segunda-feira, 30 de maio de 2016

A banalização da cultura



Neste findo mês de maio,as manchetes mais impactantes na mídia,excluindo claro, a retirada de Dilma do poder e a consequente ascensão de Michel Temer ao Planalto num momento anterior, foram sem sombra de dúvida, as referentes à extinção do Ministério da Cultura, com a criação da Secretaria da Cultura e posteriormente a recriação do mesmo do MinC por pressão da classe dita "artística".

Aí esta a grande polemica instalada no dia a dia da imprensa logo após a posse de Michel Temer e as suas ações de reagrupamento de Ministérios com a objetiva intenção de economia de recursos. 

Vamos por partes nessa história típica de país terceiro-mundista.

O MinC foi criado e 15 de março de 1985 pelo Decreto 91.144 do presidente José Sarney. Anteriormente, as atribuições dessa pasta eram de autoridade do Miistério da Educação, que de 1953 a 1985 chamava-se Ministério da Educação e Cultura-MEC. 

O ministro nomeado por Sarney foi José Aparecido de Oliveira, mineiro nascido em Conceição do Mato Dentro em 1929 e falecido em outubro 2007. Embaixador em Portugal, foi um dos fundadores da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa, deputado federal dos mais votados em MG, tendo sido ainda secretário particular de Jânio Quadros.

O MinC é responsável pelas letras, artes,folclore e outras formas de expressão da cultura nacional e pelo Patrimônio histórico, arqueológico, artístico e cultural do Brasil.

Tomando por base o Ministério da Cultura da França-criado por Charles de Gaulle em 1959,descobrimos que "derivado da Renascença Italiana e dos tribunais do Ducado de Borgonha no Renascimento, o Estado tinha um papel fundamental a desempenhar no patrocínio da produção artística em que as artes estavam ligadas ao prestígio nacional que foi encontrado na França desde o século XVI.

Durante o período pré-revolucionário, essas ideias foram aparentes, tal como a criação da Academia Francesa, a Academia Real de Pintura e Escultura e outras instituições de produção artísticas patrocinadas pelo Estado das políticas culturais de Jean Baptiste Colbert e Luis XIV".

Ora, o Brasil antes desses acontecimentos tinha o MEC,evidentemente muito mais direcionado à educação do que à cultura. O país, de total tendencia rural até os meados dos anos 60, não possuía na época,a necessária formação rígida de forte apelo cultural, uma vez que estava mais preocupado em alfabetizar a população e fomentar a produção de alimentos e emprego do que tratar da cultura. Obviamente os personagens políticos da época eram tão ou mais analfabetos culturais que o resto da população.

Foi em 1953 que o governo federal separou o Ministério da Educação e Saúde
(sim, eles eram agrupados) em dois: O Ministério da Saúde e o da Educação. Essa divisão portanto acabou-se em 1985 com o ato de José Sarney.

Na época, Sarney mandou para o Congresso uma série de justificativas para implementar essa mudança, todas elas em forma de lei, como o crescimento populacional e sobretudo a importância da educação na construção do país.

Com isso fez ver também a necessidade da criação de uma pasta específica para a Cultura, como premissa básica para cuidar da preservação do patrimônio artístico e cultural da nação. Na verdade, a índole de Sarney- que se diz escritor e literato- não estava errada. Julgo muito procedente sua ação e a criação de um verdadeiro espírito de Cultura neste país era um imperativo. 

A bem da verdade, a educação como um todo sempre foi um GRAVE  problema no Brasil .Ninguém até hoje deu à Educação o verdadeiro valor que ela merece.

Não será necessário enumerar aqui as condições básicas para qualquer país tornar-se uma potencia mundial, Mas a educação de seu povo é peça FUNDAMENTAL.Um exemplo clássico é a Coreia do Sul.

Portanto, quando Michel Temer separou a cultura da Educação, obviamente visando diminuir os gastos públicos, completamente arrasados pela administração dilmo/petista, inúmeros representantes da classe artística se levantaram  promovendo uma tremenda "guerra midiática" contra a atitude de Temer. 

Assim, os que defendiam a volta do MInC, deveriam manter a mobilização nacional para mudar a política de gestão, sobretudo a Lei Rouanet- e demonstrar que o objetivo era, de fato, a defesa da cultura brasileira e não uma ação corporativista visando a manutenção de alguns privilégios para a obtenção de (mais) lucro financeiro com o patrocínio da citada lei. Eis Aqui como funciona a Lei Rouanet e Bem aqui, a relação dos ex ministros da Cultura.

A bem da verdade , interesses inconfessáveis estão em jogo nessa disputa sob esse digamos, "sublime manto" de que o MinC é uma "cultura de Estado" conforme se expressou Caetano Veloso, sabidamente beneficiário do "esquema", além de outros "renomados" artistas generosamente contemplados com os benefícios da lei.

Será mesmo que essa "elite cultural", os "artistas famosos" ou mesmo parte dessa mídia safada que venceram a queda de braço com o presidente em exercício, realmente QUEREM o fomento da cultura ou simplesmente querem encher seus bolsos e de seus familiares, à custa de nosso suado dinheirinho de impostos?

Ainda assim, esse nosso país cheio de vícios explícitos, mantidos por esse aparelhamento fisiológico, o cargo de "ministro da Cultura" podemos dizer que é uma "casta" da soberania intelectual, que concede à maioria de sus ocupantes a grande dádiva de comandar a cultura.

A grande merda disso, na minha opinião é que o status de ministro não resolve nada mesmo dos graves problemas da cultura nacional, a não ser o foco financeiro distribuido para os amigos do rei.

A lei Rouanet em si não é o problema. Este reside nas pessoas que comandam o departamento que regula a distribuição da grana. Sim, ao examinar os pleitos que, imagino, chegam aos montes no MinC, são devidamente checados e avaliados para ver quais amigos serão contemplados. 

Vejam AQUI um exemplo de como são distinguidos os amigos do rei, aqueles que defendem veementemente o governo petista. 

Alguém em sã consciência pode concordar com ISSO AQUI?

A volta do MinC, com mais recursos financeiros e a adoção de melhores politicas públicas de cultura de fato, eficientes e modernas, precisa sim ser uma conquista,mas do Estado Democrático de Direito, que permita uma gestão cultural menos politizadora e corporativa e se converter numa ação mais dinâmica, democrática e geradora de emprego.

Ontem, 29 de maio, assisti a um documentário na Globo News, onde Fernando Gabeira mostrou a penúria com que os museus históricos de Minas Gerais, com que suas tri centenárias igrejas barrocas sofrem para a preservação desse maravilhoso patrimônio. 

Muitas igrejas estão na penúria e sob ameaça de destruição por cupins e falta de manutenção. Funcionários responsáveis não recebem dignos salários e não sabem a quem recorrer contra os ladrões do patrimônio histórico.

Dá muita raiva ver que nosso dinheiro é destinado a setores nada comprometidos com a cultura e sim com o bolso de alguns apaniguados, cuja "cultura" não passa de uma grande MERDA!

Como um país pode ser feliz com uma putaria igual a essa da foto, financiada pela lei Rouanet?




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