O forte sol que se abateu sobre a Grande Vitória
no sábado, fez com que minhas previsões para bom tempo no dia seguinte fossem uma ideia concreta. Ledo engano! Choveu muito, mas nada que atrapalhasse essa caminhada
por lugares belíssimos.
O trecho percorrido foi entre Caramuru,
distrito de Santa Maria de Jetibá e Melgaço, município de Domingos Martins, num total de 20 km aproximadamente.Veja aqui mais sobre Domingos Martins, também de forte influencia pomerana.Veja as informações detalhadas sobre os pomeranos aqui.
O transporte pelas vans do Abmael foi efetuado com agilidade e conforto
costumeiro, saindo de Vitória em direção a Santa Leopoldina, para então rumar
para o restaurante e lanchonete do Japonês na estrada que dá acesso a Santa
Maria de Jetibá.
Os sonolentos andarilhos não se importaram com as
sacudidelas provocadas pelo péssimo estado do asfalto entre Leopoldina e o
restaurante e dormiram por um bom período, refazendo-se talvez de uma noite de
pouco sono.
Ao chegarmos ao Japonês nos deparamos com um farto café da manhã com tudo a que tinham direito- inclusive ovos fritos-
servido á vontade numa rápida ação da proprietária que, àquela hora da manhã,
parecia surpresa com a presença de tantas pessoas, uma vez que as fortes chuvas
caídas na madrugada fizeram-na pensar que somente uns loucos se aventurariam
naquela chuva, num domingo claramente favorável a um bom descanso.
Com tudo esclarecido e café tomado foi iniciado o
aquecimento, tomada das fotos e preleção de praxe para início da jornada que teve
seu ponto de partida dentro do distrito de Caramuru, devido justamente ao tempo
perdido e assim nos deslocamos nos carros para aquele interessante lugarejo,
que àquela hora da manhã ainda acordava. Deixamos de caminhar 4 ou 5 km com isso.
Caramuru
(filho do trovão em tupi guarani) se caracteriza
por umas tantas dúzias de casas, uma bela igreja luterana, bares, padaria,
pequeno comercio e uma imensa granja de aves de postura com sua barulhenta
fábrica de ração.
O trajeto se caracteriza pelo visual de grandes
capões de mata nativa, verdes cafezais e inúmeras áreas cultivadas com as mais
diferentes espécies de hortaliças, fato que torna o município como um dos
grandes fornecedores de hortaliças do Espírito Santo, exportando para as CEASAS
de vários estados.
Inúmeras vezes o berreiro dos macacos bugios pôde
ser ouvido ao longo das copas mais altas das matas nativas. Esses primatas são
ainda numerosos graças á preservação de seu “habitat”natural
A pujança da olericultura pôde ser evidenciada
pela grandeza e qualidade das residências, dignas de um povo próspero e
trabalhador.
Como complemento vale informar que Santa Maria de
Jetibá é o 2º maior produtor de ovos comerciais do Brasil (10 % do volume
nacional) só perdendo para Bastos em SP. Produz cerca de 93 % dos ovos do
Estado e tem entre os mais de 200 granjeiros da região, um dos maiores do
Brasil com cerca de dois milhões de aves de postura.Santa Maria de Jetibá é um município colonizado pelos imigrantes pomeranos que lá aportaram em 1888. saiba mais.
O tempo mantinha-se fechado com pesadas nuvens no
horizonte e chegou a fazer certo calor até o primeiro apoio uns 4 km depois, quando começou um
chuvisco fino que mais tarde se transformou em grossa chuva, obrigando os
precavidos a fazerem uso de suas capas de chuva. As fotos foram temporariamente
prejudicadas pelo mau tempo. O percurso estava sendo feito em puro barro, com
determinados locais praticamente impossíveis à passagem de carros.
Caminho seguia continuando com o visual de sempre,
com acentuada presença do fenótipo germânico das pessoas e, sobretudo na
arquitetura das residências, quase sempre com pintura de cores vivas e
diferenciadas. Muitas motos pelo caminho provam a grande utilidade desses
veículos no meio rural, principalmente pelos mais jovens.
Em muitos locais deparava-se com casinhas simples
de madeira umas totalmente abandonadas, mas de forte apelo fotográfico.
Noutros locais interessantes cemitérios se
sobressaiam pelo esmero na limpeza, com muitas flores e túmulos bem
conservados. Num deles fotografamos uma turma de habitantes em animada conversa
no sotaque pomerano e que naquela manhã, faziam limpeza de algumas sepulturas.
Uma loiríssima menina de uns cinco anos e de incríveis olhos azuis fazia parte
daquele pessoal.
O dialeto pomerano é falado principalmente em
Santa Maria de Jetibá no ES, em Estrela no RS, em Pomerode em Santa Catarina e
em outras esparsas comunidades ao longo do sul do Brasil. Interessante notar
que quase todos os habitantes de Santa Maria o falam, mas quase ninguém sabe
escreve-lo. A senhora da foto abaixo não entende e nem fala uma só palavra em português.
Pelas 11.30 h debaixo ainda de forte chuva, já era
cruzada a comunidade de Alto Jetibá com sua imponente igreja luterana. As
igrejas luteranas se diferenciam das católicas por possuírem apenas um
campanário.
A estrada percorrida nesse momento era de muita
água e barro, mas os intrépidos andarilhos não se intimidavam e a corrida para
o almoço continuou até o segundo apoio, quando alguns aproveitaram a carona
para fugir das chuvas e/ou do cansaço.
A partir desse momento não foi possível o transito
da van que atolou em um trecho de subida e segundo os relatos posteriores, foi
algo frustrante e lamentável. Os ocupantes da van se esforçaram ao máximo,
gastando suas parcas energias para tirar o carro do atoleiro, mas foi um
esforço inútil.
Tiveram que retornar e fazer o caminho inverso,
chegando a Melgaço vindo de D. Martins. As histórias desse atoleiro e seus
desdobramentos no local, só poderão ser contados por quem participou.
Em razão do avançar da hora e do rápido
deslocamento muitos já se aproximavam do final, motivados sem dúvida pela fome
e alguns chegaram mesmo a pensar em invadir um dos inúmeros cultivos de
repolho, abóbora, chuchu, tomate, muito inhame, etc. e comer uma suculenta
salada de folhas ali, ao vivo!.
Ás 13. 30h terminando uma das longas subidas dos
últimos 5 km
avistou-se o distrito de Melgaço. Logo ao dobrar a rua no posto de gasolina o
ansiado restaurante estava logo ali ao lado da imponente igreja Luterana da
Comunidade da Paz, onde alguns ensopados andarilhos, mais rápidos no gatilho já
se aproveitavam de uma gelada cerveja e uns goles da “melgaço!.
O almoço transcorria com os comentários e piadas
costumeiras e nada da van atolada chegar. Foi tentado contato telefônico até
que uma pick up Toyota se deslocou até onde presumivelmente estaria o carro
atolado, mas ao retornar informou-nos que não encontraram ninguém.
Assim o tempo foi passando até que lá pelas 16
horas apareceu o Abmael e seus conduzidos, fato esse que serviu para alívio de
todos.
Ao contrário, certo andarilho, sub-repticiamente-(sic), torcia em
silencio para que a sogra e a cunhada permanecessem atoladas ou então entregues
aos cuidados de alguma família pomerana perdida no meio daquelas matas
intermináveis, Corre á boca pequena que isso teria sido uma negociação com o Abmael!
A volta transcorreu dentro da normalidade, apesar
do tempo feio com muita serração, chuva miúda e uma parada no Café com Prosa em Santa Isabel para um
delicioso café expresso.
Vitória, 27 de novembro de 2012
Vitória, 27 de novembro de 2012
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