Pode não parecer mas lá se vão dezessete dias do início das Olimpíadas de Londres-XXX Jogos Olímpicos- e parece que foi ontem mesmo, com aquela encenação maravilhosa da evolução do progresso inglês.
Desnecessário repetir aqui as diversas fases da apresentação pois foram por vistas por milhões em todo o mudo.O lema dos jogos foi "Live is one" ("Viva como se fosse o único").
Alguns dias antes das Olimpíadas terminei de ler o livro"Riqueza e pobreza das nações" de autoria de David S. Landes, americano professor emérito de economia e história da Universidade de Harvad.
Nele Landes narra a extensa e fascinante história da riqueza e da pobreza, a criação de riquezas,as trajetórias dos vencedores e perdedores e a ascenção e queda das nações. Ele estuda a história como um processo, tentando compreender como as culturas do mundo atingiram ou retardaram o sucesso econômico, militar e a realização material.
A Inglaterra teve papel preponderante na evolução da humanidade, pois foi através dela que se deu a Revolução Industrial, eficientemente demonstrada na abertura dos jogos.
Os países do Ocidente, afirma Landes, prosperaram cedo devido à interação de uma sociedade aberta, vital, concentrada no trabalho e no saber que redundou no aumento da produtividade, criação de novas tecnologias e esforço, no sentido da concretizaão das mudanças.
A vantagem fundamental da Europa reside em invenção e know-how, tal qual se aplicam na guerra, no transporte,na geração de energia e na perícia em metalurgia. Mesmo assim, invenções que hoje parecem banais como o relógio e os óculos foram, em seu dia, poderosas alacancas que modificaram o equilibrio da forças entre potencias econômicas mundiais.
No século XVIII, uma série de invenções transformou a manufatura britanica do algodão - que de certo modo, reside nela o núcleo do processo mais amplo da transformação- e deu origem a um novo modelo de produção- o sistema de fábrica.
A abundancia e variedades dessas inovações enquadram-se em tres princípios:
1) a substituição da habilidade e do esforço humanos por máquinas- rápidas, regulares, precisas, incansáveis;
2) a substituição de fontes animadas por fontes inanimadas de força, em particular a invenção de máquinas de converter o calor em trabalho, abrindo assim uma fase ilimitada de oferta de energia;
3) o uso de novas e mais abundantes matérias primas, em particular a substituição de substancias vegetais ou animais por materiais minerais e depois artificiais.
Essas substituições fizeram a Revolução Industriala. Geraram uma rápida elevação da produtividade e, ao mesmo tempo, da renda per capita.
O primeiro engenho a usar o vapor para criar vácuo e fazer funcionar uma bomba foi patenteado na Inglaterra por Thomas Savery em 1698; a primeira máquina a vapor propriamente dita(com pistão) foi de Thomas Newcomen, na Inglaterra em 1705.
Sessenta anos depois James Watt, na Inglaterra inventou uma máquina com condensador separado do cilindro(1768), cuja eficiencia foi suficientemente boa para produzir vapor fora das minas, nas novas cidades industriais.
Então quase tudo começou na Inglaterra.
Nada então pode ser surpresa quando, na história dos jogos da era moderna em que a Inglaterra, que nunca foi uma nação de destaque, agora aparece em terceiro lugar no ranking das medalhas.
Sempre foram os americanos, russos e alemães os campeões de medalhas em quase todas Olimpíadas.
Qual teria sido então o segredo dos ingleses que, brilhantemente galgaram a terceira posição?
E porque o Brasil, um país de 192 milhoes de habitantes, sexta economia do mundo,PIB de 2,5 trilhões de dolares e um gasto governamental nos preparativos de alguns bilhões de reais termina, apesar de número recorde de medalhas, melancolicamente na 22ª colocação?
No total foram 259 atletas, sendo 136 homens e 123 mulheres que disputaram 32 modalidades olímpicas.
Tabela de classificação final
País | Ouro | Prata | Bronze | Total | ||
---|---|---|---|---|---|---|
1 | Estados Unidos | 46 | 29 | 29 | 104 | |
2 | China | 38 | 27 | 22 | 87 | |
3 | Reino Unido | 29 | 17 | 19 | 65 | |
4 | Rússia | 24 | 25 | 33 | 82 | |
5 | Coreia do Sul | 13 | 8 | 7 | 28 | |
6 | Alemanha | 11 | 19 | 14 | 44 | |
7 | França | 11 | 11 | 12 | 34 | |
8 | Itália | 8 | 9 | 11 | 28 | |
9 | Hungria | 8 | 4 | 5 | 17 | |
10 | Austrália | 7 | 16 | 12 | 35 | |
11 | Japão | 7 | 14 | 17 | 38 | |
12 | Cazaquistão | 7 | 1 | 5 | 13 | |
13 | Holanda | 6 | 6 | 8 | 20 | |
14 | Ucrânia | 6 | 5 | 9 | 20 | |
15 | Cuba | 5 | 3 | 6 | 14 | |
16 | Nova Zelândia | 5 | 3 | 5 | 13 | |
17 | Irã | 4 | 5 | 3 | 12 | |
18 | Jamaica | 4 | 4 | 4 | 12 | |
19 | República Tcheca | 4 | 3 | 3 | 10 | |
20 | Coreia do Norte | 4 | 0 | 2 | 6 | |
21 | Espanha | 3 | 10 | 4 | 17 | |
22 | Brasil | 3 | 5 | 9 | 17 | |
23 | Belarus | 3 | 5 | 5 | 13 | |
24 | África do Sul | 3 | 2 | 1 | 6 | |
25 | Etiopia | 3 | 1 | 3 | 7 | |
26 | Croácia | 3 | 1 | 2 | 6 | |
27 | Romênia | 2 | 5 | 2 | 9 | |
28 | Quênia | 2 | 4 | 5 | 11 | |
29 | Dinamarca | 2 | 4 | 3 | 9 | |
30 | Azerbaijão | 2 | 2 | 6 | 10 |
Segundo levantamento do UOL Esportes,a preparação dos 258 atletas inscritos em 27 modalidades custou R$ 2,1 bilhões.
Esses números levam em conta o investimentos governamental, incluindo Lei de Incentivo ao Esporte, verbas do Ministério do Esporte, patrocínio de sete empresas estatais e Lei Agnelo Piva, durante o ciclo olímpico de 2012. O número é maior que os R$ 1,2 bilhão investidos no esporte olímpico nacional entre 2005 e 2008, levando em conta também apenas investimento governamental.
Com isso, cada um dos três ouros, cinco pratas e nove bronzes que os atletas verde-amarelos faturaram nas últimas três semanas na Inglaterra teriam sido resultado de R$ 123,5 milhões em investimento cada. Para Pequim, foram R$ 80 milhões por pódio, aumento de 54,3%.
O Brasil não conseguiu quebrar o recorde de ouros de Atenas-2004, quando teve cinco títulos olímpicos.
Ainda assim, o Comitê Olímpico Brasileiro comemorou o resultado em uma entrevista coletiva neste domingo, em Londres. “Está dentro da realidade. Conseguimos o mesmo número de ouros de Pequim, por enquanto, e temos uma medalha a mais. Fizemos a melhor preparação que poderíamos fazer, trabalhamos para oferecer as melhores condições para técnicos, atletas e confederações” afirmou o presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman.
Na minha opinião, com exceção das medalhas do volei e futebol, os demais atletas ganham muito pouco e conseguiram medalhas graças aos esforços pessoais e familiar.
Mas isso é assunto para o próximo post.
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