quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Minha viagem ás Missões Gaúchas- Final

11º dia- São Miguel-Carajazinho 


Apesar do frio gélido lá fora, o sono foi favorecido pelos excelentes agasalhos e cobertores  que dispunhamos e assim acordamos por volta das  6.00h, com uma forte ventania sacudindo os galhos das árvores dos arredores.
Arrumamos as mochilas e fomos tomar um quente café com pães e bolos típicos, acompanhados de leite, biscoitos e sucos.

Naquele momento do dia constatamos que o frio e o vento estavam absolutamente fortes!!
Ao lado da capelinha do bolicho, Zenon descobriu um pequeno sino e tocou-o, fazendo com que o som ecoasse pelos pampas anunciando nossa partida daquele hospitaleiro e acolhedor Bolicho veja aqui Velho Casarão.  Ficaram lá para sempre, as boas lembranças de uma hospedagem ao melhor estilo gaúcho.

O caminho na parte da manhã transcorreu sem muitas novidades na paisagem, constituida de campos, pastagens e lavouras sem fim, como de resto grande parte do caminho,
até chegarmos na propriedade do Sr Eugênio e sua esposa Aparecida,local de almoço.
 Fomos muito bem recebidos pelo anfitrião que já estava preparando deliciosas  caipirinhas, enquanto no fogão a lenha, um pernil de cordeiro e uma costela bovina nos aguardavam.Parece que o Eugênio adivinhara... aquela comida veio em boa hora, ainda mais acompanhada das providenciais bebidas para espantar o frio!

A residência é de extremo bom gosto, primando pela beleza dos móveis em estilo colonial, objetos antigos como lampiões , mesinhas, abajures, etc.
 Eugênio contou que é criador de gado, possuindo rebanho de vacas mestiças e cruzadas sendo inseminadas com reprodutores da raça Red Angus.veja
Mostrou-me fotos de sua criação e falou orgulhoso da filha que estuda veterinária e de quem peguei o e-mail para futuros contatos, uma vez que ela deseja fazer estágios, de preferência em grandes animais.
Uma mandioca cozida e quentinha foi servida como tira gosto e de quebra, abriu um garrafão de vinho tinto que veio aquecer nossos corpos e mentes.
Esse dia seguramente estava sendo o mais frio do caminho, mais frio que o da manhã de S.Luis Gonzaga onde ficamos para conserto da rural e vimos muito gelo na lataria e vidros dos carros. Certamente a sensação térmica era dobrada pela ação dos fortes ventos.  Conversando com ele, ficamos sabendo que a temperatura local tinha beirado zero grau pela manhã e que no momento, 11.30, ao meio dia, não passava de 4ºC!!!

Despedimo-nos dessa gentil família e voltamos para a estrada desta vez  rumo ao Sítio arqueológico de S João Batista, alcançado 12 km depois.
Chegamos aolocal denominado Bar do Adão para esperar o restante do pessoal. Alí tomamos café, bolo, etc. abrigados do minuano lá fora. Aproveitei para  tomar o chimarrão gentilmente oferecido pela proprietária, que de fato esquentou geral!
No sítio arqueológico, fomos recebidos pelo funcionário Eloy, um condutor local para explicações e trilhas neste sítio. Muitas informaçaões importantes foram dadas pelo Eloy, colocando-nos dentro da história desse importante local.

Aqui fomos apresentados á “Illex paraguaiensis”, nome científico da erva mate, que era a mais importante cultura indígena e representava tudo ara eles. O sítio apresenta uma série de pequenos objetos, pedras,etc que foram doados por pessoas e famílias  que, ao longo do tempo, haviam apanhado para suas próprias casas. É bem conservado e no local funciona um cemitério que é o mesmo daquela época.

O frio estava terrível, como mostra a foto acima e não estava muito agradável ficar exposto á ele e ao cortante vento minuano.

Assim saímos o mais rápido possível para vencer os últimos km até a Pousada das Fontes  na qual chegamos 13 km depois, já escurecendo, registrando-se que atravessamos um caudaloso rio.

Ameaçava chuva para piorar as terríveis condições do frio!!Reafirmo que este foi o dia mais frio aqui no Rio Grande do Sul este ano!!
A Pousada Parque das Fontes foi efusivamente saudada  pois estávamos cansados  e ansiosos para um quentíssimo banho.

Do alto ao se avistá-la,tivemos uma excelente impressão em vista das dimensões e grandeza das edificações.

Recebeu-nos a Sra Irene que se mostrou bastante atarefada e agitada.
Na verdade não nos deu muita atenção no momento da chegada, explicando mais tarde que, um grupo de jovens rotarianos, de 16 países, estava lá e que naquela noite, haveria um evento de despedida deles. Os funcionários apressadamente arrumavam nossos locais de repouso, transportando colchões e beliches de um lado e para outro
Os homens foram direcionados para um chalé coletivo, onde mal coubemos, o mesmo se dando com as mulheres em outro mais distante. Já era noite e tinha começado a chover, alem do frio que não diminuia.
Dentro do chalé onde estávamos havia um pequeno banheiro, mas como  éramos seis marmanjos, tomar banho era  prioridade de todos e assim eu e Sidão, fomos para uns sanitários com chuveiro do lado de fora e nos demos mal, pois o chuveiro  não esquentava água de jeito nenhum. Foi um sacrifício tomar banho naquela água gelada.
Houve uma reclamação geral em função dos dissabores que passamos e com razão. No chuveiro das meninas se deu o mesmo: água gelada e igualmente ficaram indignadas.  
Após o banho(sic) fomos encaminhados para o restaurante que de fato, estava todo preparado para receber os jovens do intercambio cultural do Lions Club Internacional. As mesas de jantar estavam finamente decoradas e preparadas como se fossem receber autoridades.


Ficamos num anexo, apertados e mal acomodados  á espera da comida, demorada comida! Pedimos umas garrafas de vinho para ver se esquentávamos daquele frio danado.
Logo chegaram os outros colegas de banhos demorados,mais um trio de gaúchos, um deles vestido a caráter com uma boina verde e sotaque bem carregado.
 Era Claudino de Lucca, poeta, cantor e compositor que de posse da viola afinada, nos brindou com poesias e canções típicas. Declamou uma poesia linda, de sua autoria chamada  Caminhante Peregrino e da qual guardo com carinho o CD que comprei.
O jantar foi servido, quentinho e com uma polenta especial acompanhada de carne de frango ensopada e saladas. O vinho ainda completava a refeição. Terminado, nos dirigimos aos chalés para dormirmos o sono dos justos.
Na manhã seguinte após um excelente café despedimos de  D Irene e saímos na chuva!! Estava clareando o dia.




13º dia - Parque das Fontes - Santo Angelo- 16 km

Saímos bem agasalhados e usando as capas impermeáveis, pois a chuva fria e miuda estava consistente. Caminhamos por uma estradinha  barrenta por uns 3 km até alcançarmos o asfalto da BR 285. Dali atravessamos a estrada e Claudio resolveu mudar o trajeto, fazendo um desvio de igual percurso, temendo o barro e a lama mais á frente. Saímos por uma derivada  á direita e logo alcançamos a cidadezinha de Entre Ijuis.

Percorremos algumas ruas da cidadezinha, a esta hora da manhã chuvosa pobre de gente e veículos, com alguns curiosos nos olhando por entre as janelas
.Descemos  uma ladeira calçada de pés de moleque, péssimo piso para a ocasião chuvosa e fomos caminhando em direção ao local denominado Barca dos Maias, debaixo de muita chuva!!

Lá chegando depois de uns 6 km, deparamos com um casebre de madeira encharcado pelas chuvas e lá dentro flagrei o balseiro Sr Valdir, dentro de seu pequeno bolicho ( cubículo de madeira que serve de abrigo ao balseiro) ao redor de um fogãozinho de chão, rodeado por seus 4 cachorrinhos, que devido ao extremo frio, foram adestrados em ficar ao redor da fogueira desde que nasceram.
Coisa rara de se ver! No fogo uma chaleira borbulhava água para encher sua cuia de mate, bem como uma caçarola onde o cheiro denunciava uma carne sendo cozida.
E os cachorrinhos de olho no fogo e nariz farejando a carne! Eles sabiam por experiencia, a exata distancia das chamas que deveriam permanecer. Achei esta cena uma das mais "suis generis" do caminho.

Assim que os outros colegas chegaram, aboletamo-nos na balsa para atravessar aquele rio volumoso devido ás fortes chuvas. Em dado momento estando eu na frente, pisei em falso na tampa da rampa de descida e quase fui dentro d’agua.Foi um baita susto porque uma das tábuas se quebrou e eu espertamente me segurei na mureta, mas quase fui para dentro do rio!


Ao saírmos da balsa subindo uma ladeira, avistamos um RIO de sangue descendo sob a forma de enxurrada em direção ao rio. Originava-se de um matadouro bovino localizado no alto da colina e aquele aspecto repugnante causou nauseas em alguns exalando um mal cheiro incrível. Aquilo é um grande crime ambiental e um atentado á saúde pública. Falei para o Romaldo que era caso para interdição e que a população de S. Angelo provavelmente estava comendo carne de origem clandestina!
Seguimos subindo o morro  e minutos depois avistamos o asfalto e a entrada da cidade.Logo o Kojak que havia chegado antes com a Esmeralda, disse que o Virgílio estava dando uma entrevista ao vivo para a emissora de rádio local.Contava a sua história de peregrino por caminhos infindáveis desse mundo.
Seguindo as avenidas mencionadas no roteiro, passamos em frente ao monumento á coluna Prestes 
desenhado por Niemeyer e pontualmente ás 10.38 chegamos á rua Missioneira que dá acesso á  Catedral de Santo Angelo.
Cansados e molhados até os ossos ,porem felizes e realizados, chegamos ao nosso destino.Tristeza e alegria se misturaram neste momento. Tristes por ter findado essa épica  jornada, atravessando planícies e campos com muito frio e chuva, mas alegres por termos dado cabo desta missão!
Eram 11.00 h quando os membros do GMQ, de mãos dadas, adentraram molhados e cansados, mas com passos firmes e altaneiros, a praça principal onde se acha a majestosa Igreja.

Foi um momento sublime e feliz, onde todos se mostravam muito emocionados e com lágrimas nos olhos.
Fomos saudados por um melodioso e triste badalar de sinos, especial para os  peregrinos e nesse momento foi emocionante quando nos abraçamos e nos parabenizamos por termos concluído essa belíssima jornada. Moradores locais tambem nos saudaram, cumprimentando-nos por termos concluido o Caminho.

Dentro da Igreja me dirigi á capela do Santíssimo Sacramento e agradeci ao Pai toda a proteção á nos dispensada.
Fotografamos a Igreja em diversos ângulos, pois sua fachada  representa a que há de mais autentico da cultura jesuítica. O seu interior representa o simbolo de uma cultura rica e tradicional.






Santo Angelo

Santo Ângelo, clique aqui é um município brasileiro localizado no estado do Rio Grande do Sul Pertence à mesorregião do Noroeste Rio-Grandense e à microrregião de Santo Ângelo É o maior município da região das Missões, com 75.627 habitantes segundo estimativas de 2008
A "Capital das Missões", como é chamado, destaca-se como um centro de serviços públicos, por sediar vários órgãos das esferas estadual e federal. Terra com história riquíssima e belezas naturais e arquitetônicas, Santo Ângelo desponta novamente como um dos pólos do Noroeste do Rio Grande do Sul, mostrando sua beleza e potencial.
Santo Ângelo faz parte dos chamados Sete Povos das Missões e suas origens remontam ao período espanhol, sendo parte dos povoados criados nos séculos XVII e XVIII por padres jesuítas espanhóis nos atuais territórios do Brasil, Argentina e Paraguai
A redução de Santo Ângelo Custódio (ou Sant'Angel Custódio) foi fundada em 1706 pelo padre belga Diogo de Haze, da Companhia de Jesus. Acredita-se que primeiramente a redução foi instalada nas proximidades da forqueta dos rios Ijuí e Ijuizinho. Em 1707, teria sido transferida para o atual centro histórico da cidade.
A redução de Santo Ângelo Custódio foi consagrada ao Anjo Custódio das Missões, o protetor de todos os povos missioneiros, portanto era chamada também de Sant'Angel de la Guardia, como consta em alguns documentos espanhóis da época. Obteve grande desenvolvimento econômico e cultural, beirando os 8 mil habitantes no seu apogeu.
Destruída a partir de 1756 com a chamada Guerra Guaranítica, a região ficou abandonada por quase cem anos. Por volta de 1830 começaram a ser distribuídas sesmarias para paulistas, iniciando-se assim um repovoamento da região. Emancipada de Cruz Alta em 22 de março de 1873, Santo Ângelo possuía um vasto território, ultrapassando os 10 mil km² de área.
O prédio da antiga estação ferroviária, onde Luís Carlos Prestes planejou a Coluna Prestes, atualmente abriga valiosos materiais históricos.
No final do século XIX grandes levas de imigrantes chegaram à Santo Ângelo. Alemães, italianos, poloneses, russos, holandeses, letões, entre outros grupos vindos da Europa. Foi ponto de partida da Coluna Prestes, movimento que atravessou o país lutando por melhores condições sociais.A chegada da ferrovia representou forte impulso para o desenvolvimento do município e da região.Durante o século XX, especialmente no período entre os anos de 1930 a 1979, a cidade apresentou enorme desenvolvimento econômico e industrial, vindo a possuir mais de 90 mil habitantes. Nos anos 80, diversas emancipações ocorreram, retalhando o território de Santo Ângelo e reduzindo-o a menos de 10% do território original. Além das emancipações uma quebra geral nas indústrias locais provocou uma grande emigração.
Saímos da Igreja e nos dirigimos á sede do Caminho das Missões para ultimar os detalhes de entrega dos certificados e demais procedimentos.


Fui ao Hotel com o Kojak, que depois ficaria mais um dia em S.Angelo, para tomar banho e aguardar até a hora de pegar o ônibus para Porto Alegre. Refeitos e agasalhados, com roupas secas e quentes saímos para almoçar no restaurante Quick, de excelente comida.
Após o almoço fomos gentilmente convidados a conhecer a  Vinícola Finn de antiga tradição local, saborear vinhos e egustar os embutidos regionais.

Lugar muito nteressante onde fomos recebidos por seu proprietário Sr Eduardo, da 3ª geração dos Finn.

Seus antepassados vieram da Itália e se dedicaram a produzir bons vinhos, coisa que ele e família mantem até hoje.

Mais tarde ainda passamos por uma fábrica de chocolate onde degustamos deliciosos bolos e tortas de excelente qualidade e tambem um não menos saboroso  chocolate quente.
Voltamos para a cidade para jantar e preparar a partida. O jantar foi numa Pizzaria onde ficamos até a hora da despedida. Tomamos vinhos, cervejas, passando assim agradáveis horas batendo papo. Kojak e Wanda aproveitaram alguns momentos para mostrar suatécnica  na quadra de boliche ao lado.
Antes do jantar passei numa lojinha de artigos típicos para comprar um autentico chapéu gaúcho para ter como lembrança desta hospitaleira terra.
Às 23 horas nos despedimos desses dois amigos maravilhosos Romaldo e Claudio, que seguramente já fazem parte do GMQ e embarcamos na rodoviária local para Porto Alegre.
Viagem tranqüila e segura, com o motorista bastante cauteloso por causa da chuva constante. Chegamos á rodoviária de Porto alegre ás 5.30, Wanda e Ronilda  se despediram de nós rapidamente e tomaram um taxi, pois o vôo era ás 6.30.
No aeroporto chegamos rápido depois de pegrmos um taxi.. Eu que já tinha feito check in pela internet, despachei a bagagem e fiquei converando com os colegas Zenon,Sidney, Mario e Hélia que voariam somente ás 17.30.
Zenon trocou seu vôo para pouco depois e se mandou para SP, pois tinha que arrumar as coisas e começar o Caminho da Luz na 2ª feira.Bravo peregrino!!
Embarquei ás 10.30 me despedindo saudoso destes grandes amigos paulistas, chegando em Vitória ás 15 horas. Final de uma bela e emocionante aventura.
 
Nas asas do avião que regressei, deixo minha visão se perder no infinito do Caminho que ficou para trás.
Considerações finais

O Caminho das Missões se revelou bastante atrativo e desafiante para aqueles que já estão acostumados com grandes distancias. Trilhamos por onde gerações de índios e jesuítas sofreram e penaram, em cenários de renhidas batalhas. Foi um belo aprendizado e uma aula cultural para todos.
Suas paisagens são de rara beleza natural. O povo gaúcho é extremamente afável e fomos muito bem recebidos em todos os lugares onde passamos, seja para as refeições quanto para dormir.
O Caminho no seu trecho inicial, primeiros 7 dias, se mostrou bastante desafiador, tendo em vista as longas distancias e as dificuldades inerentes á própria infra-estrutura. Para os homens não há dificuldade, mas penso que as meninas requerem melhor estrutura do ponto de vista dos cuidados pessoais. 
Menção especial gostaria de deixar para os dois grandes amigos que fizemos: Romaldo e Claudio, que souberam conduzir com alegria, tranqüilidade e segurança um grupo homogêneo como o nosso e parabenizá-los por nos terem proporcionado 15 dias de absoluta felicidade e que nos deixou com o espírito leve e acreditando mais em nós mesmos e nas nossas capacidades.
Aos meus grandes amigos do GMQ a certeza da consolidação de uma amizade firme e desinteressada, onde a solidariedade esteve presente em todos os momentos do trajeto. Cada um certamente daria o máximo de si para satisfação do grupo. Não farei considerações nominais,  pois TODOS estão no mesmo nível de camaradagem. A única menção será para o VIRGÍLIO, caminhante decano de todos os caminhantes, que não mede esforços para fazer aquilo que todos nós amamos: CAMINHAR!!!
A VERDADEIRA ARTE DE VIAJAR
                    
     A gente sempre deve sair à rua como quem foge de casa,
     Como se estivessem abertos diante de nós todos os caminhos do mundo.
     Não importa que os compromissos, as obrigações, estejam ali...
     Chegamos de muito longe, de alma aberta e o coração cantando!
                                                                                             (Mário Quintana)


Dados bibliográficos consultados em:
Wikipédia
Site Caminho das Missões
As Missões dos Sete Povos, de Mário Simon, dez. 2007
Anotações pessoais
A República “Comunista cristã” dos Guaranís, C.Lugon, Ed. 1977
Vitória 23 de julho de 2010


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagem em destaque

O Caminho de Assis- Itália

O Caminho de Assis, uma viagem pela Idade Média na Itália O homem medieval é o "homo viator ". Sua vida é um caminho percorri...