terça-feira, 8 de maio de 2012

Araçatiba

 


O Estado do Espírito Santo é pródigo em denominações indígenas- como de resto o país todo- para suas cidades,vilas, povoados, rios,etc. Muita coisa nesta terra de Santa Cruz leva a grife indígena. Nada mais justo, pois aqui floresceu milenar cultura indígena e hoje, não fossem as tentativas de grupos particulares, Ong's e órgãos governamentais- estes não tanto e adequadamente como seria desejável- a cultura dos nossos índios estaria fadada ao esquecimento ou mesmo à extinção. Mas isso é tema para outra conversa.
Refiro-me hoje ao lugarejo denominado Araçatiba,(em tupi-guarani quer dizer 'tubo da montanha"- em referencia à grande cachoeira da fumaça existente rio Jucu acima - ou como querem outros, é formada pela conjunção do nome "araçá"-fruta- com "tiba" nome da filha do cacique) comunidade pertencente ao município de Viana, e já foi sede do município,sendo hoje um distrito.
Destaca-se no lugar, que era formado por residências, antigo engenho de cana de açúcar, senzalas e igrejas, a de N Sra. d'Ajuda, construída pelos jesuítas no final do século XVIII e pela sua importância, faz parte do Patrimônio Histórico Nacional.

Neste local os Jesuítas construíram a Igreja de Nossa Senhora da Ajuda que no princípio era uma construção muito simples. 
Em 1849, o Coronel Sebastião Vieira Machado, filho do Coronel Bernardino assumiu a Fazenda trazendo 850 negros e negras escravizados para dar continuidade aos trabalhos da Fazenda Araçatiba. Neste ano foi reformada a Igreja de Nossa Senhora da Ajuda  dando-lhe  característica de uma construção portuguesa, com seu típico portal e emblema alusivo.


Do lado da Igreja há um  cemitério e um casarão em ruínas que foi a antiga Residência dos Padres. 
 Araçatiba é denominada de Terra de descendentes de Escravos e Patrimônio da Santa, Nossa Senhora da Ajuda e é remanescente de um Quilombo,as chamadas Terras de Preto ou Comunidades Negras Rurais que têm suas origens em fazendas falidas, doações de terras para ex-escravos, das compras de terras por escravos alforriados, da prestação de serviços de escravos em guerra, entre outras. 
De acordo com dados do INCRA, há indícios de cerca de 75 comunidades
Remanescentes de Quilombos no Estado do Espírito Santo. Destas apenas 8j á se encontram certificadas - reconhecidas como comunidades Quilombolas
pela Fundação Cultural Palmares. 
As demais comunidades estão sendo mapeadas. Este processo começa com o envio de uma carta de auto-identificação iniciando a formalização do pedido de certificação. Das comunidades reconhecidas/certificadas pela Fundação Cultural Palmares no Espírito Santo, nenhuma possui a titulação definitiva de suas terras fornecida pelo INCRA, estando em processo de reconhecimento territorial. Supõe-se que cerca de 38 comunidades quilombolas situem-se na região conhecida como Sapê do Norte e 37 no centro-sul do Estado.
Abaixo outras fotos da região, tomadas em uma caminhada de 23 km que fiz junto com amigos andarilhos.

A região evidencia parcos recursos naturais e a principal atividade resume-se à pecuária, com grandes pastagens naturais onde predomina o gado de origem indiana e seus cruzamentos com os da raça holandesa.


                   Reprodutor da raça Gir
                       Vaca da raça Guzerá
                           
   Um ministro espera pelos fiéis
   vacas holandesas
 Uma outra atividade que faz parte do cenário rural da região percorrida refere-se ás plantações de seringueira, sendo uma cultura bastante difundida no município de Viana e redondezas. O E. Santo possue clima e terras favoráveis a esta cultura.



Nossa caminhada prosseguiu ora através de extensas pastagens, ora por matinhas preservadas, mas a paisagem no geral evidencia carencia de recursos para melhor exploração pecuária. 

A população local não desfruta de meios adequados de eliminação de lixo, fato facilmente constatado pelos inúmeros depósitos espalhados  pelo caminho. Esse é um problema que afeta a maioria das cidades brasileiras e no meio rural, com o progresso em marcha e as construções proliferando por toda parte, os municípios se motram despreparados para essa necessidade básica que é a coleta do lixo. Com isso progride a degradação ambiental,com a subsequente contaminação dos lençois freáticos e a perversa qualidade de vida.
   Alguem se vira mesmo maltratando o português
 
Nossa caminhada de 23 km terminou ás 13.00h no Rico Caipira, excelente ponto de lazer na região rural de Vila Velha onde desfrutamos excelente almoço regado a geladas cervejas.
                                            
O local, uma fazenda de exploração leiteira que  possui laticínio próprio,fabrica queijos, iogurtes e ainda produz leite tipo A.
O cuidado com o meio ambiente é demonstrado pela lixeira seletiva.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagem em destaque

O Caminho de Assis- Itália

O Caminho de Assis, uma viagem pela Idade Média na Itália O homem medieval é o "homo viator ". Sua vida é um caminho percorri...