quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Caminhando nos trilhos


Nem sempre se encontra alguém disposto a te acompanhar numa caminhada pelos  trilhos de uma ferrovia. O amigo Jorge, que mais tarde revelaria acreditar não ser capaz, encarou com tranqüilidade e folga no preparo físico, esse trecho de belas paisagens que vai do Vale da Estação em Domingos Martins até o distrito de Araguaia em Marechal Floriano.
Saímos de Vitória ás 6.00h chegando ao Vale da Estação pouco antes das sete horas.

Deixamos o carro na Lanchonete do Vale e pontualmente ás 7.20 h, com temperatura fresca e céu limpo, começamos o trajeto visualizando uma bela residencia, ás margens do riacho.
O percurso a pé nos trilhos não é fácil, uma vez que não há conforto nenhum no piso e por isso mesmo tem-se que ficar olhando para baixo o tempo todo, caso contrário corre-se o risco de escorregar ou tropeçar numa infinidade de pedras ou dormentes, fora o desnível que é uma beleza para torcer os tornozelos.
Muitos galhos e troncos caídos também dificultam as passadas e por isso botas são mais adequadas que tênis pois protegem melhor contra o impacto.
Nesse trecho o cenário não favorece a fotografia, pois a mata em ambos lados dos trilhos é fechada e não há muita visão lateral.

Atravessamos dois pontilhões pequenos é verdade, mas muito altos e que, sem dúvida tivemos que ser cuidadosos  para não pisar em falso ou escorregar nos dormentes.
Notamos que a vegetação está muito seca e  a umidade relativa do ar permanece muito baixa e com isso  há sempre risco de incêndio, causado por alguma pessoa distraída.
Uma hora e quarenta e cinco minutos depois, sempre com o rio á direita,
passamos pelo bairro Poço Fundo que evidencia a pobreza do locasl, com a maioria das casinhas construidas sobre as margens do rio e que, por consequencia, serão as primeiras a sofrerem os danos das enchentes.
e entramos no perímetro de  Marechal Floriano.
Tristemente constatamos a enorme quantidade de lixo urbano retido pelas árvores nas matas ciliares e aqui perto da cidade, o caso é escandaloso.

Na praça da estação em Marechal paramos para  tomar um café no Bar América e fotografar a bela estação que,  sempre que passo lá, noto que  está permanentemente  bem cuidada e embelezada por verdejante jardim.

Saindo de Marechal passamos pelo ponto de taxi perto da rodoviária e acertamos com o taxista Felipe a volta de Araguaia e dalí caminhamos pelo asfalto da BR 262 uns 2 quilometros. Na passagem em frente ao restaurante Ponto Frio o cheiro daquela comida gostosa provocou a fome. Para quem nunca foi, recomendo ir lá e provar de uma comida caseira de excelente qualidade.
Mais a frente paramos no Posto Ipiranga e não resistimos ao desejo de degustar uma coxinha de frango frita e uma linguiça absolutamente deliciosos, consequencia do aroma antes notado.
Pegamos de novo os trilhos e o caminho seguiu sem muitas novidades até alcançarmos o belíssimo sítio da Vovó,

local de realização de eventos que possui de atrativo, a presença de animais exóticos da fauna africana.


Desse ponto em diante o caminho se abriu mais á visão lateral onde a estradinha de terra corre paralela. 

Dalí se podem avistar terras de cultivo e criações de gado,granjas avícolas e cafezais que dão outro destaque ás fotografias.

Perto do meio dia chegamos á mercearia do Sr Darci Nitz,que naquele momento estava fechada, frustrando nossas expectativas de quebrar o gelo de uma cerveja, pois o sol estava quente e nós com fome. Umas crianças esperando onibus escolar aguardavam em frente ao bar e uma sra, que chegou depois, informou que Sr Darci estava almoçando e já viria abrrir. Ele veio em seguida, abriu a venda e imediatamente deixamos nossa tralha de lado para sorver uma geladíssima!
Minutos depois chegou Patrick Decoster, agrônomo belga morador no local, casado há 16 anos  com Anne tambem belga e agrônoma, que cultivam num sítio de 11 alqueires ao lado, flores, orquideas e plantas ornamentais.
Ficamos alí conversando por quase quarenta minutos, escutando a história de sua vinda para o Brasil, especificamente para Araguaia local que ele achou belíssimo e se adaptaria ao seu plano de vida. Ficamos sensibilizados com o convite de lá voltar e conhecer sua propriedade.
Seguimos caminhando nos trilhos passando pela igrejinha local de N S da Conceição e ganhando de
novo o caminho, fechado com arvoredo sombreador que alíviava o calor.
Neste trecho do percurso as atividades agrícolas mais frequentes passaram a cafeicultura e o plantio de eucalipto. Cafezais diga-se de passagem, de muito bons tratos culturais, em curvas de nível e de excelente adubação pois estavam muito verdes.
O tempo corria e nós avançavamos em direção a Araguaia,num trecho tambem bastante sombreado e assim pasamos a andar atentos ao trem que, segundo informações em Marechal, desceria a serra lá pelas duas horas.
Paramos aqui  abaixo para hidratação e alimentação.
 
Uns minutos depois avistei uma siriema, que devido a sua esperteza, velocidade  e sobretudo a distancia,não foi fácil captura-la com minha câmera.
Pouco tempo depois de reiniciado o percurso ouvimos a buzina do trem, o que nos indicou a proximidade de Araguaia.

De fato após uma curva vimos a locomotiva que estava estacionada, para nossa tranquilidade.

Essa composição destina-se ao transporte de toras de eucalipto, de um grande depósito em Araguaia, para Vitória e dalí para outros destinos. Impressiona a quantidade de toras cortadas uniformemente e manobradas por uma grande empilhadeira.

Dalí até a estação Araguaia foi um pulo. Chegamos lá eram duas e quarenta da tarde, exatas seis horas e quarenta minutos de caminhada. Araguaia é um bucólico lugarejo de uma tranquilidade total, onde a vida parece que transcorre lenta e suave como um remanso de rio. Vive-se bem lá.
Paramos no restaurante da Gabriela e perguntamos se ainda havia comida para dois famintos, sendo muito bem atendidos com um PF da melhor qualidade.Dois suculentos ovos fritos compunham o prato,rs!

Tomamos uma cerveja, almoçamos e aproveitamos para relaxar a musculatura.

O restaurante da Gabriela sofreu reformas e ficou maior e mais agradável. Uns canarinhos da terra aproveitavam uma quirela de milho alí no fundo do quintal.

Terminado o almoço, fotografamos a Estação e redondezas, com destaque para uma antiga bomba de gasolina da Texaco, para então chamar o taxista Felipe, que não demorou mais que 40 minutos para chegar.

Na padaria local compramos pães e biscoitos, alem de um pacote do autentico coffea arábica.
Por setenta reais O taxi nos conduziu de volta ao Vale da Estação, para então pegarmos o carro e voltar para Vitória numa volta tranquila e sem sustos.
Pontualmente  ás 18 horas cheguei  em casa- 12 horas depois de ter saído. Foi em excelente e saudável passeio!!

5 comentários:

  1. Boas fotos gosto particularmente do tema caminho de ferro e também de caminhadas apesar de nem sempre ser possivel.Abraço

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  2. Grato pelo comentario Luis.Certamente vc, em algum momento encontrará tempo para um caminho desse tipo.

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  3. A great post and some beautiful pictures. Wonderful work.

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  4. Parabéns Ulisses. Bom relato, boa caminhada. Abraços....

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  5. Belo relato, ótimo passeio.

    Abraços amigo Ulisses....

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