domingo, 25 de novembro de 2018

Caminho da Luz, um trecho inacabado de 2009

Replico aqui um escrito que fiz em junho de 2009 sobre o Caminho da Luz, épica jornada que originou a formação do Grupo  GMQ- gente da Melhor Qualidade.Ainda não tinha meu blog.Dedico aos meus caros amigos GMQs!



Resenha do Caminho da Luz 2009


Data: de 05 a 11 de Julho de 2009-07-15
Trajeto: Tombos a Alto Caparaó - Pico da Bandeira 
Percurso: 200 km.
Participantes:


Regina: renavarro7@yahoo.com.br  (11)4169-6247  (11)8335-7428 
Margareth e Gilson: gareh_brito@ibest.com.br (11)3682-9913
Zélia: zelia@etrusca.com.br  (11) 4614-1571  (11) 9842-2746
Raquel (Penélope): raquelita482@hotmail.com
Edilza: ednociti@itelefonica.com.br (16) 3386-1230
Ney: pingo@vivax.com.br (19) 3461-3940
Mauricio: rubiamou@yahoo.com.br (31) 3444-9032
Ulisses: ujoses@gmail.com   27   3222 7767   9932 1918
Ulisses: ujoses@hotmail.com
                  wsf2007@terra.com.br (orkut)
Hélia e Mário: helia.santos@logica.com  (11)3722-1528, (11) 9426-7892 Hélia,
(11) 9991-9035 Mário  
Claudinha: claudiakuhnen@terra.com.br (11)4777-9367, (11) 9299-3121




Amigos Caminhantes,
             
Com a graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, as bênçãos de Nossa Senhora da Luz (sua imagem está lá naquela gruta de Tombos onde começa a caminhada) e a proteção de Nossa Senhora do Carmo, da qual sou fiel devoto e a quem devo graças alcançadas, começo essa resenha pelo final, ou seja, começo relatar a frustração de não ter ido á despedida oficial da turma, pois gostaria de fazer um discurso (?) de agradecimento e despedida. Acho que o Bigode resolveu a parada, mesmo havendo combinado que nós dois faríamos uma, digamos,”fala” conjunta exaltando a união e companheirismo desse time. O que ficou mesmo foi àquela sensação do coletivo, ou seja, acho que nós enriquecemos espiritual e socialmente, mais esse do que aquele, pois na verdade não havia como ficar muito tempo sozinho e meditar feito um monge.

O caminho foi percorrido  em conjunto, respeitadas aquelas idiossincrasias individuais, ou seja, quem preferiu fazer sozinho teve todo o direito. O coletivismo favoreceu a troca de conhecimento, cada um a princípio um ilustre desconhecido dos outros (menos as famílias é claro), mas com o tempo tenho certeza houve uma interação total. Quem não relatou um problema, uma sensação nova, para o colega?. Eu mesmo parecia uma mala aberta de conversa, acho que a Kátia e o Bigode, depois o Kojak, se cansaram do meu lero-lero. A Penélope Charmosa ficou expert em muita coisa, só não ouvimos muito o som da sua bela voz, mas aquele sorriso de aeromoça (já viram a aeromoça se derretendo toda oferecendo, uma simples barrinha de cereais mais um pacotinho de amendoim para aliviar a fome do coitado do passageiro?) com que ela desfilou o tempo todo, aliado á sua indumentária típica paulista, ficam mesmo na memória. O Bigode merecerá um capítulo à parte, tal a riqueza do seu folclore, vocabulário, ditados, canções, assovios, e histórias sem fim. O homem é um poço de assunto.

Ainda peço aos amigos que corrijam os erros ou omissões de fatos porque, mesmo eu achando que possuo memória de elefante (tema esse que falo mais adiante-elefante-) posso ter omitido fatos relevantes ou acontecimentos alegres ou dignos de menção e/ou boas risadas. Enfim como estávamos separados durante a caminhada, alguém pode e deve inserir o comentário que quiser na resenha (salvando no seu computador, coloque suas observações em azul) e devolva para mim. Relate o fato que achar interessante.

Mencionei N S do Carmo (na verdade Nossa Senhora do Monte Carmelo) aí acima, pois a minha intenção era sair de Alto Caparaó no domingo ou segunda e rumar para São João Del Rei, minha cidade natal e participar da festa de NS do Carmo, que tem início no dia 7 e vai até 15 de julho e termina no dia 16 sendo consagrado á Excelsa Virgem Maria onde ás 8h tem início a missa, seguida da Rasoura com a veneranda imagem. A igreja de N S do Carmo data de 1733.

Recomendo a todos os praticantes da fé católica (e porque não aos de outros credos como simples turistas apreciadores da bela arte barroca) que façam uma viagem de turismo a S. João Del Rei, como de resto ao Circuito Cidades Históricas de MG, no mês de julho e assistam essa festa. As missas são rezadas na língua latina, segundo um ritual de uns 250 anos, onde alem disso, são cantadas as composições musicais feitas à época, e executadas pela orquestra fundada naquela época, chamada “Orquestra Ribeiro Bastos”.

Sugiro aos amigos que acessem a página do Google e pesquisem Igrejas de São João Del Rei- ou ainda, acessem. http://www.feriasbrasil.com.br/fotos/ Clicar em FOTOS depois clicar no mapa de  Minas Gerais e a seguir em S.João Del Rei Aproveitem e naveguem mais pelas belezas de M.Gerais.

Antes, porém, merece destacar os organizadores do evento. De como um cidadão-Albino Neves- em um dado momento de reflexão da vida, quando estava no Pico da Bandeira, resolveu estabelecer um roteiro de caminhada rural, pegou seu cajado e saiu por aquelas montanhas de Minas delineando um roteiro que serviria de motivo para pura reflexão religiosa, lazer, pagamento de promessas, simples aventura, ou seja lá o que for, merece aplausos e reconhecimento. Ver: http://www.caminhodaluz.org.br/. Ao caminhante Albino Neves, com experiência vivida no caminho de Compostela, passando por Fátima, Terra Santa, seguindo os passos de Jesus, de Nazaré a Jerusalém atingindo Jordânia e posteriormente  Roma nossas homenagens.

Pense bem amigo, você se atreveria a sair por S. Paulo, Brasília, Paraná, etc.. traçar pelo interior uma jornada de tantos dias, contatar pessoas, estabelecer hospedagens, etc..etc.? visando congregar pessoas com um sentido ecológico/financeiro/lazer/turismo,etc? e ficar numa expectativa se vai aparecer gente interessada, se o retorno financeiro frente aos investimentos feitos será compensador, se todos vão se comportar com civilidade, se alguém adoecer/machucar/ter um infarto(ops!!). Caramba, não é brincadeira!!!

Por isso vamos aqui parabenizar a organização, nas pessoas maravilhosas de Vitor Hugo e Clarissa. Esse Vitor Hugo é mesmo o cara. Clarissa será classificada de “A cara”!! Após uma jornada era um alívio dar de cara com aquela pick-up do Vitor carregada de deliciosos salgadinhos, sucos variados - gelados diga-se de passagem- frutas diversas e uma boa conversa.  Vitor e Clarissa recebam nosso abraço e a certeza que vamos repetir a dose- eu no caso dispenso nova subida ao P. da Bandeira- vou preferir ficar lá em baixo tomando umas brahmas e curtindo uma Charmosa de Minas, seguidas de petiscos bem adequados ao clima e ambiente. Em Alto Caparaó quem não foi deverá ir à Cantina Gourmet e á lojinha existente nas proximidades e se maravilhar com as belas lembranças á venda. A cantina é uma bela casa de gastronomia e promove também shows e eventos.

Na véspera da nossa subida, quatro bravos caminhantes se aventuraram a fazer aquela que é classificada como ideal da subida ao Pico, ou seja: a pessoa sobe á noite para ver o sol nascer. Confesso que não me atraiu por se tratar de uma aventura no escuro o que me fez pensar nas dificuldades do caminho, eu que nunca tinha ido lá, mas, pelas informações do meu filho Paulo Henrique, seria uma  barra pesada para alguém da minha faixa etária e que tinha um joelho operado. Mas isso não é desculpa trata-se  apenas de uma constatação de que não estava mesmo a fim de subir àquela hora. Parabenizo mesmo o Justus (apelido que o Bigode deu ao Zenon) ao Sidney e àquelas duas pipas voadoras- Ronilda e Vanda. Alías peço desculpas à Ronilda por ter me referido à ela como Rosilda...caramba que mico!!! Ô Bigode! Vou te contar....as duas andam, hein???

Aqui abro um parêntesis; “A nossa marcha, esteve sempre perto, mas não alcançamos a Ronilda na chegada à Alto Caparaó. Só a alcançamos, - na verdade ela esteve a uns 10/20 metros na nossa frente, coisa pouca, mas levaram a medalha de ouro e eu e Bigode a de lata - quando ela pediu para fotografá-la defronte a Igreja, por sinal muito bonita. 

Isso extensamente posto, vamos aos fatos ocorridos no dia da subida ao Pico da Bandeira – que relato aqui por uma questão de estratégia. Ao final do relato  começo “do começo” ( pronunciar com tom grave da sílaba Mê). Hahahah parece coisa de português, né? Mas é bem brasileiro.

Dou início comentando o sistema de transporte até o terreirão, realizado, no meu caso numa pick up Ford Willys ano ...sei lá.. 71,72, muito bem conservada e que sempre foi motivo da minha cobiça. Penso que ainda vou ter uma, afinal é de 6 cilindros e tem uma força incrível. Se vocês se lembrarem, o camarada subiu aquela rampa com o pé em baixo e  por duas ou três vezes teve que usar a tração tendo o veículo se comportado muito bem. Acontece que sua bomba de óleo soltava um monóxido de carbono insuportável e esse gás, no meu caso, é nocivo- me provoca mal estar e uma irritação certa na garganta. Naquele momento começou a me atacar uma tosse seca e insistente que viria ser fator agravante do problema surgido.

No terreirão percebia-se uma ansiedade natural na turma, tipo: vamos logo!! Ta demorando!!. Enfim demos início aquela que seria uma verdadeira atividade de alpinista. O início estava bem tranqüilo, com a turma alegre e feliz, curtindo um sol ideal para aquela temperatura. Estava até meio quente, conforme me convenceu o motorista Rodrigo, fazendo com que eu deixasse meu casaco do Exército quente e impermeável com ele, pedindo que deixasse na casa da D. Alani (é esse mesmo nome?). Não deveria ter dado crédito á ele, pois esse casaco fez uma baita falta.

O guia Josias seguia num ritmo adequado à subida, demonstrando conhecimento de causa em razão da quase total inexperiência do grupo. Caminhada que prosseguia, a turma ia fazendo suas fotos, apreciando a paisagem, trocando idéias sobre assuntos variados, mas o fôlego ia se declarando presente  de uma maneira ou de outra. Por aqueles momentos chegamos a tirar alguma blusa mais quente e paramos algumas vezes para apreciar os acidentes geográficos tais como o Rio José Pedro, que separa MG do ES, uma corredeira onde parei para usar minha caneca de alumínio dos andarilhos capixabas e constatar o frescor e qualidade da água- que classifico como “ DA MELHOR QUALIDADE” não é  Kátia? As fotos ficaram ótimas. Fotos do Caminho da Luz.2009\pausa na beira do riacho.jpg

Vida que segue e a turma coesa isto é, firme e unida na busca do objetivo final. Ninguém demonstrava cansaço. O tempo passando e a temperatura foi caindo também. Com a turma meio que aflita o Josias, lá pelas tantas informou: 500 metros para o terreirão!. Fotos do Caminho da Luz.2009\Foto no Terreirão.jpg.

Foi um alento e tanto e logo o avistamos. Lá no Terreirão paramos para uma merecida pausa, fazer um lanche, apreciar o cenário e também interagir com outros caminhantes que, acampados, esperavam anoitecer para início da subida ao pico. Mais um pouco e começamos a subida. A princípio calma e tranqüila a nossa jornada era intercalada por pequenas pausas para fotos e observação da natureza, o Josias explicando as coisas de praxe e, incrível, ia recolhendo papeis, plásticos e outros tipos de lixo que alguns aborígenes deixavam pelo caminho. Mas uma coisa é certa, a natureza continua linda e penso que cada vez mais as pessoas estão se conscientizando do nosso verdadeiro papel como guardiães e preservadores do ambiente para as futuras gerações.

À medida que o tempo passava a subida ia crescendo em dificuldade e no meu caso, preocupado com meu joelho de jogador de futebol operado, pensava se o dito cujo ia agüentar. E com o passar do tempo começamos a enfrentar uma ventania sem igual que, á medida que encontrávamos com caminhantes na descida, nos relataram que a coisa lá em cima estava muito feia.
Fotos do Caminho da Luz.2009\ventos de 80 km.jpg Um deles me falou que quando chegou lá em cima conseguia ver o chão, mas depois a neblina cobria tudo. Na subida encontrei com uns americanos que relataram que nunca tinham visto nada igual e um deles falou que não estava sentindo o “corpo”. Pensei com meus botões...porque deixei lá em baixo meu casaco impermeável???? Mas continuamos firmes e em momento algum pensei em desistir. E tome subida!!

Depois daquela escalada sinistra, onde a dificuldade de subir se equivale literalmente á de um alpinista, e a cada olhada para cima você meio que não acreditava que iria superar tamanho obstáculo, e vislumbrava a figura de um ser humano lá no alto do tamanho de uma galinha, enfrentando ventos de 80 km/h e uma neblina preocupante, ao chegar ao topo, mal podia acreditar que estava realizando um sonho que alimentava desde jovem (lá pelos meus 25 anos).

Encontrei o Bigode apoiado num paredão tremendo mais que quando se está com dengue, afinal ele não tinha levado muitos agasalhos. Mas estava firme. Chameio-o para fotografarmos o local e registrar nossa presença para a posteridade, no que o cabra topou na hora.

Duro mesmo foi chegar ao cruzeiro, pois o vento estava insuportável e eu fui me arrastando pelo chão mesmo, senão o vento me levava, conforme levou o boné que o Mário tinha me emprestado e que a essa altura do campeonato deve estar chegando á nave espacial Discovery.

Rapidamente saquei minha câmera e fotografei o Bigode- ficou parecendo que ele iria levantar vôo-Fotos do Caminho da Luz.2009\Bigode se preparando para decolar no alto do Pico.jpg e a seguir ele fotografou esse ninja que vos escreve e rapidamente ele quis descer. Não vi mais o Bigode. Foi-se embora rápido e eu fiquei atrás do paredão, esperando o restante do time que estava ainda subindo.

Ali tirei o meu lanche e tentei segurar o pacote quando percebi que não sentia minhas mãos....estavam congeladas, pensei: caramba: me ferrei, fiz pouco caso do par de luvas que minha mulher havia me emprestado e recomendado  que as usasse pois lá em cima era “ muito Frio”: coitada não sabia que lá era CONGELANTE... Eu realmente me preocupei com o estado de insensibilidade total das mãos. Comi rápido ( nem me perguntem como segurei o sanduíche) e a turma chegou  me dando esperanças que iríamos embora rápido.

Não mais que surpreso, vejo o pessoal do Sr Arlindo sentado no chão do cruzeiro, fazendo o que me pareceu um piquenique. Fiquei pasmo com a naturalidade daquele time de paulistas que parecia que estavam comendo um lanchinho no Parque do Ibirapuera, observando os transeuntes, batendo o maior papo,. tamanha era a naturalidade da situação. Entenderam???: na...tu...ra...li...da...de!!!. num frio de não sei quanto...!!
Na verdade Ulisses, era uma roda para bloquear a ação do vento, e o piquenique era porque já não tínhamos mais força, era preciso comer algo....

Aliás, essa palavra me lembrou aquela placa afixada numa residência com os dizeres: Leu bem?  ga...ra...gem, que vimos num determinado local e que tenho certeza, todos fotografaram tal foi a originalidade e a presença de espírito de quem a bolou.
No caminho da pizza na primeira noite, em Tombos.

Voltando ao Pico, junto ao colegas que lanchavam,me sentei meio abrigado por umas moitas de arbustos mais altinhos e fiquei esperando os paulistas terminarem seu passeio pelo Parque do Ibirapuera, quando o guia Josias nos alertou para descermos rápido  tendo em vista a velocidade do vento e o frio cortante, dizendo que a temperatura iria cair rapidamente. Assim começamos mais uma jornada, tão ou mais difícil que a subida, pois para uma boa descida a pessoa precisa ter bons joelhos.

A descida foi rápida em razão da pressa com que se imprime aos passos e devo dizer que desci mais rápido do que o recomendado, pois certa hora escorreguei com o pé direito e fui ao chão. Meu joelho esquerdo operado bateu com força e me preocupei com alguma lesão. Doeu na hora, mas depois não deu problema algum. Descemos eu, Kátia, Kojak, Luis, Raquel e Claudia e atingimos logo o Terreirão onde meio que  na cara de pau, fui até a barraca de uns rapazes filar um conhaque para combater o frio.Após um bom trago seguido de umas iscas de carne assada me senti recuperado  fomos nos sentar um pouco. Todos aproveitaram o momento para comer,fotografar o local, especialmente um bando de quatis que na maior tranqüilidade pulavam nos cestos de lixo a cata de comida.Muitos estavam por perto e pareciam bem à vontade na presença das pessoas.

A seguir continuamos a descida e sem maiores esforços atingimos a Tronqueira onde já nos aguardava o transporte. Dali até a cidade foi um pulo e eu, ao chegar ao hotel, fui direto tomar um dos banhos mais quentes da minha vida. Uma hora depois verifiquei que estava com ligeira febre. Maria Inês foi á farmácia comprar termômetro e Tylenol. A febre era 37,5, mas eu estava com muito frio e desanimei de ir á Estância Gourmet conforme combinei com Kátia, Kojak e família.

Resolvi ficar deitado e simplesmente descansar. Lá pelas 9 horas alguém bateu à porta do quarto dizendo que queriam falar comigo lá em baixo. Pedi para subir e sem surpresa vi que eram meus maravilhosos amigos e camaradas Kátia, Kojak e Regina que vieram fazer uma visita ao “enfermo”. À essa altura já não tinha mais febre e quer saber?........me convenceram e fomos á cantina saborear uns petiscos.

Despedi-me deles já com saudade e fui dormir, pensando na viagem de volta para Vitória. No domingo pela manhã fui á Pousada me despedir do restante dos amigos que ainda não tinham ido embora, fizemos as promessas futuras de novas caminhadas e peguei o caminho de volta. Aí a febre voltou e cheguei a casa com 39,5 de febre. No dia seguinte fui ao médico, que solicitou umas radiografias que comprovaram que não tinha NADA. Receitou-me uns antibióticos para combater uma leve bronquite e tudo se resolveu. Aqui estou então escrevendo essa resenha de trás para frente, podendo os amigos achar esquisito, mas é mesmo para ficar na memória.

Agora vou começar do começo, certo?


Cheguei á Carangola ás 0.30 h do dia 4 de julho, após uma viagem de ônibus de umas 6 horas. Há muitos anos não viajava de ônibus desses do interior, tipo aquele cata-jeca comum nas pequenas cidades. Fui para o Hotel na esperança de um bom descanso, mas, para meu azar me arranjaram um quarto dos fundos que mal cabia uma pessoa em pé.

Pedi outro e o rapaz me mandou para um que parecia que estava literalmente no meio da rua, tal o barulho. Como não tinha jeito, tentei dormir lá pelas 01.30 e com menos de uma hora, um barulho infernal de motocicletas acelerando me despertou.

Eram os caras chegando para um encontro de motociclistas. A conversa deles parecia que estava dentro do meu quarto. Eu fiquei muito puto da  vida. 45 minutos depois, já dormindo, nova turma chegou e a falação recomeçou até ás 5. Aí deu vontade de dar uns tiros, mas não teve jeito...fiquei o resto da noite sem dormir, torcendo para que amanhecesse logo e eu pudesse me mandar rapidinho daquele inferno de barulho.

Às 7 da manhã estava de pé e dei umas voltas pelas redondezas, fazendo um reconhecimento de uma cidade onde nunca tinha estado. Fui até a rodoviária e comprei um bilhete para Tombos no ônibus das 9.

Minutos antes do embarque cheguei com a mochila e vi uns quatro ônibus estacionados. Perguntei á uma moça que, compenetrada lia um livro, qual era o que ia para Tombos. Ela me disse que o carro  iria estacionar ali na frente mesmo e que ela também ia embarcar .Quase na hora resolvi perguntar para alguém mais próximo e me informaram que o nosso era o último da fila. Chamei a moça e embarcamos.

Subindo para o ônibus, verifiquei a presença de um casal típico de andarilhos, ela com um chapeuzinho desses- modelo dos índios peruanos e o camarada com sua tradicional tralha de andarilho.Mais tarde descobrimos ser o casal nota dez Gilson e Margareth,em cuja agradável companhia percorremos o longo caminho.

A moça sentou-se no banco ao lado e disse que estava ali para participar de uma caminhada .Bingo...eu também vou para lá, disse a ela e me apresentei á Kátia, essa criatura maravilhosa que conhecemos. Viemos então num bom papo, que se estendeu por todo o caminho da Luz. Chegamos á Tombos pouco tempo depois e fomos logo para o Hotel Serpa, que nos encantou pelo estilo e estado de conservação, já que é centenário. Os quartos foram distribuídos e cada um foi para o seu cuidar de suas coisas, mal controlando a ansiedade para sair pela rua e dar umas voltas pela cidade. Ao lado tem o Hotel Colonial onde fui dar uma beiçada na pinga e no tira gosto- pernil assado- da melhor qualidade.

Logo a seguir um grupo se propôs a ir á Cachoeira de Tombos, local de belíssimo visual e ponto de partida da caminhada. Registramos a nossa presença com belíssimas Fotos do Caminho da Luz.2009\Cachoeira de Tombos.JPGfotos. Fotos do Caminho da Luz.2009\Aqui é o início da jornada.JPG, Fotos do Caminho da Luz.2009\Cachoeira ao fundo.JPG

No caminho para a cachoeira paramos para visitar a bela igreja que está sendo restaurada e de quebra fomos gentilmente convidados para almoçar comum grupo de catequistas que estava em reunião. Aceitamos de bom grado e ,na hora marcada lá estivemos para saborear deliciosa comida. Agradecemos a todas na pessoa da Sra Olívia Rijo, organizadora do evento. Às cozinheiras, Madalena, Enair,Maria das Graças, Roseli e Emanuela o nosso muito obrigado.Vejam as fotos : Fotos do Caminho da Luz.2009\As maravilhosas cozinheiras da igreja.JPG
Eu e a Kátia aproveitamos o momento e comemos num mesão lá na cozinha mesmo. Foi uma festa, pois as cozinheiras nos trataram com toda cortesia.

O Caminho da Luz tem seu início neste lugar de grande força energética, a base da Cachoeira de Tombos a 238 metros de altitude. Ela é a quinta maior em queda d’água do país e sua força pode ser ouvida a distancia. Ali se encontra uma das primeiras usinas hidrelétricas do país e que, ainda hoje, produz energia que é distribuída para o Rio de Janeiro.

Em 1849 o lugar recebeu o nome de Tombos Encantado, devido justamente á beleza e magia da cachoeira.

O restante do pessoal chegou ao Hotel Serpa  mais tarde e Vitor Hugo e Clarissa apareceram para dar as boas vindas, explicar os detalhes para o início da caminhada e colocar alguma questão importante para todos. Foram feitas muitas fotos, pena que eu mesmo não tenho nenhuma.
À noite fomos convidados para uma confraternização e fomos á uma pizzaria. Apesar da demora, fomos muito bem atendidos e passamos bons momentos ali tomando cerveja e nos conhecendo. Voltamos para o Hotel para descansar e preparar o início da caminhada. Devo dizer que mal dormi naquela noite, parte devido a alguns bebuns que ficaram a noite inteira ouvindo músicas maravilhosas... mas isso faz parte!

Às 4.30 da manhã fui despertado do pouco sono pelo bando de arruaceiros, que ao som de uns belíssimos “funks” insistiam em acordar a pacata cidade. Às 6.30 tomamos o café e nos mandamos, após umas necessárias fotos em frente ao Hotel.
Aí começa mesmo aquela que foi a melhor de todas as jornadas para mim e com certeza para Kátia, Bigode, Kojak, Regina, Penélope e todos nós.

Algum tempo depois do início da caminhada nos deparamos com a Fazenda Oliveira, com aquele casarão imenso, como uma sentinela do tempo. Fizemos as fotos do momento e continuamos o caminho. Mais tarde chegamos a um local denominado Fazenda do Banco (?),onde conhecemos D. Francisca, mulher de fibra e que nos recebeu com a tradicional hospitalidade mineira.Troquei a água do meu cantil, proseamos um pouco e recomeçamos a marcha. O Sr Arlindo jura que, neste local viu um leitãozinho mamando numa cadela... Eu também vi, mas foi antes, bem antes, no inicio da caminhada, tenho foto pra provar, vou ver se encaminho!!!! eu quis “trucar”, mas o homem disse que não mente então acreditamos piamente (Já isso não ponho minha mão no fogo, hahahhah).Vá lá Seu Arlindo!!!!. De vez em sempre o sempre atento Vanderson dava o ar da sua graça, percorrendo o trecho prá lá e pra cá verificando se estava tudo bem e sempre dando uma força legal. Aquela sua bicicleta certamente tem muitas histórias para contar, sem contar no orgulho que o Vanderson sempre se referia á sua Rottweiller!!

No trajeto e ao longo do caminho, eu, um veterinário apaixonado pelos animais, adorando a vida nas fazendas, após tantos anos de trabalho com os homens do campo,fui desfiando meu conhecimento para os amigos companheiros de caminhada e quero crer que todos aprenderam bastante sobre animais, plantas, costumes, raças de gado bovino, etc...não foi mesmo Raquel??? À essa altura a Penélope Charmosa já é “expert” em bovinos da raça Nelore, Gir,búfalos, etc.

Andei dando umas dicas também para a Kátia sobre as melhores maneiras de educar os cães e colocá-los nos seus devidos lugares, pois eles sendo animais de matilha, têm que ter um líder em casa!! Penso que as dicas devam ter servido para aprimoramento, certo Kátia?

A jornada prosseguiu em direção á Gruta da Pedra Santa em Catuné, pelo caminho da Mata do Banco, onde avistamos muitos pássaros. Horas depois chegamos á Gruta da Pedra Santa, um local de grande mistério para a ciência e religiosos.. Diz a lenda que as pedras que caem do seu teto e laterais, aumentando assim o tamanho da gruta, caem e desaparecem,sem que ninguém veja, não havendo até hoje  explicação para o fenômeno.

Era por volta de 1 hora  quando chegamos à Mata dos Crioulos e Lajinha, que em 1884 passou a se chamar Catuné, nome indígena que significa “ pessoa que fala bonito”, apelido que os indígenas deram ao Padre  Antônio Gonçalves Nunes, sacerdote  dotado da fluência da palavra de Deus( Ref. Livro do Albino Neves).

Em Catuné nos dirigimos á casa de D. Neusa, onde já estava devidamente instalado, tomando uma cerveja gelada e batendo papo com os meninos, ninguém menos que o Kojak. O homem é corredor em S. Paulo e nesse primeiro dia ninguém o viu...passou feito uma bala e  parecia o Pernalonga do desenho. Mais tarde eu e o Bigode o convencemos a caminhar ao invés de correr, atitude que valeu, pois se revelou um grande companheiro e um proseador da melhor qualidade.

Aqui faço um parêntesis para falar dos “meninos de Catuné”: são o Diogo, Douglas, Charles, Jeferson. São simpáticos, amáveis e inteligentes Os dois primeiros nos encontraram bem antes da gruta da Pedra Santa e o menino Diogo, de uma pureza sem igual, veio contando casos e mais casos até chegarmos á casa de D. Neuza. Foto: Fotos do Caminho da Luz.2009\Os meninos de catuné.JPG.

O Douglas, mais esperto colocou o seguinte problema matemático para o Kojak: Você tem R$ 30,00 e necessita comprar 30 cabeças de aves sendo: a galinha 2,00 a unidade, o frango a 0,50 cada e o pintinho a 0,10 cada. Como resolve? O Kojak fez algumas equações do 2º grau e não conseguiu matar a charada.

Após o almoço/jantar, ficamos ali no papo e para dormir nos deslocamos á casa do Sr e Sra ( lembrar o nome)........ onde tivemos uma excelente hospedagem. No meu quarto tinha até televisão. Dormi de cansaço mesmo, pensando na maravilha que seria o dia seguinte.



Pausa por hoje.



Postagem em destaque

O Caminho de Assis- Itália

O Caminho de Assis, uma viagem pela Idade Média na Itália O homem medieval é o "homo viator ". Sua vida é um caminho percorri...