terça-feira, 25 de junho de 2013

A Estrada Real- 10º dia e considerações finais

Com o frio da noite foi-se mais um caminho.
O caminho da Estrada Real terminou aqui em Tiradentes tendo em vista a programação inicial ter sido alterada.
A ideia inicial era chegarmos até São João del Rei pelo passeio no trem, ao invés de caminhar os últimos 14 quilômetros. Muitos não tinham nunca participado de um passeio dessa natureza, daí o inusitado programa.
Acontece que alguns tinham compromisso em São Paulo já no domingo e outros deveriam estar no aeroporto de Confins ás 15 horas do sábado.
Optamos então por abortar o passeio e desse modo eu, Claudia e Vanda tomamos um taxi para São João del Rei.
Mário, Hélia e Sidney logo cedo embarcaram no carro e foram para São Paulo, via São João del Rei e Lavras.
Navarro  e Regina foram os únicos a permanecerem em Tiradentes e mais tarde foram para São João del Rei fazer um turismo e aguardar o ônibus para São paulo.
Chegamos a São João  ás 7.40 h e enquanto eu dava um tempo até minha tia acordar,passamos por alguns lugares e igrejas históricas da cidade fazendo algumas fotos.

                
Em frente ao antigo Colégio Santo Antônio, hoje Universidade Federal de São João del Rei, onde estudei nos anos 60

                    
                              Igreja de S. Francisco
               
                 Igreja de Nossa Senhora do Carmo e o sino de 1927 a ser trocado. 
                

                          
                               Igreja matriz N S do Pilar e seu interior
                     

                     

                    
                   Interior da Estação de São João del rei, da antiga VFCO
                  
                             

                      
Chegamos a Confins por volta de 14 horas com tempo suficiente para embarque de Claudia e vanda. Despedimos ali com o compromisso de nova agenda para o próximo ano.dali voltei com o taxi para BH, chegando a tempo de comer um saboroso frango com quiabo de D.Dulce.

Considerações finais

A Estrada Real revelou-se uma grande aventura cheia de história e religiosidade.
Para quem não conhece, Minas deveria ser visitado começando por aquelas maravilhosas cidades.
Em que pese o tamanho do caminho percorrido, 240 dos 254 quilômetros programados, a  topografia montanhosa e agreste, o pouco povoamento no percurso, os trechos perigosos divididos com os veículos, tudo isso é compensado pela beleza paisagística e pela arquitetura colonial de suas igrejas e habitações, preservadas em sua grande maioria.
O turismo tem ajudado muito, proporcionando recursos para as organizações e prefeituras locais cuidarem deste rico patrimônio.Ouro Preto e Tiradentes são exemplos preservacionistas e constituem-se hoje em dia, em excelentes locais para realização de eventos e "hapennings".
Tiradentes abriga uma arquitetura intacta e revela-se um local de grande afluxo de pessoas por ocasião dos festivais gastronômicos, alguns de apelo internacional. Emissoras de TV têm ali farto campo para suas novelas de época.
O bucolismo de pequenas vilas e cidades é facilmente perceptível, seus habitantes são simples e amigáveis.
As pequenas fábricas de artesanato são um atrativo todo especial, revelando a habilidade de um povo que outrora viveu faustos tempos com a extração do ouro.
De todo o caminho, guardo na lembrança a procissão de Corpus Christi na pequena São Bartolomeu onde uma centena de pessoas, desfilando sua religiosidade nos belos tapetes de flores,  naquela ruazinha ladeada de casas centenárias cantando a música sacra Tamtum Ergo.

Aos amigos que participaram desse périplo pela história de Minas, o meu abraço e felicitações por deixarem seus afazeres, conforto, familiares e percorrerem o caminho compartilhando alegria e camaradagem, coisas dignas de valor. 

Como disse nosso amigo gaúcho Claudino de Lucca:

" Caminhante peregrino,
   Livre me vou pelos caminhos da vida,
   Coração aberto, sempre a mão estendida.
   Há um ponto não sei onde,
   Que me atrai não sei porque, 
   Um horizonte distante está perdido em mim mesmo,
   Por isso amanhã bem cedo,
   Com a mochila nas costas,
   Pelas perguntas que tenho e não encontro respostas,
   Pelas mágoas que carrego ou pela própria insensatez,
   Pego o cajado de novo e caio na estrada outra vez".

Para gaudio de muitos aqui vai o link dessa bela canção do mineiríssimo Beto Guedes, que retrata com fidelidade o sentimento do povo das Gerais, a música SAL DA TERRA .

Vitória, 25 de junho de 2013

Ulisses José de Souza


6 comentários:

  1. Essas fotos de São João Del Rei me faz lembrar algumas viagens que fiz por lá. Está na hora de voltar. Valeu o passeio, para mim, virtual.
    Parabéns. /Jorge

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  2. Obrigado Jorge. Ouviu a música do Beto Guedes?

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    1. Ulisses é de tirar o folego e matar um pouco das saudades. Foi muito bom mesmo e sua organizacao impecável e perfeita.
      Helia/Mario

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  3. Obrigado Hélia. Vá se preparando para as próximas.

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  4. Caro Ulisses, estou acabando de ler a sua aventura e morrendo de saudades de quando fiz o mesmo Caminho, só que de carro... Como era um 4x4, privilegiei as trilhas e estradas de terra. Foi muito bom e também escrevi um blog: estradareal4x4.blogspot.com , de Nova Lima a Parati. Como este ano completei a jornada até Diamantina, agora estou pensando em fazer partes da ER à pé... E foi com muita alegria que achei a sua narrativa! Mais do que tudo é bom ver que este tesouro das Minas Gerais tem outros amantes.É de certa forma inexplicável mas este trecho mexe com a nossa consciencia e reforça o valor dos detalhes. Meus parabéns e quem sabe não trombamos algum dia destes por ai?

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  5. Prezado MLadeira,
    Vou ler o relato no seu blog e desde já parabenizo-lhe pelo arrojado feito.Sou mesmo aficcionado pelos caminhos de Minas particularmente a Estrada Real,que conforme vc disse, é um "tesouro a ser preservado".
    No próximo ano- em julho- vou fazer o trecho Diamantina -Ouro Preto para aumentar o ciclo e engrandecer o "curriculum". Com fé em Deus farei o restante para tomar um banho de mar em Paraty e creia, seria uma satisfação compartilhar o caminho com amigos amantes das montanhas. Abraço e obrigado.

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