segunda-feira, 16 de junho de 2014

O Caminho de Aparecida- Introdução e 1º dia. Alfenas ao Bairro Matão- 22 km

O Caminho de Aparecida surgiu de uma decisão de dois ou três amigos, em apresentar  uma alternativa aos ciclistas locais que usualmente se dirigiam de Alfenas-MG, à cidade de Aparecida-SP pelo asfalto.

Com o perigoso movimento de veículos, caminhões em particular, uma rota rural baseada em estradas exclusivamente de terra foi a solução encontrada, evidentemente após muita pesquisa e conversas com moradores das pequenas cidades e comunidades rurais ao longo do trajeto, que através de dicas detalhadas, foram ensinando o belo roteiro por locais antes impensáveis.

Assim decididos, eu e os amigos do grupo GMQ- Gente da Melhor Qualidade- alcunha que o caro Mauricio adotou para se referir aos integrantes como pessoas confiáveis e amigas, capazes de desfrutarem dos mesmos gostos e prazeres que uma boa caminhada pode proporcionar, decidimos conhecer essa nova rota rumo à cidade de Aparecida..
Dia 1º de maio foi o dia agendado para o encontro na cidade sul mineira de Alfenas com 
(aproximadamente 80 mil habitantes), cidade tradicionalmente agropastoril e grande produtora de café. Possui ainda um grande centro industrial, que é um dos maiores do sul de Minas, com industrias de médio e grande porte. Veja aqui informações sobre a cidade, cuja matriz é a da foto acima.

Assim eu e Mauricio saímos de BH às 06.30 h, chegando em Alfenas por volta de 13.30, depois do veículo fazer um périplo pelas  cidades de Nepomuceno, Coqueiral, Santana da Vargem, Boa Esperança, Campos Gerais até chegar ao destino.
Ficamos alojados no Hotel JS, casa com  boa infraestrutura de quartos e ótima localização. Pouco tempo depois chegaram os paulistas e as duas amigas que vieram de Unaí-MG, via São Paulo .

O nosso grupo neste ponto foi acrescido de três cascudos andarilhos de Goiás, que ao longo da jornada integraram-se perfeitamente ao nosso time.
São eles o Donizetti, o Felipe e o Celso. Os três de imediato foram denominados pelo Maurício Bigode como " os Federais", pois vestiam camisas idênticas, de cores vivas e postavam-se como Elliot Ness e os Intocáveis. Andam muito esses caras de camisas verdes berrantes da foto. 

A alegria do reencontro de amigos que não se viam há tempos, foi devidamente comemorada num bar da praça, onde ao sabor de gelada cerveja e excelentes petiscos, relembramos os caminhos anteriores,falamos das nossas famílias, amigos e da expectativa desse novo Caminho.

Um pouco antes passou pelo hotel o prezado Elson Poloni,um dos colaboradores da organização capitaneada por Rodrigo, o idealizador do caminho.
Com as apresentações de praxe, explicou-nos os detalhes dos diferentes trechos, os variados tipos de pousadas e suas respectivas particularidades, o trajeto, etc.  enfim ficamos devidamente atualizados.  Embalados por grande expectativa fomos dormir, esperando ansiosamente o início da jornada.
                                                  

1ºdia- de Alfenas ao Bairro Matão- 22 km


Logo ao despertar no dia 1º de maio- Dia do Trabalho- ficou evidente o agito da partida, ao percebermos  a pressa na arrumação das mochilas, tomarmos o café e evidentemente fazer a foto oficial do grupo, agora com todos  devidamente paramentados com as camisas que foram confeccionadas em SP pelo Zenon. O modelo contemplou o logotipo do grupo à altura do peito no lado esquerdo, encimado pelo nome da pessoa e nas costas uma referência à data do caminho com a distancia a ser percorrida.

                                   
Uma ocorrência desagradável atrasou nossa partida. O Mauricio esqueceu sua camera fotográfica( na rua, no momento de fazer a foto à saida do hotel).
                                
Depois de muito procurar fomos de carro até o Portal do Caminho para realizar a foto acima, enquanto o Maurício resolvera ficar para melhor procurar e apresentar um BO na delegacia e tentar de alguma forma salvar sua pele, pois a câmera continha fotos importantes de eventos anteriores e a patroa certamente iria dar-lhe uma tremenda  bronca, uma vez que a possante fora comprada em Las Vegas!!

Após essas fotos, Poloni conduziu-nos de caro até a saída da cidade, economizando uma hora pelo atraso sofrido na procura da câmera do Maurício e assim na fresca manhã começamos mais esse caminho pelo bairro.... percorrendo as ainda tranquilas  e silenciosas. Nossas mochilas tinham sido despachadas no carro do Navarro que, dirigido pela Regina, fez eficientíssimo apoio ao longo do caminho.

Eram 7.00h. Percorremos as arborizadas ruas com belas casas, passando defronte o Tênis Clube até o limite onde começava a estrada de terra rumo ao Matão. Deste ponto em diante observamos extensos cafezais, cultura essa que faz e fez a riqueza da região.
                              
Notamos o esmero e cuidados culturais das enormes lavouras muito bem cuidadas e lavradas, com espaçamentos simétricos, arbustos grandes e de folhas numa tonalidade verde escura, evidenciando perfeita adubação.
                                                            

                                         

O caminho nesse trecho apresentou-se tranquilo, sem subidas ou qualquer outra dificuldade, de modo que chegamos rapidamente ao Matão, bairro de Paraguaçu, onde ficamos hospedados na Pousada Albergue Peregrino, de propriedade da simpática Dª Duína e seu marido Fernando, que não mediram esforços para nos agradar. Sua hospitalidade e espontaneidade da forma como nos trataram merece esse registro.

O albergue está sendo preparado aos poucos, num evidente esforço do Rodrigo e demais colaboradores no sentido de dotar os peregrinos de um conforto adequado. Os homens se alojaram nesse albergue, localizado aos fundos do terreno .
Dotado de beliches e um banheiro anexo, a moradia requer ainda algumas arrumações para ser concluída, o que será implementado futuramente.
                                                                   Igrejinha no Matão
D.Duina preparou-nos um autentico almoço da típica cozinha mineira, avidamente saboreada pelos famintos andarilhos. Não faltou cerveja e a tradicional cachaça de Minas. Encerrado o almoço ficamos conversando entre nós, outros foram lavar uma roupa e os demais aproveitaram para tirar um cochilo.
Por volta de 19 horas fomos convidados a participar de uma reza do terço, seguido de uma procissão que levou a imagem de N.Sra Aparecida da capelinha até  a casa de um morador nas redondezas.
Devo dizer que foi uma experiência impar- participar da oração do terço numa singela capelinha- nas proximidades e depois, á pé e sob luz de lanternas, caminhar uns quantos minutos no escuro até a casa do dito morador, onde terminamos as orações e alguns cânticos característicos da ocasião. Tudo muito simples e admiravelmente autêntico.



Voltamos para o albergue onde nos aguardava um jantarzinho típico: frango ensopado com arroz, feijão, angu, batatas e uma salada verde. Nada mais regional para aguçar o sentido do mineiro que permanece em mim.
Muito bom. Fomos dormir lá pelas 22 horas. Todos ali naquele albergue simples, mas acolhedor. 



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