavar outras peças, colocadas numa garagem anexa,
Após o banho fomos imediatamente num restaurante nas proximidades para saciar a fome com uma gostosa comida mineira!.
Dali passamos num supermercado para comprar  vinhos, pães e queijos que seriam nosso lanche mais tarde.
Descansados e secos ficamos à noite na salinha do café saboreando os chilenos que compramos,acompanhados de pães e queijos típicos de Minas.
O sono foi tranquilo debaixo de quentes cobertores.
Segue...





4 comentários:

  1. Muito boa a narrativa, excelentes as fotos.

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  2. Oi cara, esses Sexto e Sétimo dias foram ótimos... Srá que não sobrou uns torresminhos para a gente não:.... As fotos do sexto dia falam tanto quant as palavras que você as escrevessem... Maravilhas.
    ABS Jorge

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  3. Agradeço Jorge pelos comentários elogiosos e de quebra as correções que sugeriu no texto anterior. De fato os dedos fogem de vez em quando das teclas.

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