terça-feira, 27 de março de 2012

L.Boff

Na fila do check-in do aeroporto de Vitória indo para São Paulo, atrás de mim  estava um senhor de longas barbas brancas e cabelos igualmente brancos, portando uma bengala de madeira. Olhei bem e identifiquei Leonardo Boff ,o ex frade  escritor e professor universitário, expoente da Teologia da Libertação no Brasil. Foi membro da Ordem dos Frades Menores, mais conhecidos como Franciscanos. É muito respeitado pela sua história de defesa e luta pelas causas sociais e atualmente debate também questões ambientais.
É um homem de  estatura média e  calçava umas sandálias tipo franciscano, bem a seu tipo de frade. Carregava a tiracolo o que imaginei ser um notebook.Acompanhava-o uma senhora, tambem de idade a empurar o carrinho com as bagagens.
Iniciei um rápido bate papo com ele perguntando o que estava achando do calor.... o que respondeu que não estava estranhando muito já que estava vindo de Cachoeiro de Itapemirim, lugar dos mais quentes que ele já vira na vida.
Tinha ido lá a convite de um grupo apresentar palestra sobre ecologia e meio ambiente.
Aproveitei a dica e perguntei se hoje em dia ainda estava engajado nas lutas sociais e políticas. Ele respondeu que não e que a situação política estava "meio confusa" em vista da presidente Dilma enfrentar os "lobos" do Congresso. 
Disse que isso a seu ver não é bom,  pois em  conversa recente com ela, uma vez são amigos de longa data como militantes da causa esquerdista,  ela garantiu que não iria ficar refém da classe política.
Pensa ainda que ela deveria negociar e compartilhar a condução do governo com os políticos e não ficar apegada aos técnicos nos ministérios.
Eu argumenteii que a roubalheira estava de tal modo entranhada  no governo que estava difícil acreditar em políticos e desse modo a "faxina" que ela mal começara parou por cusa da insatisfação dos políticos.Esse negócio de "base aliada" deu nisso: divisão da carniça para os urubus de plantão.
A roubalheira continua.
Ele  não teve como contestar e se afastou em direção ao balcão do check-in.
Nos encontramos de novo dentro do avião e ele me disse "en passant" que não está gostando nada daquilo. Eu perguntei de novo: Do que frei? A roubalheira, respondeu ele.
Nos despedimos cordialmente.

PS: Nunca fui seu admirador, justamente pelo pensamento político-partidário, mas resolvíi de ler algumas de suas obras,  pois seus questionamentos a respeito da hierarquia da Igreja, expressos no livro Igreja, Carisma e Poder, renderam-lhe um processo junto à Congregação para a Doutrina da Fé, então sob a direção de Joseph Ratzinger, hoje Papa Bento XVI.
Em 1985, foi condenado a um ano de "silêncio obsequioso", perdendo sua cátedra e suas funções editoriais no interior da Igreja Católica. Em 1986, recuperou algumas funções, mas sempre sob severa vigilância. Em 1992, ante nova ameaça de punição, desligou-se da Ordem Franciscana e pediu dispensa do sacerdócio. Sem que esta dispensa lhe fosse concedida, uniu-se, então, à educadora popular e militante dos direitos humanos Márcia Monteiro da Silva Miranda, divorciada e mãe de seis filhos. Boff afirma que nunca deixou a Igreja: "Continuei e continuo dentro da Igreja e fazendo teologia como antes", mas deixou de exercer a função de padre dentro da Igreja

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