Ontem, dia 8 de junho, fez um ano que meu irmão faleceu. O Gogô( apelido do Marco Antônio) era meu melhor amigo e em muitas coisas combinávamos muito bem. Uma delas era a nossa vontade de ir a algum lugar do interior de Minas, ali perto de BH para saborear os usos e costumes interioranos, aqueles a que fôramos acostumados quando crianças.
Em 2011, quando visitava minha mãe em BH, resolvemos dar uma esticada até Caeté. Como foi, aqui abaixo:
Estive em Belo Horizonte revendo os familiares neste final de mês.
Depois de alguns dias paquerando a mãe, indo com ela ao cardiologista,assistindo a troca das portas da velha casa, churrasqueando com a turma, eu e meu irmão resolvemos dar uma esticada até a cidade de Caeté, que fica logo depois de Sabará.
Há vários anos não ia até aquela histórica cidade, encravada nos contrafortes da Serra da Piedade.
Mais assim para matar o tempo e tambem motivado pelo desejo de voltar ao distrito de Pompeu, em Sabará para visitar um cantinho charmoso e tipicamente mineiro, o Alambique JP. Lá tem uma saborosíssima comida mineira em fogão de lenha, regada por uma excelente aguardente de nome JP, iniciais de José Pinto, o velho JP.
Conheço aquele local há uns 15 anos,quando do nada eu e o mano estavamos procurando o que fazer num dia de sábado qualquer.
Demos com os costados naquele aprazível recanto e lá ficamos por umas boas horas conversando com o velho,degustando uma autentica cachaça feita no alambique anexo e ao final, saboreando a legítima comida mineira e cheia de frango com quiabo ou ora pro nobis, leitão á pururuca, tutu de feijão molinho com cebolas e fatias de ovo cozido cobrindo aquela pasta untuosa e deliciosa, torresmos, couve corrida da horta verdinha e viçosa, arroz soltinho feito em panela de ferro, etc, etc,.
Melhor parar pois dá água na boca a qualquer hora.
Voltei outras vezes mas já fazia um bom tempo que não ia lá.
O mano Marco
Não foi por acaso que desta vez tornamos a adentrar o recinto, agora modificado com uma bela entrada calçada, apreciando o incrível verde de suas hortaliças, plantadas e manuseadas com carinho pelos empregados.
A má notícia anunciada pelo filho mais velho foi que o nosso prezado JP estava internado na Santa Casa de BH vítima de um severo AVC.
Foi uma pena não o termos encontrado lá para aquele animado e típico conversar de um homem que se dedicou a vida toda a alambicar o caldo de cana, que ele mesmo planta há muitos anos e depois com carinho, ele mesmo colher um cesto de verdejantes folhagens para levarmos para casa.
Compramos a dita JP branca, arrolhada com exatidão e firmeza e seguimos o caminho para Caeté.
Devastação
Aqui cabe o registro do cenário de devastação que assistímos, motivado pelas queimadas ao longo dos 18 km que separam os dois pontos. O asfalto é bem preservado facilitando a direção.
Uma mineradora protege sua barragem.
A vegetação ao lado da estrada permanece inteira, mas só alí. Os morros estão queimados, parecendo um cenário lunar em determinados trechos.
Queimada
O período de estiagem na região central de Minas, como de resto em todo o estado, passa dos 100 dias.Acredito que indivíduos irresponsáveis e certamente da idade da pedra, tenham atirado pontas de cigarro pelas janelas dos carros e daí para um fogaréu é um passo.
O cenário das montanhas ao longe é meio encoberto pela fumaça.
Belo Horizonte vista das proximidades de Caeté
Paramos para as fotos da em alguns lugares estratégicos
Ponte da ferrovia Vitória-Minas
e descobrimos que lá em pleno mato algum troglodita resolveu fazer do local, o depósito de lixo de seu velho material de informática.
Recolhemos aquele lixo e o levamos para um local de dispensa adequado.
Igreja NS de Bom Sucesso
Depois destes momentos fotográficos retornamos á estrada para chegar em Caeté já quase meio dia.
Caeté é uma cidade antiga, com população de cerca de 40 mil habitantes,sendo sua principal atividade a mineração.Toda a região se dedica á extração de minério de ferro-afinal a vocação natural de Minas.
Data de 1.701 a descoberta das Minas de Caeté, cujos descobridores, segundo os historiadores, foram o sargento-mor Leonardo Nardes e os paulistas Antônio e João Leme Guerra.
Já em 1.708, o arraial foi palco da Guerra dos Emboabas, fato este que contribuiu para a criação da Capitania das Minas, desmembrada da de São Paulo.
Vila Nova da Rainha foi o nome primitivo do local, sendo substituído, mas tarde por caeté, que significa "mata virgem".
Como ponto turístico destaca-se a matriz de N.S. de Bom sucesso, que foi a primeira igreja de alvenaria construída em Minas e sobre a qual assim se expressou Saint Hilaire: "Não somente não vi, em toda a província de Minas, uma só que fosse tão bela, mas ainda duvido que exista no Rio de Janeiro alguma que se lhe possa comparar".
Gruta ao lado da Igreja
Nesta igreja são encontradas algumas obras de Aleijadinho e um Museu sacro.
Outros pontos turísticos de destaque são a Igreja N.S. do Rosário, o Museu Regional, o Solar do Barão de Catas Altas e o Solar Tinoco.
Um sobrado na praça
Próximo à sede municipal (17 km), quem for visitar deverá conhecer o Pico da Piedade (1.783 m) que, além de possibilitar bela vista panorâmica, conta com o observatório astronômico da U.F.M.G.
Fotografei a imponente Igreja de NS de Bom Sucesso, construída no período de 1701 a 1724, a primeira de Minas construída em alvenaria de pedra, uma das belas obras do barroco mineiro rococó. O casario em volta segue o estilo, destoando apenas alguns prédios que tomaram o lugar dos antigo casarões.Chamam a atenção o pelourinho e o chafariz, ambos bem preservados.
Eu e o Gogô( o da direita)
Após as fotos fomos ao restaurante da praça para uma merecida cerveja e uma típica comida mineira.
Retornamos á Belo Horizonte logo depois.
Muito bom. O texto ficou enxuto e direto. As fotos sempre dão um outro colorido à história. Esse trem (o blog) tá começando a ficar bão, hein?
ResponderExcluirTio, parece que o passeio foi sensacional. Lugares tão perto de nós e tão esquecidos. na próxima passagem pelas bandas da Dona Dulce, me convide para um dia assom. Beijos da afilhada!
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