sexta-feira, 14 de junho de 2013

A Estrada Real- um percurso pela história de Minas Gerais-3º dia: de Miguel Burnier a Congonhas-28 km

Destino neste terceiro dia de caminhada: Congonhas, uma cidade surgida em 1757, quando foi fundado o Santuário de São Bom Jesus de Matosinhos por Feliciano Mendes Guimarães, natural de Portugal. De início modesta cruz e oratório.
Feliciano era tão pobre que até morrer em 1765 pedia esmolas.
Contribuíram com grandes quantias Francisco de Lima,Manoel Rodrigues Coelho, Bernardo Pires da Silva, de modo que assim foi começada a nave central da Igreja; em 1787 foi colocada diante do altar mor a imagem do Cristo morto; a custódia e vasos sacros de prata foram  encomendados ao ourives Felizardo Mendes.
E, 1819 requisitaram-se os serviços de Manoel da Costa Athaide, o mestre Athaide, para restaurar a pintura da cpela-mor. De 1769 a 1772 trabalhou alí Mestre João de Carvalhaes recebendo três oitavas"à conta da pintura do altar de Santo antônio.
data de 1781 a última menção a Carvalhaes: recebeu oito oitavas " de feitio de duas imagens de Cristo dos colaterais da Igreja.
Em 1812 o barão de Eschwege instalou no arraial, com intenção pioneira no país de produzir o ferro sua fábrica Patriótica com Varnhagen e o Intendente Câmara, sendo tal local situado às margens da rodovia BR 040 nas proximidades da Mina da Fábrica(nome dado em alusão á Fábrica Patriótica) hoje pertencente à Vale.(Wickpédia)

Às sete  horas tomamos reforçado café no Centro Comunitário de Miguel Burnier e nos despedimos de sua linda estação ferroviária, cuja inauguração se deu em 17 de junho de 1884 e cujo nome  foi  uma homenagem a Miguel Noel Nascentes Burnier, engenheiro da rede ferroviária .
Depois de nos despedirmos da Sra Marilza, agradecendo sua excelente hospitalidade e acolhida. Deixamos com ela nosso abraço ao Tuia, que àquela hora já estava no batente.
Descemos uma ladeira de pedras ponteagudas para logo a seguir pegarmos a rodovia MG-030. Muito barro e cascalho de minério para importunar nossos pés. Entretanto mal começava o dia e logo iniciou-se o intenso movimento de carretas de minério, constituindo-se esse trecho num dos mais difíceis do caminho devido ao constante perigo.
Não havia como fugir: dos dois lados matagal fechado
e quando um caminhão cruzava com outro tivemos que ficar espertos, pois as dimensões dos brutos assustava,.
Prosseguimos nessa toada até atingirmos o asfalto que iria nos levar a Lobo Leita, cerca de 14 km depois de Burnier.
Seguimos o asfalto passando sob imenso viaduto da linha férrea  FCA-Ferrovia Centro Atlântica- cujas composições de transito pareciam ter mais de  100 vagões puxadas por duas locomotivas  SB 40 de forte e característico apito. ouça o som da locomotiva aqui

Ao longo da rodovia bela formação rochosa insiste em nos observar o tempo todo.

Pelas 10 horas paramos para um rápido lanche e hidratação pois o sol esquentava naquela hora.
mais uns km observamos á direita imenso pátio de manobra dos trens das ferrovias FCA e Vale.

Vejam aqui abaixo história sobre a linha férrea e sobre a estação ferroviária de Lobo Leite,inaugurada em 1886.
Continuamos por aquele asfalto e já nas proximidades do entroncamento da rodovia BR 040 o tráfego de caminhões pesados de minério era intenso, provocando nossa frustração e desanimo com o perigo constante. Foi dali a pouco que chegamos ao distrito de Lobo Leito onde desponta sua Igreja de N S da Piedade de clássico estilo barroco. e que tem grande significado para a sociedade local, pois sua  restauração terminou em 2009. Video sobre Lobo Leite

Lobo Leite é distrito de Congonhas, antes pertencente a Ouro Preto
Neste ponto alguns optaram por pegar carona no carro de apoio para fugir do transito, mas eu, Maurício e Mario optamos por pegar a trilha assinalada no totem ao lado da igreja e continuarmos  agora subindo íngreme ladeira arborizada depois de atravessar um caudaloso riacho, ao lado de um campo de futebol.




Mais uns quilômetros adiante, e seguindo as orientações da planilha contornamos uma porteira para descermos uma trilha pequena e começarmos pela estrada principal a  arrancada final até Congonhas, que pôde ser avistada ao longe.
Ali começava o asfalto da cidade e mal sabíamos que até o hotel havia uma enorme distancia. 
Tivemos que perguntar numa mercearia onde ficava o Hotel Max e o proprietário nos informou que seriam uns 3 quilômetros pelo menos. Meio desanimados ficamos uns minutos descansando num abrigo de ônibus, vendo o intenso movimento da BR 040 até decidirmos cruzá-la num raro momento de folga no fluxo.
Continuamos andando pelas ruas da cidade até que, exaustos chegamos ao Max Mazza Hotel, ao lado de um posto Ipiranga, em pleno centro.
Os colegas que chegaram de carro já tinham ido fazer um turismo pela cidade e certamente já haviam almoçado.
Tomamos nossos quartos, por sinal de excelente aspecto, com bons chuveiros, camas e lençóis limpos e cheirosos, para um relaxante banho e descansar até sairmos para um merecido jantar.
Quem chega a Congonhas, nesta região chamada Alto Paraopeba( do Rio Paraopeba, um dos mais importantes afluentes da bacia do São Francisco), se impressiona. No alto da colina doze profetas, obras do Aleijadinho,vigiam atentos a cidadeAs pessoas  lá embaixo circulam no vai-e-vem de seus afazeres diários, acostumados aos profetas, indiferentes aos seus olhares..
Abaixo fotos do adro da Igreja de São Bom Jesus de Matosinhos, a marca registrada de Congonhas e cuja riquíssima história, com seu jardim dos passos da Paixão,  pode ser vista aqui neste link













Como estávamos desencontrados dos demais colegas eu, Hélia, Mario e Maurício almoçamos no restaurante Cova do Daniel, próximo á praça da Basílica.
Mais pela noite, já agrupados, saímos para um breve passeio e nos vimos na iminência de saborear uma pizza regada a um Almaden (não havia outro, argh!!), para então voltar ao hotel e desfrutarmos um merecido descanso.
Nem tanto..... pois ali abaixo era o "point" da cidade e sons altos,musica sertaneja das mais bregas possíveis vinda de uma cervejaria anexa, atrapalharam nosso sono. Castigo!!! mas eu dormi feito uma pedra, dada a posição contrária do quarto onde dormia. Outros não tiveram tanta sorte.
Segue......

2 comentários:

  1. A história está boa, aguardo o próximo capítulo. As fotos ficaram excelentes, principalmente aquela do do viaduto da ferrovia!!!
    Jorge Rangel

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  2. já tem mais postagens Jorge.
    A Estrada Real merece ser percorrida. Já estou pensando na próxima etapa.

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