quarta-feira, 21 de março de 2012

Pegadas na Areia - de Santa Cruz a Barra do Sahy

Encerramos o circuito Pegadas na Areia 2012, caminhando pelo trecho que vai de Santa Cruz até Barra do Sahy, belo cenário praiano do litoral norte capixaba.
Para  melhor entendimento dos que não conhecem a região, apresento algumas fotos que certamente servirão de incentivo para quem sabe, futuras aventuras por este belo pedaço do litoral capixaba.
Partindo de Vitória rumo norte, passamos por Jacaraipe localizado no município de Serra cerca de 30 km de Vitória, no Espírito Santo.
Muito procurada por surfistas a Praia de Jacaraípe recebe muitos visitantes e campeonatos de surf. Para quem busca águas mais calmas e um lugar mais sossegado, casas de veraneio e com quiosques por todos os lados, Manguinhos é a opção.

 Durante o verão, a maioria dos turistas vem da própria Vitória e muitos- milhares- de Minas Gerais. Graças a diversos investimentos, a cidade está em considerável crescimento. Jacaraípe é hoje a praia mais badalada do litoral norte do Espírito Santo. Há diversas opções de pousadas e casas de veraneio, além de quiosques e restaurantes de comida típica.
Dali seguimos a rodovia do Sol-norte, passando por Nova Almeida apreciando as belas praias de seu litoral até chegarmos a Santa Cruz, município de Aracruz, na foz do Rio Piraque-Açu-leia sobre a cidade.aqui
O rio que nasce na Reserva Ecológica da Nova Lombardia a uma altitude de 1000m no município de Santa Tereza, passa por João Neiva, alcançando o município de Aracruz pela localidade de Santa Maria, onde há uma barragem que foi utilizada para obtenção de energia elétrica. O Rio Piraquê-Açú é a principal fonte de abastecimento de água para a região, faz parte da Bacia do Piraquê junto com o Rio Piraquê-Mirim. O primeiro possui 50 Km de extensão e o segundo 22 Km. A confluência destes dois rios forma o Piraquê propriamente dito, cuja foz se encontra a 4 Km do ponto de confluência, na Vila de Santa Cruz, com vista privilegiada alcançando cerca de 500 metros de largura, formando uma enseada belíssima, onde as águas do rio encontram-se com o mar.
 
 O rio é navegável em quase toda sua extensão por barcos e  escunas, tendo profundidade que varia entre 2 metros até mais de 18 metros debaixo da ponte, por onde o mar avança 13 km rio adentro no Piraquê-Açu e 9 km adentro no Piraque-Mirim.
Atravessamos o rio Piraque-Açu na escuna "Jubarte", de propriedade de Miguel, um aficcionado pela região e sabedor de muitas histórias do local.
Conhecedor dos costumes locais, durante a travessia informou sobre a existencia dos indios guaranís, presentes em seis  aldeias na região, seus rituais e tradições e ainda sobre o turismo e suas perspectivas futuras, o ecossistema dos manguezais, a formação geológica da região e fatos relevantes relacionados a política e ocupação demográfica. 


                   
Escuna Jubarte.                                                       Time dos andarilhos


Encerrado o aquecimento tradicional e já premidos pelo tempo, começamos a caminhada rumo a Barra do Sahy, 13 km depois. 
O tempo apresentava-se nublado e com vento sul soprando um pouco menos do que esperado. Assim mesmo o percurso foi aos poucos sendo vencido, ora em areias firmes ora em areias muito fofas que dificultavam o progresso dos passos.








 
 Muitas escunas e barcos de pesca alinham-se no pier de Santa Cruz. Ao fundo a ponte sobre a rodovia que liga a cidade a Aracruz e à BR 101 norte.
Em algum ponto nota-se a beleza da natureza pela cor e beleza de suas floradas exóticas.
Ao longo do percurso pode-se perceber a força da natureza e o poder da água, pela quantidade de árvores derrubadas, consequencia da violencia da maré, dando um sinal claro que a médio e longo prazos, muitas casas e construções á beira da praia fatalmente não resistirão.






















                   



























Volta e meia algum isolado esportista dava sinal de vida e alguns barquinhos atraentes foram vistos. Com o fim do verão havia um certo ar de abandono naquelas areias mornas.
Não encontramos muita gente pelo caminho, talvez tambem pelo tempo nublado que não ajudava para o bronzeado e o vento sul que fustigava  pele.
Um ou outro pescador mais fanático se aventurava a lançar os anzóis na tentativa de fisgar  algum robalo, mas na verdade não conseguimos ver um mísero peixe fisgado.
Eu caminhava rápido como de costume e estava  na frente da tropa ao lado do Jamil, um camarada de excelente humor.ÃŒamos engolindo a distancia, ora parando para as fotos ora para um gole de água.
Logo uns três km depois a primeira parada oficial, no local denominado Praia dos Padres para o tradicional reforço alimentar com frutas, agua, rapadura. etc.
Este trecho caracteriza-se pela presença constante de muitos corais aflorados- alguns de belíssimo visual- e coqueirais adensados em determinados locais.
A partir deste trecho o caminhar fica mais difícil, pois a areia é muito fofa e o plano é meio inclinado, dificultando ainda mais as passadas. A maré começa a subir e é um aviso certo para apressar o passo.
A região que percorremos é riquíssima em formações de corais, o que provocou em anos anteriores, a vinda de industrias de extração de rochas calcáreas com fins comerciais. Felizmente os órgãos ambientais atuaram de forma incisiva e esta prática parece que acabou. Rochas como as da espécie Litothanium calcarium eram usadas como fertilizantes e sua extração era de uma irregularidade completa.
O caminho da praia seguia firme a gora chegando no local chamado Putiri e Mar Azul.
Na verdade havendo predominancia do vento sul, as correntes mudam e a cor da água é outra completamente diferente.
Mas é um local de rara beleza pela cor da água- azul mesmo- e praias convidativas ao banho o que provoca grande afluxo de turistas no verão e feriados de sol favorável.
Estamos agora no final da caminhada e depois de quatro horas e meia de percurso, chegamos a Barra do Sahy, distrito de Aracruz onde aproveitei para um mergulho nas águas agitadas da Barra.Saí rapido pois a maré não estava para peixe!
O local possui muitas casas de veraneio, a essa altura quase todas fechadas aguardando mais um feriado para receber seus moradores.

Voltamos para almoçar no restaurante Travessia local onde iniciamos a caminhada. Lá desfrutamos de um excelente almoço regado às brahmas e skols de sempre.O retorno para Vitória deu-se imediatamente depois, chegando em casa a tempo de assistir ao jogo do Cruzeiro

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