quinta-feira, 24 de setembro de 2015

13º dia - Ceselli- Piedilucco - 27 km

O dia amanheceu bastante fechado, com pesadas nuvens ameaçando desabar num temporal, em sequencia á fina chuva que caíra a noite toda. 

As cristas das montanhas estavam muito encobertas e por isso pegamos as capas de chuva deixando-as de sobreaviso,mas nem por isso ficamos abatidos e nossa disposição permanecia redobrada.

                                                    

                                                                           
                       
Muito interessante foi esse percurso margeando o rio Nera,em meio a baixadas cultivadas e drenadas adequadamente visando aproveitar as potencialidades do terreno. Uma das mais frequentes lavouras vistas foram os campos de feno, tão presentes na Itália.Seguimos em fila indiana por esse belo lugar observando atentamente as poucas edificações existentes, uma delas em típico castelo medieval fincado no alto da colina. Pássaros canoros pareciam alegres com a ausência de chuva e soltavam o canto, estabelecendo um momento tranquilo, de acordo com o ambiente em que estávamos. 
                                                                            




Perto das 10.20 h passamos por dois lugarejos perdidos no meio da mata, de nomes Mastrella e Pranchetto onde paramos para um descanso e café.Uma cafeteria servindo excelentes capuccinos e chocolates e uma lojinha de artigos esportivos foram de grande utilidade naquele instante.

Interessante notar que entre as duas comunas, parece, viviam, às turras na Idade Média, pois ambas estão localizadas uma perto da outra, separadas por um vale.As disputas por água e território eram frequentes naquela época.

Sucessivamente fomos passando por placas indicativas e pequenas comunas como Coleponte, Umbriano, Ferrentillo, todas encrustadas na montanha ou  no meio do vale, apreciando as belas lavouras de trigo, ervilha e uma ou outra que não consegui identificar. Também cruzamos com industrias processadoras de oliva,talvez a unica atividade fabril nessa região.









                                      

Mais à frente, depois de uns 8 quilômetros, passamos por dentro da comunidade de Arrone, onde paramos para o almoço e descanso. 

No momento havia bastante gente nas imediações e  estava havendo uma cerimônia de casamento, com homens e mulheres vestidos conforme o momento e uma missa ( era domingo), estava sendo rezada na igreja da praça.

Fiquei num bar próximo observando o movimento de pura novidade para mim, os fotógrafos, os indiferentes, os velhos com seus cigarros fedorentos,indiferentes ás belas italianas passando para lá e para cá. 

O local tem, num canto da praça, monumentos especiais aos heróis da cidade que combateram na 2ª Guerra Mundial e pelo porte dos monumentos são muito reverenciadas.
                            
           



O caminho seguiu rumo a Piediluco, agora debaixo de um sol mais forte. Na nossa frente e aos lados muitas belas residencias às margens do rio onde com frequência vimos placas de "divieto di pesca" estavam ali advertindo que era proibido pescar.

Depois de bons quilômetros no plano, começamos uma forte e longa subida no meio de densa floresta. Esse caminho, por vezes muito estreito e perigoso, nos levou ao local onde há equipamentos de uma antiga usina hidrelétrica desativada. 

Suas carcaças, conservadas e abertas ao turismo, estão lá para comprovar o fato. A usina fornecia energia para todo um imenso vale que nós pudemos observar lá de cima, numa visão espetacular




                                                               

Descemos o alto monte passando por trilha estreita até o asfalto que nos levou a Piedilucco. À entrada dessa comuna se dá por um lado donde se pode apreciar toda a imponência do belo lago di Piedilucco, com seus 13 quilômetros de circunferência irregular e profundidade média de 19,5 m.

Até chegar ao Hotel Miralago, passamos pelas ruas estreitas da cidade,em frente à Igreja de São Francesco, construída no final do século XII, conforme está numa placa  em razão da visita do santo quando de sua passagem ali.

Conserva no seu interior valiosos objetos e imagens artísticas do sec. XIV e XV e está assentada de maneira tal a aproveitar o pouco espaço, espremida que está entre o monte e a rua.Sua porta principal está colocada lateralmente, mas é de rara beleza histórica.

                                                                       



                                                                         








Uma vez estabelecidos no confortável hotel, lavei umas peças de roupa e logo fui, com o amigo Pedro Tamarossi, ao único bar do local, a lado do hotel, saborear uma cerveja. 

As simpáticas proprietárias nos atenderam muito bem e ali mesmo compramos o lanche do dia seguinte. Muito surpreso, pedi à senhora que me mostrasse uma garrafa de uma bebida localizada acima na estante e pasmem, era uma garrafa da cachaça Nêga Fulô, fabricada no estado do Rio.Pouco depois chegaram Iêde, Lucia Helena e Isabel e pudemos repartir uma garrafa de um bom vinho, antes do jantar.
                                           



Nosso jantar foi precedido de boa conversa no amplo salão, com Cristina ao final passando as informações do caminho do dia seguinte, falando que iríamos até Labro,milenar cidadela intra muros situada no alto de uma elevada colina.O visual de Labro, pela altitude claro, não era muito animador.

Sono perfeito, embalado por um silencio providencial.

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