O Estado do Espírito Santo
é pródigo em denominações indígenas- como de resto o país todo- para suas
cidades,vilas, povoados, rios,etc. Muita coisa nesta terra de Santa Cruz leva a
grife indígena. Nada mais justo, pois aqui floresceu milenar cultura indígena e
hoje, não fossem as tentativas de grupos particulares, Ong's e órgãos
governamentais- estes não tanto e adequadamente como seria desejável- a cultura
dos nossos índios estaria fadada ao esquecimento ou mesmo à extinção. Mas isso
é tema para outra conversa.
Refiro-me hoje ao lugarejo
denominado Araçatiba,(em tupi-guarani quer dizer 'tubo da montanha"- em
referencia à grande cachoeira da fumaça existente rio Jucu acima - ou como
querem outros, é formada pela conjunção do nome "araçá"-fruta- com
"tiba" nome da filha do cacique) comunidade pertencente ao município
de Viana, e já foi sede do município,sendo hoje um distrito.
Destaca-se no lugar, que
era formado por residências, antigo engenho de cana de açúcar, senzalas e
igrejas, a de N Sra. d'Ajuda, construída pelos jesuítas no final do século
XVIII e pela sua importância, faz parte do Patrimônio Histórico Nacional.
Neste local os
Jesuítas construíram a Igreja de Nossa Senhora da Ajuda que no princípio era
uma construção muito simples.
Em 1849, o
Coronel Sebastião Vieira Machado, filho do Coronel Bernardino assumiu a Fazenda
trazendo 850 negros e negras escravizados para dar continuidade aos trabalhos
da Fazenda Araçatiba. Neste ano foi reformada a Igreja de Nossa Senhora da Ajuda
dando-lhe característica de uma construção portuguesa, com seu típico portal e emblema alusivo.
Do lado da Igreja há um cemitério e um casarão em ruínas que foi a antiga
Residência dos Padres.
Araçatiba é
denominada de Terra de descendentes de Escravos e Patrimônio da Santa, Nossa
Senhora da Ajuda e é remanescente de um Quilombo,as chamadas Terras de Preto ou Comunidades Negras Rurais que têm suas origens em fazendas falidas, doações de terras para ex-escravos, das compras de terras por escravos alforriados, da prestação de serviços de escravos em guerra, entre outras.
De acordo com dados do INCRA, há indícios de cerca de 75 comunidades
Remanescentes de Quilombos no Estado do Espírito Santo. Destas apenas 8j á se encontram certificadas - reconhecidas como comunidades Quilombolas
pela Fundação Cultural Palmares.
Remanescentes de Quilombos no Estado do Espírito Santo. Destas apenas 8j á se encontram certificadas - reconhecidas como comunidades Quilombolas
pela Fundação Cultural Palmares.
As demais comunidades estão sendo mapeadas. Este processo começa com o envio de uma carta de auto-identificação iniciando a formalização do pedido de certificação. Das comunidades reconhecidas/certificadas pela Fundação Cultural Palmares no Espírito Santo, nenhuma possui a titulação definitiva de suas terras fornecida pelo INCRA, estando em processo de reconhecimento territorial. Supõe-se que cerca de 38 comunidades quilombolas situem-se na região conhecida como Sapê do Norte e 37 no centro-sul do Estado.
Abaixo outras fotos da região, tomadas em uma caminhada de 23 km que fiz junto com amigos andarilhos.
A região evidencia parcos recursos naturais e a principal atividade resume-se à pecuária, com grandes pastagens naturais onde predomina o gado de origem indiana e seus cruzamentos com os da raça holandesa.
Reprodutor da raça Gir
Vaca da raça Guzerá
Um ministro espera pelos fiéis
vacas holandesas
Uma outra atividade que faz parte do cenário rural da região percorrida refere-se ás plantações de seringueira, sendo uma cultura bastante difundida no município de Viana e redondezas. O E. Santo possue clima e terras favoráveis a esta cultura.
Uma outra atividade que faz parte do cenário rural da região percorrida refere-se ás plantações de seringueira, sendo uma cultura bastante difundida no município de Viana e redondezas. O E. Santo possue clima e terras favoráveis a esta cultura.
Nossa caminhada prosseguiu ora através de extensas pastagens, ora por matinhas preservadas, mas a paisagem no geral evidencia carencia de recursos para melhor exploração pecuária.
A população local não desfruta de meios adequados de eliminação de lixo, fato facilmente constatado pelos inúmeros depósitos espalhados pelo caminho. Esse é um problema que afeta a maioria das cidades brasileiras e no meio rural, com o progresso em marcha e as construções proliferando por toda parte, os municípios se motram despreparados para essa necessidade básica que é a coleta do lixo. Com isso progride a degradação ambiental,com a subsequente contaminação dos lençois freáticos e a perversa qualidade de vida.
Alguem se vira mesmo maltratando o português
Nossa caminhada de 23 km terminou ás 13.00h no Rico Caipira, excelente ponto de lazer na região rural de Vila Velha onde desfrutamos excelente almoço regado a geladas cervejas.
O local, uma fazenda de exploração leiteira que possui laticínio próprio,fabrica queijos, iogurtes e ainda produz leite tipo A.
O cuidado com o meio ambiente é demonstrado pela lixeira seletiva.
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