segunda-feira, 16 de junho de 2014

O Caminho de Aparecida- 9º dia de Itajubá a Wenceslau Bráz - 20 km

A gerente do Hotel Oriente escolheu para mim um quarto localizado( só fui descobrir depois) ao lado de um corredor lateral, de modo que mal havia clareado o dia, algumas pessoas no dito corredor,  começaram a falar em voz alta o suficiente para que eu acordasse. Embora contrariado, ví que estava mesmo na hora de pular fora da cama.
 
Minha mochila estava quase pronta, faltando apenas colocar as roupas que tinham sido lavadas na tarde anterior. 
Tomei uma ducha e me preparei para o café, que diga-se de passagem foi um dos dois melhores do caminho. Farto em porções e com produtos de primeira qualidade, o café forte e saboroso, como os verdadeiros arábicas do sul de Minas surpreendeu até mesmo os que estão mais acostumados.
Até uns potinhos de coalhada autentica apareceram( digo, para quem conhece com aquele sabor típico das frescas coalhadas da roça). O café da manhã compensou os eventuais contratempos.


Acertadas as contas , colocadas as mochilas no carro da Regina e agora na companhia dos GMQ's Zenon e Navarro, que vieram de São Paulo para mais um fim de semana de caminhada, tomamos o rumo do bairro Santo Antônio, trafegando pelas já meio agitadas ruas da cidade, sempre beirando o rio Sapucaí.Eram 7 horas, meio fora do nosso padrão, mas nos demos ao luxo de mais um pouco de calma na saída.
                                     Cruzamos uma feira de hortifrutigranjeiros bastante animada, onde um grande número de feirantes apresentava aos consumidores, uma variadíssima gama de produtos.  Comprei umas mexericas e fomos andando por aquelas ruas de paralelepípedos, sempre margeando  o rio.
Mais para o final da cidade cruzamos com as imponentes edificações do 4º Batalhão de Engenharia e Combate do Exército, como um posto avançado  no interior.





  " O 4° Batalhão de Engenharia de Combate (4°B E Cmb), ou Batalhão Pontoneiros da Mantiqueira é uma unidade do Exército Brasileiro, da categoria batalhão, divido em 3 companhias,as quais são: Cia de Combate; CCAP(Companhia de Comando e Apoio e CEP(Companhia de Engenharia de Pontes) e que se encontra instalado no município de Itajubá, Minas Gerais. O batalhão conta com centenas de militares oriundos de várias regiões do Brasil.
batalhão encontra-se em Itajubá desde 1921, e no mesmo quartel desde 1º de abril de 1925. Durante a 2ª Guerra Mundial , enviou contingente a Fernando de Noronha, para a defesa do ponto estratégico do litoralbrasileiro contra os alemães. Enviou 55 pracinhas para comporem a Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Itália. Em 9 de fevereiro de 1994 o batalhão recebeu a denominação histórica de “Batalhão Pontoneiros daMantiqueira”, devido ao exito que seus pracinhas obtiveram na edificação de pontes durante a campanha da FEB na Itália".
Um pouco mais à frente passamos pelas instalações  da IMBEL( Indústria de Material Bélico do Exército), cuja unidade foi inaugurada em 1934 com a denominação de Fábrica de Canos e Sabres para Armamento Portátil. Dispõe de um centro de desenvolvimento de engenharia Industrial totalmente informatizado, o que lhe garante o status de top de linha.
Produz os seguintes equipamentos:
           - Fuzil Mauser- o melhor fuzil de repetição até hoje concebido,
           -Pistola .45M911 A1BR1- derivada do projeto de maior sucesso em toda histórtia do armamento de porte- PROJETO COLT. Neste produto realizou-se a afirmação da engenharia de processo da fábrica de Itajubá. Aconfirmação do sucesso deste projeto está representada na contínua exportação de pistolas para a Sprigfield Inc. USA.
        - FAL- Fuzil Automático Leve, o de maior aceitação em todo mundo e que chegou a ser usado em mais de 90 países. Apenas aqui em Itajubá e na Belgica(FN) ainda se fabrica esse fuzil pelo sistema métrico.
Parecia que a rua não acabava nunca: de um lado o rio e do outro um grande morro e na lateral deste, uma infinidade de casas, simples e às vezes desproporcionadas em tamanho, tipos, outras mal arrumadas e uma infinidade de cachorros a aporrinhar com latidos enjoados.


Um ou outro morador dizia um bom dia com voz para dentro e mal dava para entender: apenas o "dia"!!           

Assim continuamos por três longas horas e meia, entre casas e ruas, até que chegamos ao Bairro Santo Antônio onde paramos para descanso e hidratação, numa bifurcação que, olhando para trás deparamos com a  bela capela existente no alto da colina! Linda, lá no alto, como que abençoando a população do diminuto distrito.



Dali paramos num coreto para fazer umas fotos e continuamos agora pelo asfalto em franca subida, até encontrarmos uma variante à esquerda, ao lado de uma estreita ponte que nos conduzia por uma trilha belíssima.
                                     
 Elson Poloni havia nos informado que o caminho à partir desse ponto, seria aquele de mais belo visual, o que na verdade se confirmou.
Verdejantes pastagens em belas propriedades rurais adornavam o cenário com a grande cadeia de montanha ao fundo.
                 
                                 




                            Começamos a subir uma íngreme trilha em meio ao pasto....... 


.....que finalizava em uma descida de suave inclinação até chegarmos ao Laticínio Santana, local dentro da propriedade do mesmo nome, que produz manteiga e queijos- compramos mussarella em trança- para deguste à noite. dali, Ao lado de grande número de vacas leiteira atravessarmos algumas casinhas do local, ganharmos o asfalto.
                     

Por cerca de oito quilômetros caminhamos no calor do asfalto, sempre apreciando a mata ao redor e borbulhante riacho de águas claras que descia da montanha, .........
  

....até chegamos, às 12.30h, á entrada da pequena Wenceslau Bráz, onde um nosso velho conhecido, o  Totem da Estrada Real, dava-nos as boas vindas.  
Do alto ainda avistamos as primeiras casas já percebendo a beleza e o charme do local, onde casas de boa qualidade estavam ao lado de pequenas outras , nem tanto aproveitáveis. 

Na entrada da cidade paramos para fotografar as flores e observar o esmero com que tratam da limpeza urbana.
A cidade de Wenceslau Bráz, cujo nome é uma homenagem ao ex presidente do Brasil Wenceslau Bráz( leia aqui informações sobre ele), está localizada na microrregião de Itajubá,  a 1005 m de altitude e possui uma população estimada em 2.600 habitantes.Limita-se a sudoeste com a cidade de Campos do Jordão-SP.
Adentrando a pequena cidade passamos por esta grande usina geradora que, alimentada por imensos tubos de água que descem da montanha, produz a energia elétrica suficiente para alimentar a indústria local. (Trata-se de represa de usina hidroelétrica pertencente ao Exército (IMBEL). Só pode ser visitada com autorização. O município tem potencial natural (cachoeiras, represas, pontes de ferro e outros atrativos), mas tudo pertence à IMBEL, sendo duas pequenas usinas hidroelétricas, os reservatórios, o terreno e tudo mais. IMBEL = Indústria de Material Bélico do Brasil.)
A cidadezinha tem um aspecto agradável e pacato, pois avistamos poucas pessoas pelo trajeto até chegarmos ao Hotel Castelinho Amarelo, simpática construção de estilo único, local de nosso pernoite.
O local é muito agradável e a simpática hospedeira já havia contratado o nosso almoço num pequeno restaurante antes da subida do hotel. Deixamos as mochilas no hotel e voltamos para o restaurante para tomar cerveja, enquanto esperávamos a chegada dos outros colegas retardatários. 

O tradicional jeitinho mineiro de receber foi evidenciado aqui neste pequeno restaurante, onde sua proprietária e filha não mediaram esforços para que fossemos bem atendidos. A simplicidade do espaço foi compensado pela simples porem saborosa comida, composta de um bem assado lombinho de porco com couve, ovo frito e o mineiríssimo angu. Evidente que tomamos uma autentica dose de aguardente para rebater o pó da viagem, como diz aquela musica sertaneja, "O Rei do Gado". Comemos com fartura e à vontade.


Voltamos ao Castelinho para o necessário banho e descanso. Os aposentos são poucos e simples, porem confortáveis. Eu Zenon e Sidão ficamos no sótão, contiguo a um espaçoso área.
Dali de cima tivemos uma excelente visão da pequena cidade.

     



 Ao cair da tarde, voltamos ao único supermercado local para comprar uns vinhos para o lanche da noite e  ali fiquei sabendo que  às 19 horas haveria uma missa e louvor à Nossa Senhora Aparecida, onde a imagem vinda da cidade de Aparecida seria cultuada.
                                               
Por volta das 18 horas começamos a sentir um frio típico da região, aumentado pelo vento que soprava da montanha. Para tal frio, antes de ir à Igreja, passei no restaurante e tomei uma canja da melhor qualidade, acompanhada daquele pãozinho francês.

Na Igreja eu e Mauricio assistimos à missa observando o fervor da população para com a imagem de N S Aparecida.
Voltamos ao Castelinho onde os colegas já estavam degustando um bom cabernet, acompanhado de pães e queijos.
Ficamos numa animada conversa até que o sono apareceu e fomos dormir, curtindo o verdadeiro frio, usando as roupas adequadas que trouxemos. Nos próximos dois dias teríamos aquele sonhado frio das montanhas,!!









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