quinta-feira, 24 de setembro de 2015

6 dia- De Gubbio a Valfabrica

Ainda não foi hoje minha volta à estrada. Por um excesso de zelo com a lombar, preferi não enfrentar s 34 km até Valfábrica. Os colegas sairam depois do café e eu, alem de Isabel, Sonia e Lucia Helena, ficamos para ir no carro das mochilas.

Aproveitei o tempo restante para  percorrer os diferentes sitios ainda não conhecidos. Algumas igrejas não visitadas e sobretudo saborear a bela feira que se instalara na praça em frente o hotel. 

Ali tinha de tudo, de automóveis a quinquilharias chinesas, barracas de fast food italiano, vendas diretas de aparelhos eletro domésticos, roupas, bebidas, artigos de beleza, etc.
                                    
Chamou minha atenção o setor alimentício. Se  não tivesse visto não acreditaria, pois duas vans enormes, com enormes toldos para abrigo vendiam dentre outas iguarias  a tradicional "porchetta", que consiste de um sanduiche de carne de porco e molhos, abrigados dentro de um  belo pão italiano, chamada então de "panini di porcheta".

                                     
                              O detalhe é o tamanho do porco assado. Vejam as fotos
 



Uma multidão se apertava em volta da  van à espera da vez de ser atendida e eu, para comprovar a fama da iguaria italiana,  pedi um baita sanduíche para o almoço, Outro assombro foi o tamanho da mortadela exposta para venda, fatiada ou não: uma peça de 100 quilos!




Na mesma praça, alguns automóveis estavam expostos e não pude deixar de admirar os modelos presentes, sobretudo um modelo Mazda branco, de excelente padronização e portador de inúmeros itens tecnologicamente avançados.Outros belos carros estavam presentes como o Opel Mokka, o Renault Captur( lindo, por 22 mil euros)  e o Fiat  500X  4x4 vermelho.






Circulei pelas várias barraquinhas apinhadas de gente, admirando o sotaque dos vendedores e sua esperteza em "levar" o cliente, algo parecido com a tática cigana.

Comprei várias lembranças aluvicas à festa do "ceri" e por volta das  11 horas, tomei assento num buteco, pedi uma cerveja  da marca Peroncino e degustei o panini di pórcheta. Saborosissimo!
                         
Observava o movimento  de vai e vem dos carros e pessoas, comparando com o que acontece no Brasil. Admirei a educação dos pedestres  em relação ao tempo de sinal de "pare"e "ande" dos semáforos.

De fato nós na maioria das vezes somos mal educados. Ali há uma preocupação em observar fielmente a sinalização. Um bando de alemães e outros nórdicos, foram os melhores exemplos.

Ocupando uma mesinha lateral, de frente para a rua, tive ao meu lado  dois senhores a fumarem seus fedorentos charutos e conversando em alemão. Outra família se estabeleceu na mesa oposta, desta vez uns franceses que pediram café e a seguir puxaram seus cigarros e charutos.Como fumam!
                                 
Na rua em frente um frenético transito, onde predominam as motocicletas e "scooters", estas em maior número e de fato uma grande paixão italiana. Senhores, senhoras e jovens de ambos os sexos, pilotam-nas para todo lado.De várias marcas e cilindradas foram meus objetos de muitas fotos.

Voltei ao hotel e por volta das 14 horas chegou Maurizzio, motorista do carro que nos levou a Valfábrica.O confortável Renault Scenic Grand, abrigou todas as mochilas e nós quatro.

O simpático Maurízzio certamente já era de antigo conhecimento de hospedes do hotel pois foi efusivamente saudado por várias pessoas, além dos funcionários.

Deixamos Gubbio, a 5ª maior provincia da Itália, para uma viagem  rápida e tranquila que nos proporcionou uma bela visão dos magníficos campos de cultivo, além de alguns castelos encravados nas rochas e encostas .
                                                       
Chegamos a Valfábrica às 16 horas. O medieval lugarejo tem cerca de 3.500 habitantes e está localizada na Umbria, região de Perugia.                                                              
É um centro tradicionalmente agrícola. Particularmente hoje em dia  possui a vocação residencial e predominam várias instalações de agroturismo.
                                                                  valfabbrica-01

De atrativo, predomina mesmo o antigo castelo medieval chamado "Pedicino". que conserva ainda a muralha antiga reestruturada em 1660. Está de pé ainda uma antiga torre, que originalmente era a porta de entrada do castelo.

Abaixo a Igreja de San Sebastiano com seu maravilhoso pórtico





                                                   

Uma segunda torre datada de 1100 assumiu o papel de torre campanária e no interior do castelo pode-se observar a Igreja de San sebastiano, edificada na idade medieval. Fora do castelo está a Chiesina della Madonna di Focce, desde 1634 a 1636
                                             
O Scenic deslizou pelas estreitas ruas da cidadela e nos deixou numa pracinha, bem perto do  Ostelo Francescano, um albergue com capacidade para 35 peregrinos e de propriedade de Anna Rita, simpática italiana, de largo sorriso e muita alegria.

                                      




Fomos direcionados para os respectivos aposentos, sendo o meu e de André, no andar superior, donde pude visualizar belo cenário, aproveitando os últimos raios de sol.

A cidade é muito pequena e seus habitantes têm seu sustento do turismo e fora dos muros um comercio pequeno está estabelecido.


Tomei um belo banho e aproveitei para lavar algumas peças de roupa. Lá fora uma mesa com um bancão estava à nossa espera para compartilhamento de um vinho, aguardando então a chegada dos demais colegas que haviam saído de Gubbio pela manhã. 

Chegaram às 17.40 h,cansados e reclamando do forte sol que, pelo que disseram, incomodou bastante, mas independentemente do cansaço, todos estavam felizes e realizados,

Os  colegas logo se instalaram e assim que terminaram o banho e a arrumação, nos dirigimos para a rua , de frente ao Ostelo,  para saborearmos aquele vinho, agora junto de um grupo de italianos, todos andarilhos como nós, muito alegres e conversados.

Pouco depois apareceu um rapaz, filho de brasileira com italiano, morador da cidade, que de muito boa vontade passou a falar dos detalhes, usos e costumes do local, mostrando-se disposto a nos mostrar o pouco de atração que a cidade possui. 
Ficamos mesmo bastante impressionados com o grau de conhecimento do rapaz em quase todos assuntos pertinentes. De muito boa vontade circulou conosco pelas ruelas da cidade.
                                                                     

Nesse breve circuito pudemos apreciar sobretudo a  beleza conservacionista do lugar, a limpeza das ruelas, o ajardinamento das  janelas, as variadas floreiras espalhadas pelas ruas, numa grande demonstração de bom gosto.


A Sra Anna Rita esteve sempre ocupada no preparo do jantar para esse bando de andarilhos e de fato não lhe foi possível nos dar muita atenção.

Mas nada pareceu afetar seu bom humor, e assim já escuro, nos dirigimos ao salão de jantar onde, de fato aconteceu uma bela confraternização ítalo-brasileira. O menu foi o trivial italiano, cercado por vinhos e o já famoso pão, sempre vindo juntos, o presunto e o queijo
                                                 
Dado o nivel de vinho ingerido por ambas as comunidades, o jantar mais parecia uma disputa harmoniosa entre os diversos cantores- José Antônio do nosso lado- num autentico repeteco do Festival de San Remo, versão 2015.Vejam abaixo.
                           

O jantar-cantante estendeu-se por umas boas duas horas, de modo a cimentar ali mesmo uma forte sensação de amizade. Os italianos se mostraram muito educados e Nicola Forte, um campeão, passou a se comunicar comigo pelo facebook, apresentando sempre assuntos interessantes da Itália.

Aquela foi uma noite tranquila, com sono reparador proporcionado pela ausência de dores lombares  e pelo colchão adequado. O caminho estava começando!

Um comentário:

  1. Gostei do "panini di porcheta"... Quero ler a partir do momento que você começou a andar!!!!!

    ResponderExcluir

Postagem em destaque

O Caminho de Assis- Itália

O Caminho de Assis, uma viagem pela Idade Média na Itália O homem medieval é o "homo viator ". Sua vida é um caminho percorri...