terça-feira, 29 de julho de 2014

CD-7º dia - de Morro do Pilar a Itambé do Mato Dentro - 35 km


O despertar desse novo dia previa mais um desgastante caminhar, pela mesma estrada de pó e sob forte sol. Acordei ainda escuro, abri a janela e capturei o nascer do astro-rei. Nenhuma nuvem à vista.



Nessa época, os dias aqui neste Caminho dos Diamantes iniciam-se, invariavelmente, com frio pela manhã, sol o dia todo e frio também à noite. O consumo de água é mais do que o normal, tendo em vista o tamanho do percurso, a estiagem prolongada e a secura do ar. Na verdade não há disponibilidade alguma ao longo das jornadas, de modo que é fundamental que se leve o precioso líquido.
O consumo de pelo menos um litro e meio de água faz-se  necessário. O desgaste é muito.
                              
Saindo de Morro do Pilar, o percurso segue a mesma estrada seca, porém estreita com muito pó, desta vez no entanto com muito movimento de veículos pesados, sempre margeando o Rio do Peixe O trajeto não apresentou subidas consideráveis, ficando numa altimetria plana. 
  


Alguns trabalhadores da rodovia aguardavam a presença de mecânicos para reparos no ônibus que os conduzia ao trabalho, bem  ao lado,  uma bica de água fresca, próxima de um pequeno oratório


Depois desse trecho o caminho prosseguiu sem maiores movimentos de veículos. Uma benção, pois ficamos livres da incômoda poeira.
A paisagem é outra, com topografia mais plana, imensos paredões de serra á nossa direita mas quase nada se move aqui. 

Aqui avistamos o Travessão, importante marco do Parque Estadual Serra do Cipó, que tem a peculiaridade de ser um divisor de águas naturais entre as bacias do Rio São Francisco e Rio Doce. Um pouco à frente está o trecho conhecido como Duas Pedras, também de singular beleza.
                       


A terra é ruim, não há cultivo de nada, e de vez em quando aprece uma ou outra cabeça de gado bovino perdida no meio do cerrado bravo.
Cansados, paramos sob um imenso bloco de pedra de onde avista-se uma planície sem fim, deixando-nos boquiabertos com a beleza da natureza.   
São 12:25 h e seguimos sob o sol forte. O consumo de água é elevado e ainda bem que trouxemos boa quantidade no carro de apoio.


Na chegada a Itambé( Ita- ayimbé) do Mato Dentro, que significa "pedra afiada" o trecho esteve mais plano e tranquilo. 
Entramos pela cidadezinha passando pela Igreja Matriz de N Sra. das Oliveiras, pelos Correios e fomos direto para a Pousada da Rute, localizada ao final da rua.

                           Igreja Matriz Nossa Senhora das Oliveiras



Trata-se de uma residência que a D Rute transformou em pousada e que atende satisfatoriamente aos andarilhos em busca de uma cama confortável e um chuveiro honesto.
O almoço foi na casa da frente, a D Dalva, que esmerou-se em nos atender com simplicidade e comida muito gostosa, acompanhada de uma refrescante limonada.
Após um período de descanso alguns foram lavar algumas peças de roupa e fui aos Correios para uma operação junto ao Banco do Brasil, dentro da agência.
Ao cair da noite fomos jantar num restaurante localizado no centro e depois nos dirigimos ao Bar... localizado a beira rio, onde sob um friozinho característico José Antônio apresentou seu show musical aos presentes.

Voltamos para dormir as 22 horas, cansados pelo longo e extenuante trecho.

As origens de Itambé estão intimamente relacionadas à época aurífera de Minas no século XVIII. Sabe-se por tradição que o povoado foi fundado pelo Bandeirante Romão Gramacho, de fins de 1600 a início de 1700, antiquíssimo portanto. Aqui ele permaneceu muitos anos tendo erigido a Capela de N S das Oliveiras, coberta de palha e que já perdeu quase toda originalidade, sendo restaurada anos depois.

Uma curiosidade sobre Itambé é que foi aditado, aqui em 1831 o sétimo periódico da Província de Minas Gerais, denominado " O Liberal" pelo ourives Geraldo Pacheco de Melo.




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