Clássicos e antigos de BH

Quando tinha 15 anos meu pai me levou de Três Pontas para Belo Horizonte com a finalidade de estudar o 3º ano científico para melhor aprendizado e preparação para os vestibulares da Universidade Federal de Minas Gerais.Fui matriculado no Colégio Arnaldo. Comigo foi o Carlos Antônio Fagundes de Souza, caro amigo de quem conservo a amizade até hoje, exercendo a profissão de médico em Três Pontas no sul de Minas.
Lá fomos colegas do Ginásio São Luis  e também jogadores do vencedor time do Peñarol F.C, tantas vezes campeão entre os garotos da cidade.
No Colégio Arnaldo fomos recebidos pelo diretor Pe. João Batista, alemão sem muitos sorrisos e, como não havia mais vagas nos quartos de aluguel ( por sinal de excelente qualidade) para alunos, fomos alojados na torre superior que dá para a Av. Carandaí. Lá foi minha moradia por cinco anos.

Não era uma confortável habitação mas era o que tinha. Ficava no sotão e o acesso se dava por uma escadinha de madeira que subíamos sempre devagar para não fazer muito barulho. No verão era muito quente porque a ante sala ( se assim pode ser chamada)  de entrada para o quarto propriamente dito, era um espaço coberto pelo telhado de amianto onde se via o madeirame de sustentação das telhas. Morávamos mesmo sob o telhado!

O quarto continha três camas e duas mesas. Anexo ao espaço anteriormente dito mais para o fundo, ficava uma pia com uma torneira usada para escovar os dentes. Deste lugar olhando para baixo,  avistava-se a piscina.
Os chuveiros e sanitários ficavam no andar de baixo, bem como as pias onde lavávamos roupas.
Naquele tempo havia perto de uns quarenta rapazes que alugavam quartos no Arnaldo, todos estudantes de medicina, engenharia,economia, arquitetura,direito, veterinária e odontologia.
Aos domingos fazíamos animadas peladas no campo de terra existente ao lado da piscina suspensa.Foi o melhor tempo das nossas vidas.
O Colégio Arnaldo é uma construção datada de em 1912, e portanto no próximo ano celebrará os 100 anos dedicados à educação.
O Brasil é o maior campo de trabalho da S.V.D.(Societas Verbum Divinum) na América do Sul, mas a Congregação se faz presente nos cinco continentes, e adota como uma das suas prioridades, a formação de seus membros para a missão evangelizadora, visando a formar um povo de Deus que participe da construção de uma sociedade justa e solidária.
No Colégio Arnaldo estudaram figuras ilustres como, por exemplo Juscelino Kubitschek, Carlos Drummond de Andrade, Pedro Nava,Guimarães Rosa, Fernando Sabino, Milton Campos, Fernando Brant, Roberto Drummond, Hilton Rocha, Rui Laje, Betinho, Afonso Arinos de Melo Franco e Ivo Pitangui, dentre outras personalidades de renome nacional e internacional.

Nesse contexto, o Colégio Arnaldo, fundado em 1912, é um exemplo de prestígio e excelência acadêmica de uma história memorável que completará um século de existência.

Nos idos de 1912, por determinação do Conselho Provincial, reunido em Juiz de Fora-MG, a Congregação alugou um imóvel em Belo Horizonte, na rua Timbiras 1505, quase esquina com a rua da Bahia. Ali funcionou o Colégio Arnaldo, no período de 1912 a 1914. Com o início da Primeira Guerra Mundial, em 1914, os 50 mil marcos destinados à ampliação do Colégio ficaram comprometidos.

Mas o tempo passou e cada qual seguiu seu caminho. Contudo as lembranças ficaram gravadas na memória e sempre que passo na Praça João Pessoa me lembro com saudade dos tempo que alí morei. Dos "casos"e das aprontadas que, como estudantes,fomos protagonistas. Na Av. Carandai, sob as mangueiras em frente ao bar do Marcelo, ficavam os ônibus da linha Getúlio Vargas que, por não possuir garagens, a empresa os deixava ali de noite. Tornaram-se por opção, nossas confortáveis camas quando voltávamos de madrugada daquelas noitadas pela cidade.
Eram a nossa salvação, pois a portaria do Colégio  fechava ás 22 h, sem um minuto de atraso.
Desse tempo guardo sempre as lembranças. 

                                                            Grupo Escolar Pedro II
Mas hoje em dia caminhando pelas redondezas, percebi que não mais existem aqueles velhos casarões que povoavam o bairro Funcionários, destruídos que foram pelo crescimento da cidade.

                                                                     G.E. Pedro II
É uma consequência óbvia, pois a população cresceu desmensuradamente e Belo Horizonte hoje é a 3ª ou 4ª maior cidade do Brasil.

                                                           Estação Ferroviária da EFCB

     Por isso, sempre que vou à Belo Horizonte,  faço um tour pela cidade  fotografando alguns  casarões  para que, quem sabe no futuro, fique uma sólida lembrança desses belas edificações.  

                                        Pça Florino Peixoto- Fachada do ed. sede da PM

                                                     Serraria Souza Pinto     

                                                   Maternidade Hilda Brandão

 

                                                          Automóvel Club

                                                          Conservatório de Música

                                                                Palacio da Justiça

                                                                  Av.João Pinheiro

                                                                      Av.João Pinheiro

                                                                            Av João Pinheiro
                                                                     Igreja N S de Lourdes

                                                             Secretaria de Viação(acima)

                                                      Secretaria de Fazenda(acima)
                                                      Secretaria da Educação(abaixo)

                                                                Cúria Matropolitana

                                                Conjunto do Palacio da Liberdade-fontes e alameda

                                             Casarões da Bernardo Guimarães e da Gonçalves Dias

                                                              Rua dos Caetés e Sesc(abaixo)

Continua......