terça-feira, 30 de agosto de 2011

Minha viagem ás Missões Gaúchas-5ª Parte


O dia seguinte amanheceu muito frio e tivemos que nos agasalhar com o melhor que tinhamos. As notícias davam conta que a temperatura nos dois dias anteriores fora perto de zero grau e nos seguintes não ia mudar.

De fato nesta quinta feira dia 15 de julho foi uma das mais frias pelo estado todo. Notícias do Jornal Correio do Povo dos dias 14 e 15, informavam que na região de Bagé tinha alcançado -2,6ºC e que o Rio Grande como um todo era um gelo só.De fato é muuuuito frio, coisa de gaúcho usar ponchos e outras indumentárias típicas,mas muito legal para mim que gosto do frio.
Após um café da manhã  reforçado, mochilas e malas colocadas na Esmeralda, ganhamos de novo a estrada rumo ao lugarejo conhecido como Carajazinho.


Antes de sair fotografei um mapa regional da Missões espalhadas pelo Brasil, Argentina e Paraguai, dando ideia da grandeza das Missões jesuiticas.
O caminho como sempre é belíssimo, muito verde das pastagens e campos de cultivo.


Cajado na mão, luvas gorros de lã, agasalho, 2ª pele, 2ª calça ( existe?) 3 blusas, abrigo Parka lá fui eu num passo firme. Com a companheira Ronilda firme no trote avançamos para fechar esses 32 km. Adiante vimos um animalzinho raro: uma grande lebre selvagem que disparou pelos campos verdes quando nos viu. Alíás foram pouquíssimos animais avistados pelo caminho: 5 emas, 2 perdizes e 1 lebre.
Oito e meio  km depois cruzamos o rio Piratinizinho para mais á frente,


descobrirmos o local onde era a pedreira  missioneira, lugar onde os antigos construtores colhiam pedras areníticas, chamadas itacuru para suas edificações.

Eu preferí não entrar nesse local pois teria que pular uma cerca e ainda procurar os vestígios, evidentemente cobertos de mato e nada de interessante, fora o frio!!

Os colegas que vieram depois mais dispostos, entraram  e constataram a presença desses arenitos.


Chegamos á Vila Ezequiel,lugarejo que possui uma dúzia de casas e uma serraria-mercenaria onde Claudia parou para descanso e admirar os objetos alí fabricados, e assim chegamos à residência de Sr Milton Vargas onde  esperamos os colegas para o almoço. Fomos recebidos por D.Natália que gentilmente nos ofereceu uma refeição simples.
Nesse dia estava realmente muito frio e eu fiquei o tempo todo do almoço sentado do lado de fora,procurando me aquecer.

Ficamos alí o tempo suficiente para o almoço e descanso e na saída peguei uma carona com Kojak na Esmeralda para aliviar uma leve dor na virilha e por uns 6 km, fomos trocando umas idéias até chegarmos em frente á propriedade do Sr João Antônio Alves  para esperar pelo pessoal.

Trata-se de uma fazenda com criação de ovinos e uma ou outra lavoura.Ele nos disse viver alí só com a esposa há 25 anos e lutar com dificuldade face aos problemas que todo produtor enfrenta,mas não demonstrava amargura com a situação.

Nesse ínterim tivemos a idéia de colocar as malas no bagageiro sobre o teto da Esmeralda e pedimos ao Sr João umas cordas para amarração. Fomos prontamente atendidos e desse modo as malas e mochilas foram alojadas no teto, sobrando assim espaço no banco trazeiro para quem quisesse descansar.
 Lá pelas tantas da conversa  Kojak  demonstrou  vontade de comer um brodo de capeletti. Após explicar o que era isso(caldo de capeletti) perguntamos ao Sr João se ele venderia alguma de suas galinhas que se espalhavam pelo terreiro. Ele foi consultar a esposa e disse que ela concordou mas que não poderia sacrificar e limpar a ave por que estava muito ocupada fazendo sabão.Isso inviabilizou a ideia, pois queríamos levar a ave limpa e preparada para, no supermercado do lugar seguinte, comprando o capeletti, estaria pronto nosso jantar.Mas deu uma fruatação danada!
Chegaram os outros colegas e o Sidão, Hélia e Virgílio foram de carona os outros 13 km até chegarmos á Pousada e Bolicho do Caminho das Missões "Velho Casarão" de propriedade do  Sr João de Matos e esposa Neli.

O local é simples mas muito agradável, dada a hospitalidade e bom humor de João, um autentico gaúcho, todo "pilchado".

O abrigo possui um aposento coletivo em madeira, com beliches dispostos dois a dois, de modo que ficamos todos agrupados. Os banheiros tambem simples, estão localizados num corredor anexo. Cada um escolheu seu beliche e de pronto fomos tomar banho porque o frio era intenso e se não fosse naquele embalo, ninguem se atreveria a enfrentar aqueles chuveiros elétricos que de maneira alguma esquentaram a água.

Bem agasalhados nos dirigimos á sala principal onde está instalada uma lareira/churrasqueira, o barzinho e a mesa de almoço. Ao lado um aparelho de tv onde passava um programa local.

Lá estava o João preparando uma autentica costela de boi para nosso jantar.

A lareira-churrasqueira é dentro da casa de modo que o calor emanado se espalha de maneira uniforme para o resto da casa e com o detalhe principal: sem fumaça, pois está construida de tal maneira que o vento constante suga pela potente chaminé toda fumaça.Só assim mesmo para suportar aquela temperatura, ainda mais que lá fora soprava um vento fortíssimo.
Comemos bem e tomamos várias caipirinhas e vinhos coloniais, tática eficaz para qualquer frio perturbador! Logo depois chegou um gaiteiro e cantor residente nas redondezas e nos alegramos com as belas músicas regionais.

Todos se deliciaram com a beleza da música regional, com as poesias do João e sobretudo com o belo poema recitando pelo Claudio chamado HERANÇA.

Nesse momento constatei que os gaúchos possuem um espírito amigável e poético, pois do mais simples peão ao mais culto e letrado doutor, eles curtem os poemas, principalmente aqueles cujos temas são referentes ao meio rural em que vivem, falando sempre dos potros, das querencias, das prendas, do campear o gado, do inefável chimarrão e do não menos famoso churrasco.
João é um exemplar típico gaúcho e todos aplaudiram efusivamente.
Encerrada a festa onde todos nós nos divertimos e apreciamos os costumes gaúchos, manifestado de forma autentica por estes personagens incríveis, fomos para o alojamento.
Virgílio estava meio emburrado, com "cara de salame" conforme expressão dele mesmo, e foi dormir em um dos quartos que a D.Neli ofereceu.

Essa noite foi terrível de frio e vento.
Dormi completamente abarrotado de roupas e 2 meias de lã. Sorte mesmo foi o saco de dormir muito eficiente.




2 comentários:

  1. Que lindas as fotos ! Amei.

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    1. Os campos floridos e friorentos do Rio Grande constituem-se em belos paineis para fotografias.

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