terça-feira, 29 de julho de 2014

CD- 4º dia. De Itapanhoacanga a Córregos- 26 km

Após o café da manhã e as despedidas de Bill e família, Itapanhoacanga foi ficando para trás e agora caminhamos numa manhã com céu de nuvens negras, fazendo com que levássemos(alguns) suas capas de chuva.
Lêdo engano. No Vale do Jequitinhonha não chove, ou melhor, chove uma vez ao ano no dizer de um morador local.
                                  

A saída de Itapanhoacanga brinda o andarilho com uma das mais inclinadas subidas do caminho. Essa e outras subidas intercalam-se com igualmente penosas descidas em terreno encascalhado. Algumas pequenas retas aliviam o caminhar. Assim fomos subindo por intermináveis 9,4 quilômetros, segundo o GPS do celular.


Mas todo esse esforço é brindado com a brilhante paisagem que se estende até onde a vista alcança.
Em certos momentos, como no marco 324, consegue-se ter visão de 360º, onde, caso estivesse céu limpo, as serras do Caraça, do Intendente  e a de São José poderiam ser avistadas.

As 10 horas, no caminho para Santo Antônio do Norte( Tapera), o imenso plano dos Gerais pode ser apreciado por todos, numa subida, até alcançarmos a altitude máxima do caminho. Ali, um grupo de trabalhadores fazia reparos na estrada. Ao longe avistamos Tapera.

Começou aqui uma grande descida até o pequeno povoado, alcançado as 11:30 h. Na entrada, essa singela capela de N S do  Rosário.
Numa pequena mercearia da saída, paramos para descanso e comer alguma coisa. De fato uma coca cola refrescante junto a umas "esfihas" quentinhas aliviaram nossa fome. Pães de queijo também completaram o breve lanche.

O J. Antônio chegou logo depois, deu  as informações pertinentes à pousada em Córregos e continuamos caminhando até lá, debaixo de um sol incomodador. 

                    


Córregos é um distrito de Conceição do Mato Dentro e foi um dos locais que mais gostei, pela simplicidade e um  bucolismo.
Lá chegamos as 14:45h. indo direto para a Pousada Estrada Real, aqui vista na foto acima. Trata-se de uma construção em madeira muito agradável e acolhedora. Sua proprietária que mora em BH, abriu-a só para nos receber, uma vez que afluxo de turistas nessa ocasião era inexistente.
Posso dizer que foi uma das melhores do caminho, não só pela excelente qualidade dos simples aposentos, mas o que fez a diferença foi a qualidade da comida servida. Farta e variada, a tradicional comida mineira foi servida, á vontade em fogão a lenha. A cordialidade das cozinheiras cativou-nos.

Na parte superior da pousada, uma varanda com vista para o lugarejo, e um amplo salão onde assistimos um dos jogos da Copa.À frente umas casinhas simples pintadas em alegres cores, outras mais modernas e algo requintadas do outro lado.
                 
Um gramado emoldura o entorno da simpática Igrejinha de N S Aparecida  dos Córregos(assim mesmo) conforme uma moradora que abriu as portas para nossa visitação explicou.Data de 1722 sua instalação.
                                 





Como sou um fanático apreciador das Igrejas e capelas dos séculos XVIII e XVIX, amplamente existentes nos lugarejos que só existem em Minas e por isso mesmo alvos de minha câmera, deliciei-me com a situação apresentada.

Uma Igreja de 1722 não é em qualquer lugar que se encontra. Córregos então.... apenas um lugar perdido no sertão do Jequitinhonha, região riquíssima pelo folclore, ninguém visita, ou pelo menos sabe que existe. Apenas os mineiros e os mais fanáticos aventureiros. 

Coisa assim, só se vê em Lavras Novas, Glaura, São Bartolomeu, Catas Altas, Itatiaia, etc. Só indo lá para acreditar.

Ouro Preto, São João del Rei, Mariana. Congonhas, etc são cidades turísticas nacionalmente conhecidas e visitadas, mas Córregos....bueno.

Aí vão algumas fotos da Igreja, com destaque para a pia batismal que nas fotos aparece uma com a tampa aberta e outra fechada, assim como o singular púlpito lateral.











 Findo o roteiro turístico-cultural pela vila, fomos assistir ao jogo Alemanha x Argélia onde aquela-campeã- penou para bater a pequena Argélia. Futebol não tem mesmo muita lógica. Eu disse "muita", uma dose certa é necessária.Vide o exemplo alemão, o oposto do improvisado Brasil.
De noite saboreamos um delicioso caldo, regado a vinhos e pães. Fui dormir as 22 horas alegre da vida.






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